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Luiz Abi, parente distante de Richa, é réu no processo. | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Luiz Abi, parente distante de Richa, é réu no processo.| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Deputados e secretários do governo Beto Richa (PSDB) estão na lista de testemunhas em ação da Operação Publicano, que apura supostos desvios na Receita Estadual. Alguns dos 123 réus, entre eles Luiz Abi Antoun, Luiz Pontes de Oliveira e Clóvis Agenor Rogge, incluíram autoridades do estado como suas testemunhas de defesa. Já o Ministério Público Estadual (MP) indicou o deputado estadual Tiago Amaral (PSB) e Marcelo Caramori, ex-assessor da Casa Civil e que chegou a ser preso, como testemunhas de acusação.

Abi, empresário de Londrina e parente de sétimo grau do governador Beto Richa, indicou como testemunhas Amaral e o secretário de Desenvolvimento Urbano Ratinho Jr. (PSC). Os dois já haviam sido citados na Operação Publicano. Antes de chegar à Assembleia Legislativa, Amaral foi advogado de uma empresa que teria pago propina a auditores para receber créditos de ICMS.

Amaral disse não ter sido contatado pela defesa de Abi e que não sabe com o que poderia contribuir com o processo. Ele diz, entretanto, que sabia da posição do MP de arrolá-lo como testemunha. “A testemunha não é réu e nem investigado. Portanto, apesar das notícias, isso [ser convocado pelo MP como testemunha] deixa claro a posição do MP de que não sou considerado parte do processo”, disse.

O deputado diz, ainda, que não teve participação em qualquer irregularidade. De acordo com ele, um dos réus tentou apelar à Justiça para que o caso subisse para a segunda instância por causa de sua suposta participação (por ser deputado, Amaral tem direito a foro privilegiado), mas o pedido foi negado. No seu entendimento, isso seria uma demonstração de sua inocência no caso.

Já Ratinho Jr. foi acusado pelo delator Luiz Antônio de Souza de usar sua influência para barrar investigações referentes a irregularidades que teriam sido cometidas pela empresa Janbonés, de Jandaia do Sul. À época, ele negou as acusações e disse não ter conhecimento de qualquer investigação neste sentido. A reportagem tentou contatar o secretário, mas não teve sucesso.

Outro que figura na lista de Abi é o diretor-presidente da Fomento Paraná, Juraci Barbosa Sobrinho. Ele é presidente do PSDB em Curitiba. Estão na lista de Abi, também, o prefeito de Assaí, Luiz Mestiço (PSDB) e o coordenador da região metropolitana de Londrina, Victor Hugo Dantas.

Deputados

Dois deputados federais, que até o momento não foram citados durante a operação, aparecem na lista de testemunhas. O empresário José Roberto Pontalti, de Arapongas, indicou como testemunhas Alex Canziani (PTB) e Osmar Serraglio (PMDB). O ex-deputado estadual Waldyr Pugliesi (PMDB), também ex-prefeito do município, aparece na lista de testemunhas do empresário.

Serraglio diz que não sabe dizer quem é o empresário e que não sabia que era testemunha da ação. Já Pugliesi disse conhecer o empresário da época que era prefeito do município, mas que não sabia que era testemunha da ação. “Não sei de nada, tudo o que sei [sobre a Operação Publicano] é o que sai na imprensa”, disse.

Já Canziani disse que conhece Pontalti como diretor do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima). “Levamos uma escola voltada para o setor moveleiro para o município”, lembra. Ele diz, entretanto, que desconhece qualquer envolvimento de Pontalti com o caso e que “não sabe com o que poderia ajudar” o empresário.

Outro nome que aparece na relação de testemunhas é o do ex-secretário da Fazenda e hoje deputado federal, Luiz Carlos Hauly (PSDB). Ele foi indicado por Clóvis Agenor Roggê, ex-inspetor geral de fiscalização da Receita. Segundo Hauly, que era secretário no mesmo período, Roggê contatou e solicitou que ele prestasse testemunho. “Enquanto secretário da Fazenda, não há nada que o desabone”, comentou, dizendo ainda que conhece o ex-inspetor “há muito tempo”.

O secretário de Agricultura, Norberto Ortigara, consta como testemunha pelo auditor Amado Batista Luiz. Ele comunicou que conhece o auditor, que trabalhou na secretaria de Agricultura no passado, mas que não sabia que tinha sido indicado como testemunha e que não sabe o motivo pelo qual foi chamado.

Acusação

Já o MP indicou 39 testemunhas para o processo. Destaca-se o nome de Marcelo Caramori. Acusado pelo próprio MP de exploração sexual de menores, Caramori foi assessor da Casa Civil até janeiro deste ano. Em delação premiada, ele foi o primeiro a citar a influência de Abi sobre a cúpula da Receita Estadual. Amaral também está entre as testemunhas do MP.

Coordenador do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Londrina, Jorge Costa, informou que as testemunhas arroladas podem “contribuir para o esclarecimento dos fatos”, mas não especificou com quais fatos os dois podem contribuir.

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