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Olho vivo

Quem conta 1

O quadro está montado. Para efeitos práticos, só quatro candidaturas de fato contam nas eleições para prefeito de Curitiba – Gustavo Fruet (PDT), Ratinho Jr. (PSC), Luciano Ducci (PSB) e Rafael Greca (PMDB). As pesquisas até agora divulgadas indicam que há um equilíbrio de forças entre os três primeiros – mas a Greca deve estar reservado um lugar de proeminência durante a campanha. Com a experiência que traz de seu passado como prefeito e com a facilidade com que desenvolve sua retórica, aparecerá como um franco-atirador capaz de atingir indistintamente todos os adversários.

Quem conta 2

E embora ele repita à exaustão que vencerá o pleito já no primeiro turno – desafio de que os céticos duvidam em razão da elevada rejeição que ele herda do principal patrocinador de sua candidatura, o senador Roberto Requião – tudo ainda indica que o pleito só será decidido no segundo. Qualquer previsão sobre quem estará na disputa final está, neste momento, fadada ao total descrédito. Qualquer um dos três atuais primeiros colocados nas pesquisas autorizadas pelo TRE (Gustavo, Ducci e Ratinho) tem potencial para chegar lá e, aí, então, os dois que sobrarem poderão ter cacife para negociar seus apoios com os vencedores do primeiro turno.

Férias

Esta coluna tira breves férias. Voltará a ser publicada regularmente a partir da edição de domingo, 15 deste mês.

*Pesquisa Ibope registrada no TRE-PR sob o N.º 0001/2012 e realizada entre os dias 27 e 29 de março de 2012 com 812 entrevistados. Margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos.

O novato PSD, partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e por ele definido como uma agremiação que não seria nem de direita, nem de esquerda, nem de centro, acabou sendo o protagonista mais barulhento das definições finais em torno da disputa pela prefeitura de Curitiba. Premiado na véspera por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe reconheceu o direito a 2,5 minutos na propaganda eleitoral gratuita, o PSD passou a ser imediatamente cobiçado por três dos principais candidatos à prefeitura de Curitiba.

Além do tempo na televisão que o PSD teria a oferecer a qualquer deles, a cobiça maior, na verdade, atende pelo nome de Ney Leprevost – deputado estadual eleito pelo PP com a maior votação em Curitiba (60 mil votos em 2010), capaz de acrescentar prestígio e carrear votos a quem ele decidir apoiar.

O candidato do PSC, Ratinho Jr., esperou até o último minuto para conseguir coligar-se com o PSD e ter Leprevost como seu vice. Luciano Ducci, em jogada conjunta com o governador Beto Richa, ofereceu-lhe secretarias municipais e estaduais. Gustavo Fruet, do PDT, acenava-lhe com futuro político promissor, inclusive no plano federal, caso conseguisse sua adesão.

Leprevost resistiu a todas as tentações. Presidente do diretório municipal do PSD, não pôde demover o presidente do estadual, deputado Eduardo Sciarra, da intenção de entregar o partido à aliança com Ducci – mas conseguiu aprovar e registrar em ata uma decisão que esvazia grande parte da coligação com o PSB. A decisão foi no sentido de deixar os militantes da legenda livres para apoiar quem bem entendessem. Claro, isto inclui o próprio Leprevost – que continuou sendo o mais valorizado objeto de desejo dos mesmos três principais candidatos.

O deputado se nega a falar com a imprensa e não dá pistas de suas intenções. Sabe-se, porém, de sua insatisfação com o grupo liderado por Beto Richa, que o alijou da vice de Luciano e colocou Rubens Bueno (PPS) em seu lugar. Segundo fontes próximas a ambos, o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, e Leprevost teriam sido vítimas de um jogo de dissimulações de Beto Richa que, até a véspera, dava sinais de que o lugar de vice seria preenchido pelo PSD.

Com o conhecimento e beneplácito de Kassab, a reação veio no fim de semana durante a convenção do partido que liberou os filiados do PSD, apesar da resistência do deputado Eduardo Sciarra. Logo, é de se supor que, tendo garantido essa liberdade de escolha e tendo recusado as ofertas de cargos na prefeitura e no governo do estado, a Leprevost sobraram apenas as duas outras opções: apoiar Gustavo Fruet ou aderir a Ratinho Jr.

Essa decisão, segundo se depreende, não virá tão logo. Talvez Leprevost deixe a questão em suspenso por pelo menos ainda mais duas semanas, durante as quais procurará ouvir a opinião de suas bases e aferir com pesquisas que pretende encomendar para, enfim, escolher o caminho que deverá tomar diante da encruzilhada. De sua decisão vai depender o próprio futuro político e do seu grupo, um jogo que lhe será tanto melhor quanto maior o seu horizonte e menores forem os riscos que tiver de correr.

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