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O cerimonial de posse de Rafael Greca como prefeito de Curitiba neste domingo (1.º) não previu a presença do antecessor Gustavo Fruet em nenhum dos eventos – especialmente naquele que, em tese, seria o de transmissão do cargo. Entre folguedos folclóricos e o espoucar de gases de gengibirra, a peça principal da cerimônia no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem, será o discurso do novo prefeito.

A fala virá carregada da repetitiva retórica alegre e poética com que se refere à sua “amada Curitiba”, mas, segundo assessores do novo prefeito, conterá também críticas à administração de Fruet – apesar da ausência e da impossibilidade de defesa do ex-prefeito. Vai repetir o compromisso que assumiu na campanha de dar prioridade absoluta à saúde pública – setor que consumirá todas as suas energias nos primeiros 180 dias da gestão.

Neste sentido, começará bafejado pela sorte: os repasses do ministério da Saúde para pagar hospitais, remédios, procedimentos de alta e média complexidade e serviços de terceiros, que caíram nas contas da prefeitura no intervalo entre o Natal e o feriado bancário do dia 30, poderão ser liberados pelo novo prefeito. Ou seja, ainda que insuficiente para cobrir todas as despesas, a liberação já parecerá “obra” da administração de Greca. Promessa cumprida.

Nos próximos 180 dias – prazo que estipulou para si mesmo – o prefeito terá outras a cumprir e é bom que se anote:

• Reorganizar todos os 109 Postos de Saúde e as 9 unidades 24 horas, garantindo a oferta de medicamentos e insumos para o adequado atendimento à população;

• Reestruturar os programas de hipertensão, diabetes e atenção aos idosos com patologias crônicas;

• Reestruturar o Programa Mãe Curitibana;

• Implantar um novo modelo de agendamento de consultas nos Postos de Saúde – as pessoas não precisarão ir de madrugada para as filas para conseguir consultas;

• Transformar as UPAS em Unidades 24 horas, tirando de lá os pacientes graves;

• Os casos graves não irão mais para as UPAS; serão levados direto aos hospitais garantindo o atendimento adequado no tempo certo, no lugar certo e na hora certa.

Se nem tudo for possível fazer neste prazo, a resposta aos críticos será a mesma que Gustavo Fruet deu aos eleitores quando assumiu em 2012: finanças em frangalhos e dívidas desconhecidas não permitem fazer tudo. A desculpa será, no entanto, menos eficaz quando se lembra de outras afirmações de Greca, dentre as quais a de que seus aliados políticos – o governador Beto Richa e o ministro da Saúde, Ricardo Barros – suprirão o que faltar à prefeitura. Com isto, se poderá evitar que os hospitais precisem recorrer ao Ministério Público e à Justiça para receberem em dia os seus créditos – como aconteceu até mesmo na última semana de 2016.

A torcida, claro, é para que tudo dê certo, que Greca tenha sucesso – com uma ressalva: o povo não deve se sentir a partir de agora como tendo sido usado como massa de manobra durante a campanha e levado a acreditar que todas promessas estariam ao seu alcance. Nem mesmo os que acreditavam em tudo o que diziam.

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