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Audiência de Barros com a comitiva do deputado Hiran Gonçalves (PP-RR) - o primeiro à direita do ministro. O encontro ocorreu em 16 de fevereiro deste ano | Erasmo Salomão/Ministério da Saúde
Audiência de Barros com a comitiva do deputado Hiran Gonçalves (PP-RR) - o primeiro à direita do ministro. O encontro ocorreu em 16 de fevereiro deste ano| Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde

A agenda oficial do ministro Ricardo Barros (PP), publicada diariamente no site do Ministério da Saúde, mostra que boa parte dos compromissos dele em seu gabinete é dedicada ao atendimento de parlamentares. Dos 105 dias em que cumpriu expediente em Brasília, Barros, que é deputado federal licenciado, recebeu deputados e senadores em 82 datas.

Alguns dias foram especialmente dedicados ao atendimento dos parlamentares. Em 21 de junho de 2016, por exemplo, 25 congressistas passaram por audiências no gabinete do ministro; revezando-se em intervalos de 15 minutos. As reuniões começaram no fim da tarde e estenderam-se até depois das 21 horas.

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Ao todo, a agenda de Barros aponta 493 encontros com parlamentares entre os dias 17 de maio de 2016 e 7 de fevereiro de 2017. O levantamento leva em conta apenas as audiências realizadas no gabinete do ministro e considera o deputado que solicitou a agenda – o dado publicado pelo ministério; desconsiderando eventuais pares que possam tê-lo acompanhado na reunião.

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Predominância do próprio partido na agenda

Apesar de apenas 9% dos membros do Congresso Nacional serem filiados ao PP, 27% da agenda do ministro da Saúde foi dedicada a audiências com parlamentares de sua própria legenda. Nenhum outro partido reuniu-se tanto com Ricardo Barros quanto o Partido Progressista.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que os atendimentos a parlamentares são feitos conforme a demanda dos deputados e senadores.

A resposta da pasta também apresentou números diferentes dos apurados pela Gazeta do Povo. Isso acontece porque no levantamento do ministério foi levado em conta a visita de congressistas que acompanharam colegas e também de parlamentares estaduais e municipais.

Segundo o Ministério, a “maior parcela de atendimento, 67%, de maio a dezembro, foi de outros partidos que não o PP”. Ou seja, 33% das reuniões foram com Progressistas.

Segundo a nota, as reuniões com parlamentares são fundamentais para discutir emendas ao orçamento. “É importante observar que, pela legislação atual, pelo menos 50% das emendas parlamentares devem ser aplicadas na saúde”, diz o texto.

Barros, o nome “notável” do PP para o ministério

Os números ilustram a fala do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que admitiu que a nomeação de Ricardo Barros para a Saúde teve o objetivo de garantir os votos da bancada parlamentar do PP e assegurar que o Executivo atingisse seu objetivo de compor uma base como 88% dos congressistas.

Segundo Padilha, a ideia inicial era indicar ao ministério um nome “que fosse distinguido em sua profissão em todo o Brasil”.

“Nós fomos conversar com o PP: ‘olha, o Ministério da Saúde é de vocês, mas nós gostaríamos de ter um ministro da Saúde notável’. Depois, eles mandaram o recado por mim: ‘diz para o presidente [Michel Temer] que o nosso notável é o deputado Ricardo Barros”, contou o ministro. Segundo ele, depois de o partido afirmar que a indicação garantiria a fidelidade do PP, o governo aceitou Barros como “notável”.

Questionado sobre o assunto, o ministro não se manifestou.

Colaborou: Cecília Tümler

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