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Jovair só negou ser amigo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. | Luís Macedo/Agência Câmara
Jovair só negou ser amigo do bicheiro Carlinhos Cachoeira.| Foto: Luís Macedo/Agência Câmara

Relator do processo de impeachment, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), em seu sexto mandato consecutivo, é um político com muitos amigos em Goiás. Alguns têm biografia para lá de controversa. Jovair se aproximou na última década de três personagens investigados por crimes que vão de formação de quadrilha a homicídio, por exemplo. Com um deles, dono de cartório em Goiânia e suspeito de assassinar um cronista esportivo, o parlamentar compartilha o comando de um time de futebol, o Atlético Goianiense.

Nas próximas semanas, caberá a Jovair exercer sua função de maior evidência desde a chegada ao Legislativo: elaborar o relatório do pedido de impeachment de Dilma na comissão especial. Também neste caso está um outro amigo dele– o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que atuou para que assumisse o cargo.

Eu não nego amigo. Nunca neguei

Jovair Arantes (PTB-GO), relator da comissão especial do impeachment na Câmara

“Eu não nego amigo. Nunca neguei”, disse o deputado ao confirmar sua relação com Maurício Sampaio, em briga com a Justiça para se manter à frente do 1.º Tabelionato de Notas de Goiânia. Sampaio foi afastado do comando do cartório pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por uma série de irregularidades, como ter custeado despesas básicas do Atlético Goianiense. Na Câmara, Jovair foi um dos principais defensores da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Cartórios, que concede a cartorários o direito de permanecer na função sem concurso público. Sampaio ainda é réu por suspeita de ter orquestrado o assassinato do cronista esportivo Valério Luiz. “Ele é o presidente do meu clube, do clube do qual sou torcedor. Eu não sou dono do Atlético, sou conselheiro. A PEC não tem nada a ver com ele”, afirmou Jovair.

O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás já classificou um gerente-executivo do INSS no estado, condenado em primeira instância por suposto esquema de fraude no órgão, como “ponta de lança” do líder do PTB. José Aparecido da Silva chegou a ser preso pela Polícia Federal em 2010. Jovair pediu ao gerente que um indicado seu ocupasse uma chefia no interior do estado, conforme grampos telefônicos, e havia suspeita de que o parlamentar encaminhava beneficiários ao INSS. “Fui inocentado no STF e numa ação de improbidade na Justiça”, disse o deputado. Outro grampo mostrou Jovair pedindo doação de campanha ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ele, no entanto, nega ser amigo “desse rapaz”.

No governo da presidente Dilma, o líder do PTB na Câmara não se esqueceu dos amigos. Jovair controla a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e indicou todos os presidentes da Conab desde 2011. Domina também algumas diretorias, além de 20 cargos de assessoramento do órgão. O primeiro presidente indicado foi Evangevaldo Moreira dos Santos, que deixou o cargo em menos de um ano, acusado de envolvimento em irregularidades. Para o lugar dele, Jovair indicou Rubens Rodrigues dos Santos, o mais longevo presidente da Conab. Funcionário de carreira da Caixa Econômica, Rubens deixou a Conab no fim do ano passado e assumiu, após lobby de Jovair junto a Dilma, a vice-presidência de Operações Corporativas do banco. Para suceder Rubens, Jovair colocou outro amigo: Lineu Olímpio de Souza, que foi prefeito de Jaraguá (GO) pelo PTB. O atual diretor financeiro da Conab, Roberto Naves e Siqueira, também de Goiás, é outro indicado de Jovair.

Quando assumiu a relatoria do impeachment, Jovair pediu que todos os seus afilhados deixassem seus cargos no governo, mas logo mudou de ideia. Em meio a essa crise, dois dirigentes da Conab decidiram tirar férias e só retornam em 7 de abril: o presidente Lineu e o diretor de Gestão de Pessoas, Rogério Abdalla, indicado pelo vice-presidente da República, Michel Temer. “Não tenho cargos no governo. As indicações são de absoluta lavra da presidente. Ela nomeia e demite quando quiser”, garante.

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