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 | Wenderson Araújo/Gazeta do Povo
| Foto: Wenderson Araújo/Gazeta do Povo

A vice-governadora Cida Borghetti (Pros) não apenas é candidata a assumir o Palácio Iguaçu em 2018, como já tem até plataforma de campanha: levar ao estado a experiência da gestão municipal de Maringá. Quem revela os planos é o marido dela, Ricardo Barros (PP), deputado federal que trabalha em diversas frentes para pavimentar a candidatura da esposa. Uma delas é viabilizar a antecipação dos contratos com as concessionárias de pedágio, que acabam em 2022, em troca de redução na tarifa e obras. “Esperamos que o governo [Richa], terminando bem, facilite a possibilidade de ela concorrer. Mas a nossa referência política é Maringá”, cita Barros.

O sr. tem feito críticas à gestão Richa e falou em “muitas decisões equivocadas”. Quais foram?

O Paraná tem o mérito de já ter aprovado seu ajuste fiscal. Então, isso quer dizer que nós temos a perspectiva de terminar bem o governo, com condições de fazer os investimentos que o Paraná precisa. Agora, a condução da votação do ajuste teve alguns equívocos, que todos conhecem, que provocaram um desgaste muito grande para o governador. Os erros são aqueles que toda imprensa já noticiou. O governador e o líder do governo na Assembleia [Luiz Cláudio Romanelli] escolheram mal os caminhos para alcançar o objetivo da votação. Mas está feito, está aprovado e o resultado final é bom.

O governo errou na negociação com os servidores?

Não. Acho que conduziu mal o processo legislativo. Encaminhou o projeto na data errada. Criou uma possibilidade de reação muito forte. Podia ter mandado o projeto numa segunda-feira para votar até quinta. Mas mandou na semana anterior à votação, o que permitiu uma grande mobilização. São erros que custaram grande desgaste.

Como o sr. se considera em relação ao governo Richa: um aliado, independente ou alguém que pode fazer oposição em determinados momentos?

Somos aliados porque escolhemos essa aliança e vamos participar do governo na medida em que formos chamados a opinar. A nossa condição de aliado decorre da iniciativa do governador em nos ouvir nas decisões tomadas.

Ele procura o sr.?

Nós temos procurado encontrá-lo e dar a nossa opinião sobre a condução dessas questões. Esperamos ser ouvidos.

A impressão que existe é que o sr., a vice-governadora e o secretário de Planejamento, Silvio Barros [irmão de Ricardo], têm buscado uma pauta própria dentro do governo, principalmente com a atração de recursos federais e investimentos da iniciativa privada. É isso ?

É o caminho que escolhemos para cooperar. O governo tem o seu orçamento e nós estamos buscando ações que permitam que a iniciativa privada invista muito no Paraná. Nosso objetivo é consolidar essas oportunidades, primeiro pelos investimentos que as concessionárias [de pedágio] possam fazer, por ampliação de prazo das concessões [que acabam em 2022]. O contrato com as concessionárias é ruim. A taxa de retorno de 19% ao ano é muito alta. Queremos o quanto antes reformular esse contrato para que ele possa se tornar bom para os paranaenses, com menos tarifa e mais investimentos.

O sr. tem convicção de que a saída é a antecipação da renovação dos contratos com as atuais concessionárias?

Eu estou convencido de que, se pudermos negociar com as concessionárias, numa corresponsabilidade com o governo federal, porque dependemos da delegação deles no caso das rodovias federais, isso necessariamente é bom para o Paraná. Se nós podemos antecipar obras e reduzir tarifas agora, porque devemos esperar mais sete anos? Vamos antecipar. Esse é o caminho e devemos fazer isso com absoluta transparência.

O governo do estado tem batido na tecla de que é possível separar a delegação da renovação das concessões.

É nisso que eu discordei do governador. Não vai acontecer dessa forma. A União nos dará a renovação da delegação se souber o que o governo do estado vai fazer com essa delegação. Não vai dar uma carta em branco para o estado.

O sr. vê semelhanças entre a crise da gestão Richa com a do governo Dilma?

Não. O problema do governo federal está em outro estágio. A presidente tem um problema de consolidação do governo de coalizão, que o governador não tem. Ele tem uma base segura, que participa do governo efetivamente. Cada secretário segue uma diretriz, mas tem a liberdade de aplicar o programa do seu partido na área em que atua. No governo federal não é assim. O PT quer que todos ajam dentro da sua mentalidade e detém a enorme maioria dos cargos. Evidentemente, o compromisso dos partidos que fazem parte da coalizão é bem menor. Os ministros não se sentem corresponsáveis pelo governo. É isso que fragiliza o governo Dilma.

Qual deles têm mais possibilidades de recuperar a popularidade?

O governador. Ele já fez o ajuste fiscal. Recuperando o governo, recupera sua imagem. Vejo no governo Dilma mais dificuldades para o ajuste fiscal e na relação com a base aliada.

De Brasília saem recursos para o Paraná?

Saem. Evidentemente que eu, como relator-geral do orçamento de 2016, privilegiarei o Paraná, que é minha obrigação e farei com prazer.

Hoje o sr. acha que a vice-governadora Cida Borghetti é a candidata natural à sucessão do governador?

Não acho que ela é a candidata natural. Mas ela, assumindo o governo [em caso de desincompatibilização de Richa para disputar o Senado, por exemplo], vai concorrer ao governo. Claro que isso vai depender de vários fatores. Mas é natural que ela, como vice-governadora, pleiteie o governo ao assumir a cadeira. Temos outras pretensões legítimas também que se apresentam no estado. Para nós, não tem problema, é democrático. Como é nosso estilo, ao acabar a eleição, se ganharmos, estaremos convidando todos para estar juntos. E se perdermos, estaremos juntos. Para nós, disputar eleição é disputar a oportunidade de servir a comunidade.

A candidatura da Cida só se viabiliza se o governo Richa for bem?

Nós estamos trabalhando muito para o governo ir bem. Por isso, trabalhamos em frentes que não dependem do caixa do estado. Esperamos que o governo, terminando bem, facilite a possibilidade de ela concorrer. Mas a nossa referência política é Maringá. Então, qual será o discurso da vice-governadora? Vamos fazer no Paraná o que fizemos em Maringá. É uma prefeitura extremamente organizada, com a melhor gestão fiscal do Paraná, com 22% de capacidade de investimento sobre a arrecadação. Somos primeiro no estado em quase tudo e segundo no que não dá para concorrer com a capital. A gente tem muita alegria de poder ter construído, junto com outros administradores competentes que a cidade teve, essa referência que é Maringá.

Se o governador optar, por exemplo, em tentar fazer um sucessor do PSDB, Cida pode ser candidata mesmo assim? Independe de uma decisão do grupo de Richa?

O governador, se deixar o cargo, será candidato. Evidentemente, será candidato na coligação da vice. Não vai ser candidato para ser contra quem está no governo. É natural que estejamos juntos no próximo pleito. Não vejo nenhuma dificuldade nisso. Acho que a aliança está bem formada. Temos outros pretendentes dentro do mesmo grupo político, mas não vejo nenhuma dificuldade de compor. Tem espaço para todos.

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