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Wellington Menezes de Oliveira recarregou seu revólver calibre 38 pelo menos nove vezes enquanto atacava os estudantes da Escola Municipal Tasso da Silveira, na manhã de quinta-feira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com a Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, o atirador disparou pelo menos 66 tiros, que provocaram a morte de 12 jo­­vens e ferimentos em outros 12.

A tragédia, no entanto, poderia ter sido ainda pior. Ao ser atingido por disparo do sargento da Polícia Militar Márcio Alexandre Alves e, logo em seguida, cometer suicídio, Wellington ainda levava mais 23 projéteis na arma e nos speedloaders – equipamento utilizado para recarregar o revólver mais rapidamente. Além do 38, a polícia ainda apreendeu um revólver calibre 32, oito speedloaders, um canivete e um cinturão com 13 compartimentos para balas. A maior parte do equipamento estava manchada de sangue. De acordo com o delegado titular da Delegacia de Homicídios, Felipe Ettore, o assassino não falou nada para suas vítimas durante as execuções. "Segundo os professores, ele não falou nada. Só quando entrou na sala e disse que ia dar uma palestra. Começou a atirar aleatoriamente sem falar nada", afirmou.

Ettore ainda disse acreditar que o atirador não fez qualquer tipo de treinamento específico para usar os revólveres no massacre. "Não é preciso ter treinamento. O revólver 38 é uma arma de fácil manuseio, não requer treinamento especializado", explicou. A procedência das armas está sendo investigada pela Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae). O revólver 32 foi roubado de seu dono em um sítio, em 1994. O 38 está com a numeração raspada.

A polícia também descobriu ontem que Wellington ligava frequentemente para um mesmo número telefônico em Sepetiba, bairro onde morava há cerca de oito meses. O telefone era de um local que vendia quentinhas. A Delegacia de Homicídios deve solicitar a quebra de sigilo telefônico do atirador.

Distúrbio mental

Ainda segundo Ettore, os depoimentos de uma irmã adotiva e de dois sobrinhos demonstram que Wellington provocou o massacre por ser portador de algum distúrbio mental. Os parentes confirmaram que ele não tinha amigos e que nunca apresentou uma namorada.

O que parecia timidez exagerada até os 10 anos de idade tornou-se completa introspecção – de acordo com a polícia. Wellington parou de jogar bola com as crianças na rua e passou a odiar esportes coletivos. Sua irmã disse que ele passou a ficar distante e, após a morte dos pais adotivos, que eram muito protetores, o atirador afastou-se de vez dos demais parentes.

O delegado ainda relatou que o rapaz apresentava uma série de comportamentos considerados estranhos, como só usar calça comprida e camisa para dentro – mesmo quando estava em casa. "Isso ocorria desde que ele era muito novo, mostrando que ele tinha um comportamento com atos muito repetitivos", afirmou Ettore.

Até o início da tarde de ontem, o corpo de Wellington não havia passado por reconhecimento no Instituto Médico-Legal (IML). Os funcionários acreditam que os parentes do atirador estejam preferindo evitar encontrar os parentes das crianças que ele matou, daí a demora. Se o corpo não for reclamado em até 15 dias, ele será enterrado como indigente.

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