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Esta quinta-feira, 29 de setembro, marca o fim oficial da campanha de 2016, de acordo com o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O grand finale do pleito curitibano acontecerá nos programas do horário gratuito de televisão à noite e no vale-tudo do debate que a RPC põe no ar logo depois da novela Velho Chico.

Estas serão as últimas oportunidades que os candidatos terão para atingir maciçamente o público. Depois disto, até o domingo das eleições, apenas contatos interpessoais diretos lhes são permitidos.

Encerra-se, assim, uma campanha bem diferente de todas as anteriores. Mais curta e com restrições antes inexistentes – como a proibição de financiamento por pessoas jurídicas e a moderada exibição de peças de propaganda em vias públicas –, os eleitores foram muito menos bombardeados pelos candidatos. Restaram a eles praticamente apenas os programas baratos do horário do TRE, as redes sociais, as sabatinas em veículos de comunicação e apresentações em plateias de públicos específicos. Rarearam as carreatas, passeatas, comícios...

Nem por isso se pode afirmar que os eleitores ficaram desprovidos de informações suficientes para definir seus votos. E talvez até de forma mais consciente e consistente, na medida em que o poder econômico foi fortemente contido. Mesmo porque boa parte dos tradicionais financiadores – grandes empreiteiros de obras públicas – estão presos preventivamente ou já cumprindo pena em Piraquara.

Graças a tantas restrições, os candidatos se obrigaram a mostrar com mais intensidade a própria “cara” e a submeter suas promessas ao crivo de eleitores provavelmente mais informados. Sem possibilidade de falar genericamente para as “massas”, obrigaram-se a selecionar públicos que acreditavam ser de formadores de opinião ou que fossem representativos de segmentos sociais mais numerosos e influentes.

Isto é, confrontaram-se diretamente com públicos menores e mais críticos, pouco dispostos a “engolir” o que lhes era dito. Foi por conta deste “jeito novo” e mais modesto de fazer campanha inaugurado em 2016 que algumas candidaturas ou desabaram ou não decolaram.

Neste sentido, a percepção geral é de que se enquadra na categoria do desabamento o inicial franco favoritismo de Rafael Greca (PMN). Não durou muito tempo, por exemplo, sua irrealizável promessa de asfaltar 3 mil quilômetros de ruas, assim como lhe foi impossível conter a repercussão negativa das denúncias de que estaria de posse de bens públicos históricos ou da declaração (tirada do contexto, é verdade) de que vomitou ao sentir o mau cheiro do pobre a quem deu carona certa vez.

Na categoria dos que não decolaram – pelo menos não na medida da expectativa natural para um candidato que já exerce o poder – se enquadra o prefeito Gustavo Fruet. Além de não ter cacarejado seus feitos durante a gestão, não teve tempos e modos para se desvencilhar das críticas à sua administração e reverter a sensação de que teria feito pouco por Curitiba. Chega ao final da campanha carregando dúvidas sobre a reeleição.

A escassez de recursos e de meios que a legislação eleitoral impôs acabou – ao que parece – por beneficiar os candidatos que menos se expuseram às críticas, que preferiram não “dividir bolas” com os adversários e que desfilaram discursos pouco sujeitos a polêmicas. Casos de Ney Leprevost (PSD), Maria Victoria (PP) e Requião Filho (PMDB), que puderam navegar quase incólumes ao longo da curta travessia.

Conclusão: as novas regras, de tão restritivas, podem ter sido um fator importante para que as escolhas sejam mais conscientes do que aquelas que, antes, eram mais influenciadas pela propaganda excessiva e pelo poder econômico. O eleitor é quem ganha.

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