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A crise do Estado brasileiro – esse gigante engessado pela sua própria natureza – não vai se resolver com a mera redução de oito ministérios. Tampouco as dificuldades na prestação de serviços públicos pela União, pelo governo do Paraná e pela capital do estado vão ser solucionadas apenas com mais investimentos. Só há um caminho possível para a melhoria da burocracia estatal e da prestação de serviços púbicos – desenvolver inovações tecnológicas que revolucionem a gestão, reduzam a burocracia e engajem a comunidade.

Laboratório Hacker 1

Não tenham dúvidas. O Laboratório Hacker da Assembleia do Paraná e o LabHacker da Câmara Municipal de Curitiba vão ser criados. Pode ser uma questão de anos ou meses. O que vai definir a velocidade de instalação será a postura da sociedade. Se a apatia persistir, como vem persistindo em relação ao Legislativo desde que arrefeceu o “Movimento Paraná que Queremos”, certamente serão anos. Mas, se a comunidade curitibana e a comunidade paranaense se envolverem nessa proposta, em questão de alguns poucos meses eles serão fundados.

Laboratório Hacker 2

Do ponto de vista tacanho de políticos tradicionais, o LabHacker é um mau negócio. Eles pensam que “transparência tem limites” e que “é um absurdo ter o povo na Casa do... Povo”. Acreditam que participação política do cidadão reduz o poder que possuem de convencer as bases de que eles são os únicos canais de diálogo possível com a burocracia do Poder Executivo. Essa é a postura daqueles que vivem de favores do Executivo para se garantir nas eleições. Desses políticos a sociedade não precisa.

Laboratório Hacker 3

Mas do ponto de vista daqueles que acreditam numa nova política, o LabHacker é a solução ideal. Democratiza o acesso da população. Estimula a participação no processo de decisão política. Aproxima as pessoas da burocracia estatal. É preciso uma aliança de toda a sociedade que acredita nessa nova política para mudar os parlamentos. Nesse desafio vale a pena se envolver.

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Se no Brasil isso parece coisa de ficção científica é porque a mentalidade do político e do burocrata brasileiro, com algumas exceções, resiste a modernizar a administração pública. Fica bonito falar na campanha eleitoral, mas ser um realizador da mudança é coisa para gente com vocação de estadista. O melhor exemplo de político comprometido com a missão de elevar o patamar de eficiência da burocracia estatal é o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Discretamente, Obama vai recrutando talentos do Vale do Silício para a startup secreta dos Estados Unidos, que pretende refazer os sistemas digitais do governo e revolucionar a gestão pública norte-americana. A informação foi publicada na HSM Management de setembro-outubro. Segundo a reportagem, Obama não quer repetir o erro que teve na construção do site healthcare.gov, o braço digital do programa de saúde conhecido como Obamacare, que envolveu 55 empresas terceirizadas, ao custo de U$ 800 milhões, mas que acabou entrando em colapso.

À revista de tecnologia Fast Company, Obama admitiu ter cometido um grave erro ao achar que poderia construir algo completamente novo usando métodos tradicionais. Ele entendeu que quando se trata de tecnologia da informação, estão em jogo processos criativos e modelos mentais bastante diferentes da abordagem usada em outras aquisições públicas, como a compra de lápis ou cadernos. Essa nova abordagem para a inovação da gestão pública não significa, entretanto, abandonar a burocracia tradicional para colocar um time de inovadores de primeira linha com a missão de deflagrar uma revolução. Significa fazer inovadores e burocratas tradicionais trabalharem lado a lado para conseguirem facilitar a vida de milhões de pessoas.

Como se vê, não se trata de um deslumbramento com as novas tecnologias de redes sociais, big data (análise de dados em massa), aplicativos para celular. O importante é unir competências para desenvolver soluções baratas, eficientes, úteis de fácil uso pelos cidadãos, que, felizmente, vão sendo rapidamente incluídos no mundo digital.

O mais singelo dessa história é que o modelo de Obama pode ser replicado com talentos locais. Não falta inteligência na sociedade. A carência é de vontade política.

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