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Olho vivo

Gestão 1

A propósito de um artigo que, na semana passada, o governador Beto Richa conseguiu publicar no jornal Folha de S. Paulo, esta coluna teceu comentários que não agradaram assessores do Palácio Iguaçu. No artigo, Beto dizia que a administração da presidente Dilma Rousseff vinha sofrendo de um "apagão gerencial" já que não consegue tocar obras de infraestrutura com a rapidez e a eficiência desejáveis. No artigo, Richa sugeriu a Dilma que a solução para enfrentar o problema do baixo rendimento federal seria incrementar as parcerias da União com os estados – citando o Paraná como um lugar onde os investimentos logo se transformam em obras.

Gestão 2

Com o propósito de confirmar o acerto das observações do governador quanto à eficiência de sua administração, esta coluna, em pesquisa aleatória entre organismos federais com os quais o Paraná já mantém parcerias, encontrou dados reveladores na Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Descobriu que o organismo destinou no ano passado R$ 51 milhões para o estado implantar redes de esgoto em 10 pequenos municípios – e não 12, como erroneamente registrou a coluna.

Gestão 3

Os registros indicam que, apesar do tempo decorrido, nenhuma das dez obras foi iniciada. Estão todas em processo de licitação ou ainda a licitar. A nota oficial emitida pelo governo confirma a informação da coluna – embora justifique o atraso por razões burocráticas ou pelo fato de não terem, até agora, sido elaborados todos os projetos de engenharia para as pequenas redes. É que, ainda segundo a nota, é preciso, antes, licitar a contratação de escritórios de engenharia privados para fazer os projetos para só então se iniciar a parte física das obras.

Gestão 4

Engenheiros da Sanepar consultados pela coluna estranham a afirmação. De acordo com eles, os planos diretores dos municípios já contemplam pré-projetos das redes de esgoto e asseguram que o Departamento de Engenharia da Sanepar poderia concluí-los em prazos de algumas semanas, sem licitação. O que pode significar que – mais do que as parcerias sugeridas por Richa para romper a lentidão federal – há também problemas de gestão no governo paranaense a reclamar soluções.

O candidato do PDT à prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet, decidiu romper o mutismo diante das críticas dos adversários quanto à estranha aliança que firmou com o PT – logo o partido que dava sustentação ao governo quando ele, deputado federal ainda pelo PSDB, tanto criticou ao participar das CPIs que revelaram o esquema do mensalão. Em entrevista ao Jornal do Estado nesse fim de semana, Fruet, ao invés de mais se defender, mais partiu para o ataque.

"Quem não digeriu [a aliança com o PT] foram os políticos tradicionais. São coerentes, sempre estão com o governo, todos os governos", afirmou Fruet, complementando: "O que o prefeito [Luciano Ducci] fez quando houve a crise na Câmara de Vereadores? O Ratinho já era deputado quando houve a segunda etapa no julgamento. Ele participou da CPI? Ele foi no Conselho de Ética, no plenário, para tomar posição?"

Embora reconheça que muitos de seus eleitores tradicionais – classe média e escolarizada em sua maioria – não entenderam a aliança com o PT e reagem. "Para esse eleitor que rejeita é evidente que eu preciso explicar. Por que aconteceu isso? Houve um veto para que eu não assumisse a presidência do PSDB e esse veto foi feito pelo Derosso, avalisado pelo Derosso. Na época eu falei do silêncio constrangedor do presidente estadual do partido, que é o governador. Eu tinha duas opções: ou parava, ou rompia o isolamento e saía da encruzilhada. O pior cenário da política é ficar omisso."

Gustavo diz não entender a reação dos seus adversários: "Ela [a aliança] não foi bem digerida pelo Ratinho Jr. e pelo Luciano. O Ratinho pediu para o pai dele falar com o presidente Lula para evitar a aliança. E o Luciano foi pedir para o presidente do partido dele (PSB), governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que teve o apoio do governo para indicar a mãe dele para ministra do TCU, que agora tomou uma decisão que foi comemorada pelo Marcos Valério e mais uma vez o PSB não se manifesta."

Para Gustavo, a coligação com o PT é programática e não ideológica. "Eu acho que quem poderia rejeitar a aliança é o próprio PT pelos embates que ocorreram no Congresso. Mas em nenhum momento houve um embate de desqualificação pessoal. Não vou alimentar, estou mantendo toda a serenidade. Eu não sabia que eu tinha tamanha paciência para não me perder em um debate que é menor e é mera provocação."

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