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Luiz Antônio de Souza (no alto e no detalhe) foi o primeiro auditor preso pelo Gaeco em Londrina. | Paulo Pepeleascov/Divulgação
Luiz Antônio de Souza (no alto e no detalhe) foi o primeiro auditor preso pelo Gaeco em Londrina.| Foto: Paulo Pepeleascov/Divulgação

Parte da propina arrecadada em Londrina pelos auditores fiscais investigados na Operação Publicano, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), seria destina a Curitiba.

Luiz Antônio de Souza (no alto e no detalhe) foi o primeiro auditor preso pelo Gaeco em Londrina. Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Em entrevista à reportagem, o advogado Eduardo Duarte Ferreira, que defende o ex-inspetor regional de fiscalização Luiz Antônio de Souza, revelou que 10% do montante seria levado para a capital em malas ou amarrado ao corpo do transportador, em carros ou em aviões. Segundo o advogado, o próprio cliente admitiu ter feito esse serviço. Os destinatários seriam superiores hierárquicos dos auditores fiscais.

Souza está colaborando com as investigações há cerca de duas semanas, após firmar um acordo de delação premiada com o Gaeco.

O advogado Ferreira contou que, segundo seu cliente, o padrão de corrupção verificado em Londrina se repetia em outras delegacias da Receita Estadual em todo o Paraná. Ao lado de Londrina, Maringá e Curitiba seriam as delegacias com o maior volume de propina acumulado. As de Jacarezinho e de Guarapuava teriam uma movimentação mais fraca.

Divisão do bolo

Pessoas que ocuparam os cargos de delegado e de inspetor de fiscalização da Delegacia da Receita Estadual de Londrina ganhariam, em média, R$ 100 mil por mês em propina. Segundo o delator Luiz Antônio de Souza, o auditor que fazia a fiscalização ficava com 50% de todo o valor obtido; 40% seriam divididos entre o inspetor regional de fiscalização e o chefe da Delegacia Regional (20% para cada); e os 10% restantes iriam para Curitiba. O “bolo” inteiro chegaria a R$ 500 mil mensais ou R$ 6 milhões ao ano.

Fortuna de delator está estimada em pelo menos R$ 40 milhões

Aos 49 anos, o ex-inspetor regional de fiscalização e, atualmente, auditor fiscal da Receita Estadual Luiz Antônio de Souza nunca pareceu ter receio de se expor publicamente. Ele foi o primeiro a ser preso na avalanche de investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Londrina, depois de entrar com uma adolescente de 15 anos em um motel local.

Em junho do ano passado, por exemplo, Souza posou para fotos ao lado de um colega da Receita Estadual também preso pelo Gaeco, José Luiz Favoreto, durante uma degustação de vinhos em um restaurante chique da cidade.

O Gaeco estima que a fortuna em nome de Souza, de parentes dele e de laranjas ultrapasse R$ 40 milhões − na lista estão, por exemplo, dois apartamentos de alto padrão em Balneário Camboriú (SC), cada um avaliado em quase R$ 3,8 milhões. A mansão onde morava com a mulher na zona sul de Londrina foi avaliada em R$ 5 milhões. Na garagem, tinha uma BMW modelo “básico” (R$ 85 mil) e outros dois carros importados.

A mansão tem forma de cubo. A decoração leva a assinatura de arquitetos locais de renome. São 410 metros quadrados, com três suítes e uma piscina. Após o esquema da Receita ruir, a mansão foi bloqueada temporariamente pela Justiça. Depois de desbloqueada, foi disponibilizada para aluguel − ao valor de R$ 8 mil mensais.

Na vida de luxo de Souza, pouca coisa parecia ser fachada, como uma coleção de relógios Rolex e outras marcas caras. Segundo uma pessoa próxima ao auditor, não passavam de “réplicas”.

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