• Carregando...
Antes de a CPMF ser derrubada, em dezembro de 2007, curitibanos fizeram manifestação contra o imposto na Rua XV | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Antes de a CPMF ser derrubada, em dezembro de 2007, curitibanos fizeram manifestação contra o imposto na Rua XV| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Políticos

Congressistas paranaenses também discordam do imposto

A maioria dos deputados federais e senadores do Paraná também é contra o retorno da CPMF. Conforme a Gazeta do Povo noticiou há duas semanas, dos 33 congressistas, apenas seis disseram ser favoráveis à proposta. Cinco não revelaram seu posicionamento – querem antes debater com os respectivos partidos – e dois não haviam sido localizados.

Dos 20 parlamentares paranaenses contrários à volta do "imposto do cheque", cinco deputados haviam votado a manutenção da CPMF há três anos, quando ela foi derrubada pelo Senado. São eles: Assis do Couto (PT), Dilceu Sperafico (PP), Fernando Giacobo (PR), Osmar Serraglio (PMDB) e Ratinho Júnior (PSC). Entretanto, todos disseram que neste momento seriam contra, pois entendem que um novo imposto não é a melhor solução para melhorar a saúde públicabrasileira.

Dos seis favoráveis, quatro são deputados reeleitos e já votaram a favor do imposto: André Vargas (PT), Angelo Vanhoni (PT), Dr. Rosinha (PT) e Hermes Parcianello (PMDB). Os outros dois são Roberto Requião (PMDB) e Leopoldo Meyer (PSB) (ELG).

  • Confira os gráficos que mostram a quantidade de curitibanos contra a CPMF

Assunto que ganhou força após a vitória de Dilma Rousseff (PT) na eleição presidencial deste ano, a possibilidade de volta da CPMF – o chamado "imposto do cheque", que vigorou de 1997 a 2007 e foi criado para financiar investimentos na saúde pública – não foi bem recebida pelos curitibanos. De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesqui­­sas para a Gazeta do Povo, 60% dos habitantes da capital são contra a volta do im­­posto "em qualquer situação". Isso porque, para 71,53% dos entrevistados, a saúde pública não melhorou nos dez anos em que a CPMF foi cobrada. Se­­gundo a pesquisa, o governo teria de encontrar com urgência outra forma de investir no setor, uma vez que 97,48% das pessoas disseram que é preciso aplicar mais re­­cursos na saúde pública brasileira.

Questionada sobre o tema na primeira coletiva após vencer a disputa pela Presidência da Repú­­blica, Dilma não assumiu o ônus de propor a recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), mas deixou a porta aberta para negociar. Tanto ela quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que também participou da entrevista – jogaram nas costas dos governadores eleitos a responsabilidade sobre o novo imposto. "Não pretendo reenviar ao Congresso a recomposição da CPMF, mas isso será objeto de negociação com os governadores", afirmou a petista. "Eu tenho muita preocupação com a criação de impostos, preferia outros mecanismos. Mas eu tenho visto uma pressão dos go­­vernadores, não posso fingir que isso não existe", disse dois dias após ser eleita. De acordo com os cálculos do governo, a derrubada da CPMF em 2007 provocou uma perda anual de arrecadação em torno de R$ 40 bilhões.

Até agora, 14 dos 27 governadores eleitos já manifestaram publicamente ser a favor da volta da CPMF. Uma saída discutida pelo Congresso a fim de evitar que a cobrança do imposto seja re­­tomada é aprovar um projeto de lei legalizando os bingos, videobingos, e videoloterias no Brasil, para que a maior parte dos tributos arrecadados com esses jogos seja destinada à saúde.

Contra a CPMF

A movimentação da classe política pela recriação da CPMF, no entanto, não encontra respaldo entre os curitibanos. Apenas 10,63% disseram ser "inteiramente a favor" da medida, en­­quanto 25,05% concordam com a volta do imposto, "desde que a alíquota seja baixa" – a taxa era de 0,38% quando a contribuição foi extinta. Os números se ba­­seiam no fato de que apenas 15,86% dos entrevistados afirmaram que a saúde pública brasileira melhorou enquanto a CPMF foi cobrada.

Apesar de serem contrários à volta do imposto, 97,48% dos curitibanos entendem que o go­­verno tem de investir mais di­­nheiro na saúde. Isso porque 45,95% consideram a saúde pú­­blica no país ruim ou péssima.

Análise

Para o cientista político Mário Sérgio Lepre, da PUCPR, a pesquisa mostra que a população defende que há impostos demais sendo cobrados no Brasil, mas que isso não tem se refletido na qualidade dos serviços oferecidos pelo governo.

"O cidadão quer a melhora na saúde, mas não o aumento nos impostos. Ele não sabe como [isso deve ser feito], mas sabe que o governo precisa investir mais no setor", argumenta. "É como administrar uma casa. Se a pessoa quer viajar, mas não tem dinheiro, ela tem consciência de que, como a receita dificilmente vai aumentar, terá de diminuir seus gastos. Na cabeça da população, portanto, o go­­verno precisa mudar a administração pública e não aumentar os impostos."

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Interatividade

Como o governo deve levantar recursos para a saúde pública?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]