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Otávio Marques de Azevedo prestou depoimento à CPI da Petrobras | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Otávio Marques de Azevedo prestou depoimento à CPI da Petrobras| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O ex-presidente da holding Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo afirmou em depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quinta-feira (28) que a propina era encarada dentro da empresa como “custo comercial” e era incluída no orçamento de cada uma das obras, como a remuneração variável dos executivos ou outros custos administrativos. Moro se surpreendeu e perguntou: “É tão natural assim?”

“O pessoal da construtora vê como um custo comercial qualquer. Vê como impacta o resultado e se impacta o bônus executivo”, disse Azevedo, que fechou acordo de delação premiada na Lava Jato e deu detalhes de como a construtora fechou acordo com o PT para destinar ao diretório nacional do partido 1% do valor de todas as obras comandadas por órgãos federais.

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Azevedo explicou que a propina se transformava “numa tragédia”, quando era pedida já com o trabalho em andamento, depois da formação de custo, já que teria de sair do custo da obra. “Se vão colocar um custo de propina, vai sair da parte deles”, explicou ao juiz.

O acordo com o PT vigorou de 2008 a 2014, e as obras feitas neste período pela construtora somaram cerca de R$ 2 bilhões. Segundo Azevedo, nem todo o valor destinado a campanhas do PT foram provenientes de propina. Também não foi recolhido o porcentual de 1% de todos os projetos, pois alguns foram considerados deficitários, e a construtora não pagou.

Ele calcula que a “verba vinculada”, como se referia aos pagamentos para o partido, somem R$ 40 milhões, incluindo cerca de R$ 30 milhões da Petrobras e R$ 10 milhões da usina hidrelétrica de Belo Monte. No total, a empresa contribuiu com o PT cerca de R$ 90 milhões no período.

Azevedo diz que 99% da propina foi paga para o partido, não para as campanhas eleitorais, que recebiam dinheiro de doação normal, como ocorria com os outros partidos. Ele explicou que, em 2014, o PT recebeu muito pouco do que ele chama de dinheiro “vinculado”, apenas “pagamentos residuais”, e, por isso, foi fortemente cobrado por Edinho Silva, o tesoureiro da campanha de reeleição de Dilma Rousseff, e Giles Azevedo, que foi secretário executivo do Gabinete Pessoal da presidente.

O executivo afirmou que os petistas chegaram a manifestar a intenção de receber doações de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões das grandes empresas, o que não condizia com a realidade. A Andrade Gutierrez, afirmou, tinha um limite de R$ 104 milhões a ser repartido entre candidatos e campanhas de todos os partidos, federal e para governos estaduais.

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