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Rodrigo Maia: “Este ano vai ser um Deus nos acuda. Fornecedores vão diminuir muito seus custos. Vereador vai ter que usar muito papel e voluntário na rua. As campanhas serão menores”. | Foto: Romario de Souza Brito
Rodrigo Maia: “Este ano vai ser um Deus nos acuda. Fornecedores vão diminuir muito seus custos. Vereador vai ter que usar muito papel e voluntário na rua. As campanhas serão menores”.| Foto: Foto: Romario de Souza Brito

Os candidatos a prefeito e vereador nas eleições deste ano serão as cobaias de um novo modelo de financiamento – minguado sem as doações empresariais milionárias. O resultado é uma incógnita. A Operação Lava Jato e a mudança na legislação provocaram um terremoto nas práticas eleitorais, obrigando a classe política a redefinir a metodologia de arrecadação das campanhas. Até agora, os partidos não sabem o que fazer.

As eleições, marcadas para outubro, batem à porta e os preparativos ainda não começaram. Quem concorre neste ano estima que os gastos vão cair pela metade, já que só restam como fontes de receitas o Fundo Partidário e as doações de pessoas físicas, sem tradição no Brasil.

A crença entre os que têm experiência em campanha é que, como os partidos não se prepararam para a nova realidade, os recursos do Fundo Partidários serão suficientes para bancar apenas as campanhas maiores, dos candidatos a prefeito com chance de vitória nas capitais e grandes cidades. Nas campanhas para vereador, deverá prosperar o caixa dois.

Custos em queda

“Este ano vai ser um Deus nos acuda”, diz o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Fornecedores vão diminuir muito seus custos. Vereador vai ter que usar muito papel e voluntário na rua. As campanhas serão menores, o programa eleitoral muito menor e mais contingenciado. O custo deve cair muito, para menos da metade da última eleição municipal. Os candidatos terão que se adaptar.”

A nova situação tem deixado os políticos perplexos. O líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), admite que não sabe qual modelo de arrecadação deve ser adotado: “Não tenho hoje um modelo de arrecadação de campanhas fechado. Tenho absoluta convicção de que temos que reduzir os custos das campanhas e que não o poder público não pode bancar toda a campanha. Mas, pensar em doação de campanha empresarial, depois de tudo que veio à tona com a Lava Jato, é complicado”.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), também diz que o debate sobre financiamento empresarial de está em suspenso. “Acho que não teremos mais, no próximo semestre, o debate sobre o financiamento empresarial, por tudo o que está surgindo na Lava Jato. Mas vai acontecer uma reforma política por completa exaustão do atual modelo”, disse o tucano.

“As eleições ficarão muito mais baratas. A parte mais cara, o marketing, vai ser a que mais vai sofrer. A turma dessas áreas tinha o hábito de ganhar em dois meses o que ganhava em dois anos. Isso cairá à metade”, diz um candidato.

Gastos bilionários

Em 2014, nas eleições nacionais e estaduais, os gastos de campanha superaram R$ 5 bilhões, segundo a ONG Transparência Brasil. Enquanto isso, o Fundo Partidário, para ser repartido entre todas as legendas este ano, será de R$ 819 milhões. O valor é menor do que o de 2015 (R$ 867,5 milhões), mas quase três vezes maior do que o de 2014 (R$ 289,5 milhões). Esse dinheiro tem como finalidade a manutenção dos partidos – o uso nas campanhas seria com o que sobrar.

A reforma política foi aprovada na Câmara e está empacada no Senado, onde não há clima para votá-la em meio às revelações que põem sob suspeita doações nas últimas eleições. Sexta-feira, o presidente interino Michel Temer disse que quer incentivar a reforma política em “brevíssimo tempo”.

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