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O empresário Donato Gulin, cuja família controla 70% do transporte coletivo de Curitiba, pediu à diretoria do Graciosa Country Club que expulse de seus quadros a sócia que, acidentalmente, fotagrafou-o à mesma mesa com o prefeito Rafael Greca (PMN) num dos movimentados restaurantes do clube. O encontro entre os dois homens públicos se deu dia 9 de fevereiro passado – apenas três dias após o prefeito ter decretado o mega-aumento das passagens de ônibus da capital, de R$ 3,70 para R$ 4,25.

O burburinho no bar não permitiria ouvir de que assuntos tratavam Greca e Gulin – mas esta coluna, na edição do dia 14, sob sua estrita responsabilidade, elaborou uma série de indagações, nenhuma acusatória, sobre temas que, eventualmente, poderiam ser de interesse mútuo da dupla que decide os destinos do transporte urbano curitibano.

A repercussão que o assunto ganhou incomodou Donato Gulin. Achou que sua intimidade tinha sido violada e que a “fotógrafa”, empenhada apenas em fazer selfies com as amigas, tinha propositalmente focalizado a mesa que dividia com o prefeito. Atitude estranha: se não pode ser fotografado, também não poderia ser visto por ninguém na companhia do prefeito? Por quê?

Para sustentar seu pedido ao Country para que expulse a sócia, Gulin se serviu de imagens das câmeras de segurança do próprio clube. Tanto as câmeras quanto os frequentadores munidos de celulares evidentemente são proibidos de registrar imagens na intimidade das saunas, por exemplo – mas num restaurante ao qual têm acesso inclusive não-sócios também não pode? As câmeras de segurança estão lá para impedir selfies – com as inevitáveis cenas paralelas em que aparecem circunstantes – ou para evitar que se desenrolem cenas imorais, atos de violência ou até mesmo para contribuir preventivamente para identificar invasores perigosos? O caso da foto acidental não se enquadra em nenhuma das hipóteses – salvo juízo contrário que o próprio Gulin faça a respeito de si próprio e que ninguém conhece.

O requerimento-denúncia de Donato dirigido ao presidente do Country, Glaucio Bley Filho, foi apresentado no último dia 2 – três meses depois do flagrante que o empresário considerou ofensivo. Isto é, ele conviveu com sua dor por mais de 90 dias, mas o clube deu apenas cinco dias para a sócia se defender, contados a partir da notificação que recebeu nesta terça-feira (16).

Dada a inusitada atitude de Gulin, a diretoria do Country sente-se agora numa saia justa. Vai passar a proibir selfies nos seus requintados ambientes? Proibirá o porte de celulares com câmeras? A presença de fotógrafos? Expulsará a sócia e enfrentará a repercussão negativa que inevitavelmente o fato ganhará?

Estratégia 1

Por que será que o advogado e professor de Direito Civil da UFPR Manoel Caetano passou a integrar a equipe de defesa do ex-presidente Lula, ao lado do até agora titular, o criminalista Cristiano Zanin? Embora não se desconheça os inegáveis predicados que Caetano reúne como jurista, há quem enxergue nesta novidade uma boa estratégia para constranger (ou até afastar) o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, de causas que envolvam Lula.

Estratégia 2

Fachin, como já fez em outra ocasião, se declarou impedido de julgar habeas corpus impetradado por Lula alegando que era amigo pessoal de um dos seus então advogados. Agora aparece Manoel Caetano na jogada. Como ele próprio declarou, é amigo de Fachin há 40 anos, militaram politicamente juntos desde os tempos acadêmicos e no magistério, além de terem sido colegas na Procuradoria-Geral do Estado. Parece ser um meio passo para a defesa tirar Lula das mãos do rígido Fachin.

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