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Toni Lopes e sua invenção, o Bustonibug: até garagem o ônibus adaptado tem | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Toni Lopes e sua invenção, o Bustonibug: até garagem o ônibus adaptado tem| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Um ônibus que funciona como uma casa destaca-se na Avenida Atlântica de Matinhos. Estacionado em um terreno baldio emprestado por um milionário paulista, cujo contato é feito só por e-mail, o ônibus da família Lopes tem uma visão privilegiada a partir de uma tenda armada em cima do veículo. A mesma paisagem custa de R$ 280 a R$ 550 por dia para quem aluga um apartamento no local.

O responsável pela construção do veículo é Antônio Lopes, mais conhecido como Toni, 48 anos, dono de uma tornearia em Paiçandu, cidade de 37 mil habitantes na região de Maringá. Ao lado da esposa Miriam Siqueira Lopes, dois filhos, dois sobrinhos e dois amigos, eles agora moram por duas semanas no Bustonibug, o nome da invenção motorizada - mistura de bus (ônibus em inglês) com o apelido Toni e bug (o veículo leva também dois bugs também montados por Toni).

A casa dentro do veículo conta com duas cozinhas, uma dentro e outra que sai do ônibus, além de diversos eletrodomésticos, incluindo um computador. Para quem olha de fora, o motorhome destaca-se até por detalhes pequenos, como um chuveiro extra na lateral.

Para entrar no xodó da família, Miriam costuma pedir que as pessoas retirem os calçados, o que gerou um problema em uma visita àGuaíra, na fronteira com o Paraguai, no Noroeste do estado. "Alguns policiais vieram ver o ônibus e eu falei para a minha mulher pedir para eles tirarem as botas. Ela ficou 15 dias sem falar comigo por causa disso", relata o marido.

No segundo ano consecutivo com o ônibus no Litoral, Lopes relata que as várias modificações no veículo já custaram R$ 70 mil. Mas no ano passado a família fez a viagem de 540 quilômetros até Matinhos mesmo com o veículo ainda improvisado e carregando quatro pessoas a mais.

Este problema já foi resolvido neste ano com a garagem que fica dentro do ônibus, onde são guardados os dois bugs também construídos pelo empresário. "Basta tirar os veículos e colocar uma cama", relata.

Para conseguir encontrar um ônibus alto o suficiente para caber os dois miniveículos, Lopes demorou cinco anos e pagou R$ 30 mil. Na parte traseira há um elevador hidráulico, também construído pelo empresário, que faz com que um bug possa ficar sobre o outro. Só que para sair é necessário apelar para uma janela lateral.

Toni Lopes conta que cria de tudo em sua cidade. Um dos seus utensílios que mais faz sucesso é a cadeira-de-roda motorizada, que chega a 150 quilômetros por hora. "A única coisa que eu não consegui fazer foi um descascador de mandioca. Não é que nem laranja. Só daria certo se o interessado conseguisse produzir mandiocas no mesmo formato", explica.

Energia elétrica e águaNas viagens que faz com o Bustonibug, Lopes utiliza uma caixa de água de 600 litros e um gerador que, segundo ele, pode produzir energia para dez casas. Mas em Matinhos o inventor conseguiu fazer um acordo com o vizinho, a quem paga R$ 50 para ter luz e água nas duas semanas que ficará no local.

O responsável por isso é Gilmar da Silva, 53, artista plástico. Parceiro da família Lopes nas últimas temporadas, ele justifica a cobrança pela necessidade da renda, já que o seu stand é muito visitado, mas não gera lucro. "Nem todo mundo consome arte. O pessoal chega aqui, bate as fotos e vai embora. No final sobram as dívidas e os elogios", explica.

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