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Michel Temer: em entrevista nesta sexta, vice minimizou  fala. | Ueslei Marcelino/Reuters
Michel Temer: em entrevista nesta sexta, vice minimizou fala.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O governo federal e alguns setores do PMDB, inclusive aliados, reprovaram nesta sexta-feira (4) o tom usado pelo vice-presidente Michel Temer ao declarar que, com a baixíssima popularidade atual, seria difícil para a presidente Dilma Rousseff concluir o seu mandato.

Dilma defende novas fontes de receita para evitar “retrocesso”

  • são paulo

A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira (4) que o governo busque novas formas de arrecadação para evitar que o país entre em “retrocesso”.

Em entrevista a rádios da Paraíba, ela ainda afirmou que é preciso ter “cuidado” com a aprovação de medidas que elevam despesas obrigatórias. O governo vem tentando evitar que o Congresso aprove “pautas-bomba”, como o reajuste médio de 59,5% para os servidores do Judiciário, já vetado por Dilma, mas cuja decisão pode ser derrubada pelos parlamentares.

“Se a gente quer um orçamento equilibrado, vamos ter de tomar algumas medidas. Uma será de gestão. Vamos enxugar mais gastos. A segunda é discutir novas fontes de receitas se a gente quiser garantir que o país não tenha retrocesso”, afirmou.

Dilma ainda falou, ao comentar sobre o déficit primário de R$ 30,5 bilhões previsto na proposta de Orçamento para 2016, que programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Prouni e o Mais Médicos não serão cortados.

Temer se reuniu com empresários de São Paulo na quinta (3) e afirmou que Dilma não “é de renunciar”, mas asseverou que “é preciso melhorar o que está aí”.

Apesar da consciência do paulatino afastamento do vice nas últimas semanas, integrantes do Palácio do Planalto disseram que não esperavam uma linha pública de tão claro distanciamento usando frases como “ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo. (...) Se continuar assim, eu vou dizer a você, 7%, 8% de popularidade, de fato, fica difícil”.

Ou, ainda, “se a chapa [Dilma-Temer] for cassada [pelo Tribunal Superior Eleitoral] eu vou para casa feliz. Ela vai para casa...Não sei se feliz”.

Até mesmo congressistas do partido que atuam em sintonia com o vice afirmaram, em caráter reservado, que Temer “caiu numa armadilha” ao participar de um evento organizado por movimento que defende o impeachment da petista, o “Acorda, Brasil”. Para eles, as declarações ganharam sentido mais forte no ambiente em que foram ditas.

É quase unânime no PMDB o desejo de rompimento com o Palácio do Planalto, mas os principais dirigentes da legenda defendem que o desembarque seja calculado. Amigos do vice procuraram nesta sexta explicar as frases, reconhecendo que ele foi “infeliz”, mas “não conspirador”, como veem petistas.

Interlocutores ponderaram que, entre uma declaração e outra, Temer afirmou que trabalhará para que a atual gestão chegue até 2018. Reconhecem que as falas retratam um Michel Temer distante de Dilma, magoado com o governo, mas não um traidor.

Minimizando

Michel Temer escolheu uma publicação internacional para, em entrevista, minimizar o impacto das declarações. O peemedebista disse nesta sexta (4) ao jornal americano Wall Street Journal que a petista chegará ao fim do mandato e que o país não vive nenhum tipo de crise institucional. “Você pode escrever isso: tenho certeza absoluta de que isso vai acontecer [Dilma terminar o mandato]”, declarou.

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