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Se você é ainda menina-moça – ou mesmo que, ao contrário, seja um distinto e provecto cavalheiro – já leu ou deve ter ouvido as estórias de Poliana. Poliana é personagem de um obra da literatura universal, que a norte-americana Eleanor Porter escreveu em 1913. Conta a história de uma garota que vê tudo “cor de rosa”, sem maldades, sempre acreditando no melhor das pessoas e da vida, sendo incapaz de fazer algum mal a alguém. Ela é toda amor e bondade.

O preço da guerra 1

Nunca antes se imaginou que o Paraná estivesse tão bem preparado para uma guerra de verdade. Mas agora vem a confirmação de que nossas forças policiais – para as quais de vez em quando falta gasolina ou oficina para mover viaturas – são mais poderosas do que se pensava. Por meio de um ofício assinado pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Tortato, como resposta ao Ministério Público de Contas, os paranaenses tomam conhecimento do nosso poderio de fogo.

O preço da guerra 2

O ofício contabiliza os gastos em dinheiro, o contingente de militares e o arsenal utilizado na operação do dia 29 de abril – a Batalha do Centro Cívico (não confundir com a Batalha de Itararé, que não houve). Ficou-se sabendo que o custo foi de quase R$ 1 milhão; que foram empregados 2.516 policiais (855 trazidos do interior); e que a PM tinha 3.761 munições à disposição (balas de borracha, bombas e sprays de pimenta). A carga levada ao teatro da guerra dava para disparar 20 balas e 11 bombas por minuto.

O preço da guerra 3

A partir do ofício da PM, é possível saber que cada manifestante custou aos cofres públicos R$ 47,00. Se o cálculo levar em conta apenas o número de feridos (213), o custo por vítima sobe para
R$ 4.430,00 – valor equivalente a um auxílio-moradia pago a juízes, promotores e conselheiros. Parte do prejuízo pode ser recuperado: policiais que não comeram tudo o que podiam terão de devolver parte de suas diárias. O governo também pediu à Justiça o confisco de R$ 1,2 milhão das contas da APP-Sindicato, condenado a pagar multa de R$ 40 mil por dia de greve contada até sexta-feira.

Adeus Metrô

Adeus ao metrô curitibano. A tradicional boate da Alameda Cabral que leva esse nome acaba de fechar as portas.

Não se sabe exatamente quem escreveu o discurso que Beto Richa leu ao final da reunião do secretariado na última quinta-feira, mas a intenção do autor parece ter sido acordá-lo da “Síndrome de Poliana” dando-lhe um choque de realidade. Bem escrito (dizem que de autoria de um marqueteiro de nome Adriano Gehler, com passagens em campanhas goianas, baianas e alagoanas), o texto contém preciosidades típicas da boa-fé que até então Richa praticava.

Por exemplo: como Poliana, tudo o que o governador fez no Paraná no primeiro mandato e que resultou no desmanche das finanças públicas estaduais se deveu à inabalável crença que depositava em Dilma Roussef e nos bons números que ela propagava. Vejam só estes trechos do discurso:

• “Fomos traídos em nossa confiança, acreditando que os dados oficiais servissem para revelar a verdade de um país promissor e não para ocultar contas públicas maquiadas.”

• “Nós aqui no Paraná, acreditamos. Acreditamos que a contabilidade nacional não era uma peça de marketing, mas expressão da realidade.”

• “Com base nisso, fixamos metas, definimos prioridades, fizemos projeções.”

É lindo de ver tanta candura, com a qual ninguém deve se surpreender, apesar de ter perdurado por tanto tempo. Felizmente, o Paraná acordou, como demonstram outros trechos:

• “Nos iludiram. E tivemos que agir rápido. Não ficamos de braços cruza|dos. Fizemos o dever de casa. Tivemos que tomar decisões difíceis.”

• “Adequamos, com muito sacrifício, a realidade do Paraná à perspectiva de um Brasil que enfrenta agora a combinação perversa de juros altos, inflação fora de controle e desemprego em marcha. É hora de reagir.”

Ainda bem. Ultrapassados aqueles tempos movidos a fé e esperança, o governador pôde anunciar ao secretariado e ao povo em geral ter tomado medidas duras de ajuste para o Paraná acelerar “enquanto o Brasil recua”.

Informou ele que as medidas enviadas para a Assembleia foram aprovadas e que ações para cortar gastos e economizar foram adotadas. Os pagamentos atrasados dos fornecedores estão sendo colocados em dia. As obras de infraestrutura estão sendo retomadas.

Terminada a reunião, quatro secretários – que nunca leram Poliana – filosofavam no elevador do Palácio sobre outro tema: dissonância cognitiva, síndrome que a psicologia define como a contradição entre crença e realidade.

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