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Pesquisa leva em conta usuários de aplicativo. Para professor, números podem não ser precisos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Pesquisa leva em conta usuários de aplicativo. Para professor, números podem não ser precisos| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Seja de carro ou de ônibus, quem mora em Curitiba dificilmente consegue evitar desperdício de tempo entre casa e trabalho e vice-versa. Enquanto pesquisa recente mostrou que, de carro, o curitibano passa aproximadamente 20% a mais de tempo parado no trânsito nos horários de pico, novo estudo aponta que os usuários dos ônibus que circulam pela capital gastam 1 hora e 12 minutos (72 minutos) por dia se deslocando para o trabalho e voltando dele.

INFOGRÁFICO: Tempo de deslocamento em ônibus nas capitais

Apesar de parecer bastante, a média é a menor das dez cidades brasileiras analisadas pela empresa responsável pelo aplicativo Moovit, que usa informações de empresas e usuários para formar uma espécie de banco de dados do transporte público.

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O levantamento mostra que a pior situação não está em São Paulo, como muitos imaginam, mas em Brasília e em Recife. Nestas duas cidades os moradores gastam mais de uma hora e meia (96 minutos) por dia para ir e voltar do trabalho de ônibus. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, o tempo em viagem é de 93 e 95 minutos respectivamente.

Dados questionados

A boa colocação de Curitiba, contudo, traz algumas ressalvas. A principal delas diz respeito à amostragem e à metodologia utilizada pelo Moovit para realizar a pesquisa. Como a empresa não revela seu número de usuários, é impossível saber quantas pessoas usaram o transporte público em conjunto com o aplicativo durante o período de análise. E a falta desses dados pode distorcer todo o resultado, como explica o professor e pesquisador em Gestão Urbana da PUCPR, Carlos Hardt. “A amostragem tem que ser precisa para aquele público para garantir segurança nos resultados. Sem os dados, temos que ficar com um pé atrás”, diz.

Um sinal disso é que o próprio levantamento aponta que o curitibanos percorre, em média, 7 km de ônibus por viagem. Essa é a distância, por exemplo, que separa a praça Rui Barbosa dos terminais do Portão ou do Boa Vista — bairros considerados próximos do Centro. Já áreas um pouco mais afastadas, como Boqueirão e terminais da região metropolitana, de onde vêm boa parte dos usuários do transporte público, ultrapassam os 12 km. E, de acordo com o próprio Moovit, isso representa apenas 12% dos seus usuários na cidade.

Para Hardt, não há informações o suficiente para saber se o número analisado é significativo ou variado o bastante para ser levado em consideração. “O perfil dos respondentes pode ser de pessoas que usam o aplicativo em trechos mais curtos, que estejam no Centro ou sejam de uma classe econômica mais privilegiada”, pondera. “E pode ser que boa parte dos deslocamentos maiores sejam feitos por quem não usa o serviço”.

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Dessa forma, o professor acredita que os resultados servem muito mais para comparar a situação de Curitiba com a de outras cidades do que efetivamente retratar a realidade dos usuários do transporte. “Quando você apenas compara, os resultados são mais significativos. Em Brasília, as coisas são realmente mais longe, então faz sentido. Em São Paulo, as pessoas procuram morar mais perto do que precisam fazer e isso reflete no que o aplicativo mostrou”, explica do professor. “Apesar de termos caído nos últimos anos, ainda temos uma situação relativamente melhor que as outras grandes metrópoles brasileiras”.

Esperando e esperando

A pesquisa do Moovit mostrou ainda que Curitiba também é a cidade em que os passageiros passam menos tempo esperando o ônibus nos pontos, estações e terminais. Na capital paranaense, os usuários do aplicativo aguardaram, em média, 17 minutos para embarcar em um coletivo — praticamente a metade do tempo registrado na cidade mais problemática nesse ponto, que é Salvador. Na capital baiana, os usuários costumam esperar até 33 minutos para entrar no ônibus.

Em uma situação mais específica, os dados computados pela empresa mostraram que 33% dos curitibanos disseram ficaram parados mais de 20 minutos nas estações. Em Salvador, essa demora é comum para 70% dos passageiros.

Esse tempo, ainda por cima, não leva em conta o percurso até aos pontos dos coletivos. Em Curitiba, 19% dos usuários do aplicativo caminham mais de 1 quilômetro para chegar até alguma estação, ponto ou terminal. Mas, em média, a maioria dos curitibanos precisa caminhar 695 metros até as paradas dos coletivos.

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