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O próximo prefeito de Curitiba será conhecido neste domingo (30) logo depois das cinco da tarde. A partir deste momento começará a contagem regressiva para o processo de desmascaramento das promessas que, com sorriso nos lábios, os candidatos emprenharam nos ouvidos ingênuos da população.

Prometeram céus e terras. Irresponsavelmente, ora porque os compromissos de campanha não cabem no apertado orçamento da cidade, ora porque não cabem no tempo em que dizem que vão cumpri-los – aquela coisa de “já no primeiro dia”, “nos primeiros 90 dias”, “em seis meses”, etc...

Ou, então, porque são promessas vazias e/ou desnecessárias. Disto é exemplo a repetida afirmação de um candidato que prometeu “requalificar” os 109 “postinhos de saúde” da cidade, obra deixada pronta na atual gestão.

E isto de fazer e acontecer no transporte coletivo, de “inventar” aplicativos para marcar consultas, construir viadutos e trincheiras, asfaltar centenas de quilômetros de ruas? Podem ter certeza os eleitores que quase todas estas promessas esbarram em situações que eles, os candidatos, fingem desconhecer ou sabem que só vão cumprir parcialmente.

Quase tudo está amarrado ou no equilíbrio fiscal ou em contratos judicializados. Renovar a frota de ônibus é um exemplo: cerca de 300 ônibus estão com validade vencida (têm mais de dez anos), mas as empresas conseguiram na Justiça se livrar da obrigação de substituí-los por novos por não concordarem com o valor da tarifa técnica que recebem da Urbs. Pergunta-se: com um novo prefeito as empresas vão desistir da ação judicial e investir imediatamente R$ 300 milhões na reposição dos ônibus velhos? Haverá este milagre? Ou haverá aumento da passagem?

“No dia seguinte, vou reintegrar o transporte metropolitano”, dizem ambos os candidatos. Mantendo para todas as cidades o mesmo valor da tarifa mais baixa cobrada em Curitiba contra os R$ 4,50 cobrados pelas vizinhas? Vão recriar subsídios? Vão licitar as linhas metropolitanas?

E o que dizer do aplicativo para marcar consultas? Quem vai desenvolvê-lo? E de modo tal que este aplicativo “converse” com o banco de dados que o ICI detém para controlar todo o sistema de saúde? O candidato que prometeu sabe que, neste caso, terá de contratar novos serviços do ICI, que já vive às turras na Justiça contra a prefeitura (e vice-versa) em torno dos milhões envolvidos nos cabulosos contratos que mantêm?

Pergunta-se também: haverá no orçamento de Curitiba sobra de pelo menos R$ 2 bilhões para asfaltar sonhados 800 quilômetros de ruas em quatro anos? Sem prejuízo para a educação, para a saúde, a limpeza pública, para a ação social? E ainda contratar mais 400 guardas urbanos?

Dezenas de outros exemplos poderiam ser citados para mostrar a impossibilidade prática, legal e financeira para tantas promessas. Quando não se atacam mutuamente, os candidatos brincam com a ingenuidade popular, sabendo de antemão que não vão cumpri-las.

Os eleitores mais conscientes, infelizmente, pensam em votar nulo, branco ou se abster. Nenhuma das opções é o melhor remédio – mas todas exprimem rejeição. Rejeição que o eleito amargará já “nos primeiros 180 dias” quando o povo descobrir que comprou mercadorias que não lhe serão entregues.

Neutralidade

Não foi por falta de insistência de Rafael Greca e Ney Leprevost que o senador Alvaro Dias deixou de apoiar um deles e até de gravar programas eleitorais. A razão é apresentada pelo próprio senador do PV: “Eu tive uma votação histórica na última eleição para o Senado e tenho amigos e colaboradores de ambos os lados. Por isso, para não ofender ninguém, preferi a neutralidade”. Alvaro não participou de nenhuma campanha no Paraná, mas viajou muito para apoiar candidatos em outros estados.

Sumiço

Na sexta-feira (28), já nos estertores da campanha, surgiram suspeitas sobre o destino que tomaram obras de arte desaparecidas de dois museus de Curitiba fechados em 1995. São desenhos e óleos de Guido Viaro e De Bona, dois expoentes das artes plásticas do Paraná.

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