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Diz o velho ditado: pra baixo, todo santo ajuda! Aquela generalizada intuição de que o prestígio do governador Beto Richa vinha despencando na ladeira acaba de tomar contornos reais graças ao Instituto Paraná Pesquisas que, em parceria com esta Gazeta, aferiu os dados. De dezembro de 2014 a fevereiro de 2015 – isto é, em apenas dois meses – o índice de aprovação do governo caiu de 65,4% para pífios 19,9%. Em sentido oposto, os que classificavam a administração como ruim ou péssima somavam 29,1% em dezembro, ao passo que agora eles representam 76,1%. Se cair é fácil – basta que se cometam erros sucessivos e persistentes e se revele que eles vinham ocorrendo já desde a gestão passada – difícil agora é subir. As perspectivas não favorecem o governador: não há no horizonte fatores positivos que permitam reverter em curto ou médio prazo os maus índices. Não há marqueteiro capaz, nem mesmo o competente profissional já contratado para gerir a crise, que seja capaz de, apenas com discurso e propaganda, produzir o efeito reverso. Faltar-lhe-ão, para alimentar a retórica, posturas e conteúdos que justifiquem mudanças sensíveis na percepção do público. Os 76% de desaprovação coincidem com praticamente a mesma taxa de público que tomou conhecimento do pacotaço de aumento de impostos baixado no fim do ano passado. E, embora a sondagem não tenha medido o peso das greves e manifestações de fevereiro, não há razões para se duvidar que a impopularidade se deva também a elas, já que a pesquisa foi feita duas semanas após o auge dos protestos no Centro Cívico.

A enrascada em que caiu o governador Beto Richa é considerável. Ele tem a obrigação de, nos próximos meses, acertar a bússola descontrolada que, nos quatro anos anteriores, levou o estado a perder o rumo de suas finanças. Para tanto, teria (em tese) de adotar mais medidas impopulares para rechear os cofres, pagar dívidas e assegurar a sustentabilidade do saneamento. Mas ele teria, por exemplo, condições de insistir na quebra da Paranaprevidência, se isso fatalmente vai lhe representar ainda maior desgaste político?

Há providências de ordem política que, certamente, precisará adotar. Mudanças no secretariado, por exemplo. A pesquisa mostrou que uma das causas do desgaste se concentra na atuação da Secretaria de Segurança, aprovada por apenas 16% dos entrevistados (índice abaixo da média do governo). Situação quase tão ruim quanto a da Educação, reprovada por 72,5%. Não é improvável, portanto, que Richa queira mexer nessas duas áreas. Talvez agora consiga emplacar como novo secretário da Segurança o delegado da Polícia Federal José Alberto Iegas, que anunciou mas não conseguiu nomear no ano passado em razão de um veto do ministro da Justiça. Para a Educação, o Palácio Iguaçu especula até na volta ao posto do ex-secretário Flávio Arns.

Com certeza, a eventual troca de secretários passará pela análise de um dado altamente preocupante para Beto Richa, que precisa recuperar o capital eleitoral que se esvaiu. A Paraná Pesquisas fez a pergunta fatal: “Caso as eleições para Governador do Estado do Paraná fossem hoje, o Sr(a) votaria no Governador Beto Richa?” A resposta foi: dos que votaram nele em 2014, 57,7% se dizem arrependidos e não votariam de novo. Isto é, se a eleição fosse hoje, Richa teria bem menos da metade dos votos que o reelegeram.

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