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| Foto: HENRY MILLEO / AGENCIA DE NOTICIAS

Em 2012, o então candidato a prefeito Gustavo Fruet (PDT), após deixar o PSDB, fez uma inusitada aliança com o PT para disputar as eleições municipais. À época, a tática funcionou. Quatro anos depois, a aliança sequer existe: em novembro, o PT anunciou que lançará candidato próprio, e entregou todos os seus cargos na prefeitura. Entretanto, essa aliança do passado pode assombrar o prefeito.

Na eleição passada, a presidente Dilma Rousseff (PT) tinha boas taxas de avaliação até mesmo em Curitiba, e a rejeição ao partido pela classe média local não teve um peso tão significativo. Hoje, o cenário é diferente: a possibilidade de Dilma ser afastada em um processo de impeachment é grande, e, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, 80% dos paranaenses apoiam seu afastamento. E a imagem do PT está mais desgastada do que nunca.

Por causa disso, mesmo que a aliança tenha sido rompida, a aliança de Fruet com o PT pode voltar aos holofotes. Essa deve ser uma das estratégias usadas pelos adversários do atual prefeito, especialmente os ligados a segmentos conservadores do eleitorado, para tentar desconstruir a sua imagem.

Para o cientista político Luiz Domingos Costa, do grupo Uninter, essa associação pode ter um “efeito residual” no eleitor de classe média, que, em Curitiba, rejeita fortemente o PT. Trata-se, justamente, do segmento do eleitorado no qual Fruet teve melhor desempenho nas eleições passadas.

Ele pondera, entretanto, que o efeito dessa vinculação depende muito do perfil dos adversários. Até o momento, na sua opinião, as candidaturas postas até o momento não devem se beneficiar com essa tática ao lidar com eleitorado de classe média.

Já Mário Sérgio Lepre, cientista político da PUC-PR, acredita que a vinculação pode fazer um “estrago razoável”. “O eleitor não gosta daquele indivíduo que muda de posicionamento”, afirma, lembrando que Fruet, antes de se aliar (e romper aliança) com o PT, era do PSDB. Além disso, o clima político, com o impeachment de Dilma se sobrepondo às eleições no debate público, pode favorecer o uso dessa tática.

Até mesmo Ricardo MacDonald, secretário de Governo e um dos principais conselheiros políticos do prefeito, admite que esse tema deve ser trazido à tona pela oposição, mas minimiza o impacto. “Não podendo falar [de Fruet] o que falam sobre os demais políticos, eles vão atacar tentando vincular o prefeito [ao PT e ao governo federal]”, afirma.

Ônus e Bônus

Se a rejeição da classe média ao PT foi um ônus já em 2012, o partido trouxe alguns bônus importantes. Primeiro, o tempo de TV – com uma aliança enxuta, ter um partido grande na coligação foi fundamental para que Fruet tivesse tempo para se expor ao eleitorado. Além disso, o PT possuía cabos eleitorais e dinheiro, o que ajudou o pedetista a enfrentar Luciano Ducci (PSB), candidato à reeleição com o apoio de nada menos do que 15 partidos.

Para Costa, esse bônus perdido com o fim da aliança deve ser compensado pelo “governismo atávico” de alguns partidos e, principalmente, de lideranças de bairros e vereadores – que podem servir como cabos eleitorais do prefeito independentemente do jogo partidário. Nesse quesito, para Costa, Fruet entra na corrida eleitoral de 2016 mais forte do que em 2012 – mas não tão forte a ponto de montar uma megacoligação, como Ducci.

MacDonald afirma que a saída do PT deve ser compensada por outros partidos, mas não especificou com quais o prefeito está conversando. “Ele é uma liderança tradicional na cidade. Na Câmara, sempre tivemos uma sólida maioria, temos uma boa relação com todos os partidos”, afirma.

Separação

A aliança entre PT e Fruet foi rompida em novembro de 2015. No mesmo final de semana, o PT anunciou que lançaria candidato próprio – o nome mais cotado é o de Tadeu Veneri – e o PDT anunciou que o prefeito se candidataria à reeleição.

Parte dos secretários filiados ao PT, incluindo a vice-prefeita e ex-secretária do Trabalho, Mirian Gonçalves, entregaram seus cargos; outros, como a secretária da Mulher, Roseli Isidoro, deixaram o partido. Na Câmara, dois dos três vereadores do PT, Jonny Stica e Pedro Paulo, se filiaram ao PDT.

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