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Demóstenes Torrer fez discurso no plenário do Senado, nesta terça-feira, para se defender das acusações | Waldemir Barreto/Agência Senado
Demóstenes Torrer fez discurso no plenário do Senado, nesta terça-feira, para se defender das acusações| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Defesa pede voto a favor de Demóstenes no plenário

O advogado do senador Demóstentes Torres, Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), pediu aos membros da CCJ que votem em favor do parlamentar no plenário da Casa - que vai julgar em votação secreta a cassação do senador.

Demóstenes não compareceu à comissão para se defender das acusações de que usou o mandato para beneficiar o empresário Carlos Cachoeira. O senador pediu que o advogado fizesse sua defesa oral para os integrantes da CCJ.

"Ele quer falar junto ao plenário do dia da sua defesa, quer ser julgado pelos seus pares. Ele não quer que a defesa bata às portas do STF para não parecer que ele quer fugir desse debate."

Ao apelar para a emoção dos senadores, Kakay disse que os senadores estão "tratando da coisa mais séria da vida de um homem" que foi "massacrado" nos últimos três meses. "Não é só o mandato de uma pessoa que está em jogo. É a vida, a honra, de uma pessoa que tem eleitores a quem deve pedir desculpas por tudo o que está acontecendo, mas tem família, tem filhos", disse o advogado.

Kakay voltou a afirmar que houve "vazamentos seletivos" dos diálogos flagrados pela Polícia Federal para prejudicar Demóstenes. E pediu que os senadores, que se portam como "juízes" no caso, reflitam sobre o "massacre" imposto a Demóstenes.

"Vossas Excelências são as maiores testemunhas de defesa do senador. Como imputar a esse homem que trabalhou pelo jogo do bicho se nunca comentou com nenhum dos senadores, nunca pediu nada a nenhum dos senadores? Por isso, ele pediu que fosse julgado pelos seus atos, pelo que efetivamente fez."

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (4), por unanimidade (22 votos) o processo de cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO). Com a decisão, o processo segue para votação no plenário do Senado.

A comissão precisava considerá-lo legal para que os senadores analisem, em votação secreta no plenário, se Demóstenes deve perder o mandato.Relator na comissão, o senador Pedro Taques (PDT-MT) afirmou que não houve vícios de legalidade, constitucionalidade ou juridicidade que impeçam a tramitação do processo no Senado. Cabe à CCJ apenas julgar se há irregularidades no caso, sem entrar no mérito das denúncias que ligam Demóstenes ao empresário Carlos Cachoeira.

Em relatório de 28 páginas, Taques faz um resumo de toda a tramitação do processo de cassação de Demóstenes no Conselho de Ética do Senado, onde foi aprovado na semana passada.

Taques disse que não houve "máculas constitucionais" no processo, o que garante legalidade à aprovação do senador Humberto Costa (PT-PE) - que relatou o caso Demóstenes no Conselho de Ética. Segundo Taques, o colegiado também respeitou os princípios de ampla defesa para o ex-líder do DEM, mesmo depois que Demóstenes questionou no STF prazos e decisões tomadas pelo conselho.

O relator também afirma que Demóstenes foi "amplamente assistido" por advogado, teve acesso a todas às provas do processo e o direito a produzi-las dentro dos limites de investigação do conselho.

Taques diz, ainda, que houve correto enquadramento das denúncias contra Demóstenes como quebra de decoro parlamentar, uma vez que a Constituição prevê que deve ser cassado o senador que tiver procedimentos declarados "incompatíveis com o decoro".

Na discussão do relatório, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) disse que Demóstenes tem "duas personalidades" com a capacidade de "mentir, enganar e manipular" os seus pares. A senadora afirmou que o ex-líder do DEM faz um "teatro" para tentar convencer os senadores de que é inocente, mas sofre de uma "patologia mais complicada" do que alguém que tenta "enganar" os colegas.Foram as críticas mais duras a Demóstenes feitas por um dos senadores desde que as denúncias contra o parlamentares vieram à tona.

"Ele conseguiu com esse teatro alguma simpatia, não sei de votos. Mas o que houve foi uma manipulação tão séria, hábil, que mostra patologia muito mais complicada do que alguém que tentava enganar", afirmou a petista.

Relator do processo contra o senador no Conselho de Ética do Senado, Humberto Costa (PT-PE) disse que o ex-líder do DEM mentiu para os seus pares e deve perder o mandato. "Os fatos são total e absolutamente cristalinos de que houve quebra do decoro e conduta absolutamente incompatível com o mandato de um senador."

O senador Magno Malta (PR-ES) afirmou que os senadores não devem "tripudiar em cima" de Demóstenes uma vez que todos já foram vítimas de ataques contra suas honras. "Quantos na vida pública não viveram a mesma coisa enquanto nossa família chorava em casa? O julgamento é político, individual, com a consciência de cada um."

Defesa

O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse que, a pedido de Demóstenes, não vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o processo - embora considere que houve "falhas" durante sua tramitação no Senado.

O advogado pediu que os senadores levem em consideração, no momento do voto no plenário, que o Supremo pode considerar ilegais as escutas telefônicas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que flagrou conversas de Demóstenes com Cachoeira. "Imagina a cassação e, um mês depois, o Supremo liquida com esse inquérito, diz que as provas são ilegais. É correto julgar um senador da República baseado em prova ilegal?", questionou o advogado.

Votação secreta

Agora, a matéria será votada em plenário no dia 11 deste mês. Para cassar o mandato de Demóstenes são necessários 41 dos 81 votos dos senadores. A votação em plenário é feita de forma secreta.

Até a decisão final, o senador Demóstenes Torres promete fazer discursos de defesa na tribuna do plenário. No primeiro, na última segunda-feira (2), o parlamentar pediu desculpas a cada um de seus colegas. Ele também disse ser vítima de um processo de difamação causado pelo vazamento de conversas gravadas pela Polícia Federal durante as operações Vegas e Monte Carlo.

Demóstenes é acusado de relações estreitas com o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de operar um esquema de jogos ilegais e tráfico de influência que contava com a participação de políticos e empresários.

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