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O ex-governador Orlando Pessuti arrumou o que fazer nos próximos três meses: “Vou me dedicar a construir a derrota do Requião”, revelou ele ontem à coluna. “Acabei de sair de uma cirurgia para corrigir um descolamento da retina do olho esquerdo, mas nunca perdi a visão de futuro”, completou com uma revelação: “Se meu grupo não tirar de Requião o domínio do PMDB, vou aproveitar os três meses seguintes, de janeiro a março, para buscar um outro partido e me lançar candidato a prefeito de Curitiba”.

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Além das pretensões do ex-governador Orlando Pessuti de concorrer a prefeito de Curitiba – embora ainda lhe falte um partido que garanta tal possibilidade –, outras forças se arregimentam com o mesmo objetivo. O PT, por exemplo, parece acelerar seu afastamento da aliança com Gustavo Fruet para definir logo um candidato próprio – no caso, possivelmente, o deputado estadual Tadeu Veneri.

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O ex-prefeito Rafael Greca desfiliou-se do PMDB para disputar o cargo pelo minúsculo PMN. Na eleição de 2012, Greca foi decisivo para a vitória de Gustavo Fruet. Crítico mordaz nos programas eleitorais da administração de Luciano Ducci (que tentava a reeleição), deveu-se principalmente a ele o desgaste sofrido pelo ex-prefeito e que o deixou fora do segundo turno. Na disputa direta com o favorito Ratinho Jr., Fruet venceu com uma margem de 20 pontos porcentuais.

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Agora, o que se comenta é que o lançamento de Greca obedeceria à mesma lógica: ele teria sido “escalado” para fazer com Fruet o mesmo que fez com Ducci e, com isso, favorecer a candidatura de Requião Filho, ambição natural do pai, o senador Roberto Requião, mentor político de Greca desde os tempos em que este se afastou do grupo de Jaime Lerner, berço de sua carreira política.

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Dois outros postulantes também já se apresentam aos eleitores de Curitiba: o empresário do ramo educacional Wilson Picler, recém-filiado ao PEN, e o deputado Fernando Francischini (Solidariedade), o ex-secretário de Segurança que comandou a “operação camburão” para garantir a entrada dos deputados governistas na Assembleia e, semanas depois, o massacre do Centro Cívico.

O tiroteio não é novo. Vice-governador por sete anos, Pessuti completou os nove meses finais do mandato de Requião como governador, que renunciou para disputar o Senado. Foi o que bastou para que as relações entre ambos desandassem, sobretudo porque o antecessor o acusava de, em tão pouco tempo, ter “desmanchado” o que de bom havia sido feito pelo Paraná nos sete anos anteriores.

Depois, em 2014, a briga azedou quando Pessuti liderou um grupo de dissidentes para levar o PMDB a apoiar a reeleição de Beto Richa, do PSDB, e impedir que Requião se lançasse candidato. Os dissidentes perderam na convenção, que acabou por sacramentar o nome do senador para tentar o quarto mandato de governador. Mesmo sem o esperado apoio do PMDB, Richa ganhou já no primeiro turno.

De simples adversários políticos no âmbito interno do PMDB, Pessuti e Requião passaram a se tratar como inimigos pessoais. A batalha entre ambos se desdobra não só nas instâncias partidárias, mas também judiciais, onde correm processos de expulsão de Pessuti e deste visando à retomada da direção da sigla.

Na prática, apenas o diretório municipal de Curitiba permanece sob o comando pessutista, com o ex-deputado Reinhold Stephanes Jr. como seu presidente. Stephanes seria o candidato a prefeito – projeto, no entanto, que esbarra na provável dissolução do diretório municipal por decisão do estadual, manobra para viabilizar a candidatura do deputado Requião Filho.

A briga tem data para se tornar ainda mais aguda e explícita no próximo dia 31 de outubro, dia da convenção estadual peemedebista. Pessuti trabalha para arregimentar delegados para derrotar Requião, seja ele próprio o candidato à presidência ou seu sobrinho, o deputado federal João Arruda. Ainda que essa batalha seja perdida, resta a Pessuti aguardar até dezembro decisões superiores, incluindo as judiciais, que favoreçam a retomada do poder pelo seu grupo.

Se tudo der errado, de janeiro a março de 2016 deverá se desenrolar o plano B: Pessuti procuraria outra legenda que lhe garantisse a vaga de candidato a prefeito. Entre as cogitações está o PSDB de Richa, que até já teria emitido sinais positivos nesta direção.

Depois disso só faltará combinar com o povo.

Em tempo: Requião já teria capitulado da intenção de presidir o PMDB para apoiar o sobrinho João Arruda.

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