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Em depoimento a Polícia Federal, a cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, Marice Corrêa de Lima, disse que recebeu, em 2011, R$ 200 mil do partido a titulo de “danos morais” pelo envolvimento do seu nome no mensalão. O acordo Através de sua assessoria o PT diz “não ter informação sobre a suposta operação”. O dinheiro foi usado na compra de apartamento investigado na Operação Lava Jato. Aos investigadores, ela negou ter recebido R$ 400 mil de propina do doleiro Alberto Youssef e afirmou ter ido ao Panamá em um congresso sindical. O Ministério Público Federal pediu a conversão da prisão temporária dela em preventiva. Presa desde a última sexta-feira, a cunhada de Vaccari é acusada de lavar dinheiro desviado da Petrobras.

MPF pede a preventiva da cunhada de Vaccari

Marice Corrêa de Lima está presa temporariamente desde sexta-feira (17) na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Ministério Público pediu conversão da prisão

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Marice revelou que recebeu, entre março e novembro, R$ 200 mil do ex-deputado do PT e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, a titulo de indenização por danos morais. Segundo disse à PF, a ofensa que motivou o pagamento seria atribuída ao Partido dos Trabalhadores, “face a divulgação do seu nome em associação ao caso do mensalão, especificamente ligado a um pagamento da Coteminas”. Em 2005, ela foi citada como suspeita de entregar R$ 1 milhão de “recursos não contabilizados do PT para a Coteminas”, do então vice-presidente da República, José Alencar. No período da indenização, Vaccari já cuidava das finanças do partido

De acordo com Marice, após o mensalão, houve uma negociação com o PT “por algum tempo”, “a qual culminou com o reconhecimento do direito da declarante em ser indenizada”. Ela informou que há um contrato dessa negociação com o PT e “que todos os pagamentos foram feitos mediante cheques da agremiação partidária e depositados em sua conta corrente”. Ela prometeu aos policiais federais que iria obter cópia desse contrato a fim de apresentá-lo à Justiça.

O dinheiro, segundo Marice, foi usado para comprar um apartamento em construção da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) em 2011. Esse apartamento foi vendido, posteriormente, para a OAS, que lhe pagou numa única parcela o valor de R$ 432 mil. O MPF suspeita que esse recurso teria sido a título de propina.

Ela disse ainda que utilizou parte desse dinheiro, cerca de R$ 300 mil, para emprestar para sua sobrinha Nayara de Lima Vaccari, filha de Vaccari. Segundo ela, a sobrinha vai lhe devolver o dinheiro este ano. Marice disse aos policiais que, em 2013, financiou junto à Maxcasa um imóvel em construção com previsão de entrega para este ano e que está avaliado em R$ 500 mil, segundo que “pretende pagá-lo com seus rendimentos e com a devolução do empréstimo concedido a Nayara”. Marice adiantou aos policiais que ganha salário bruto de R$ 9 mil mensais da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA).

Por meio de sua assessoria, a Direção Nacional do PT disse não ter “informação sobre a suposta operação citada por Marice”. Na quarta-feira, o partido prometeu consultar “seus advogados e a contabilidade” para apurar a informação e dar uma resposta à imprensa.

Marice explicou ainda à PF que estava no Panamá em viagem profissional e voltou assim que soube do pedido de prisão. Na segunda semana de abril, às vésperas da Cúpula dos Povos, Marice participou do Fórum Sindical das Américas, organizado pela Confederação Sindical das Américas (CSA) no Panamá. A cunhada de Vaccari é funcionária da CSA e uma das responsáveis pela organização financeira da entidade.

O fórum ocorreu apenas no dia 9 de abril. Marice, segundo um representante da CSA ouvido pela reportagem, ficou responsável pelo pagamento das hospedagens e diárias de todos os membros da CSA presentes no Panamá. Ele confirmou que a dirigente sindical participou de reuniões, mas disse que não ter como explicar porque ela ficou no Panamá mais de uma semana após o término do encontro. “Há reuniões paralelas ao encontro que não estão na agenda oficial”, afirmou um sindicalista que esteve no Panamá.

A cunhada de Vaccari teve seu nome citado nas primeiras fases da Operação Lava Jato, em 2014. A PF suspeita que ela e outros parentes de Vaccari tenham sido usados para lavar dinheiro do esquema de corrupção da Petrobras.

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