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Jozélia: apenas cinco meses na Secretaria da Fazenda | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Jozélia: apenas cinco meses na Secretaria da Fazenda| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Richa indica médico para a Secretaria da Segurança

Segunda opção do governador, o legista Leon Grupenmacher é o atual chefe da Polícia Científica do Paraná. Nomeação foi bem vista no meio policial

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R$ 1,1 bilhão é a dívida que o estado tem com fornecedores privados. Revelação foi feita pela secretária Jozélia, o que teria desagradado a cúpula do Palácio Iguaçu.

Gestão-relâmpago

Jozélia Nogueira teve uma passagem rápida pelo primeiro escalão do governo Richa. Em setembro, assumiu a Procuradoria-Geral do Estado. Um mês depois, foi nomeada para a Fazenda.

4 de setembro – Jozélia assume a Procuradoria-Geral do Estado pela segunda vez. Em 2007, ela esteve à frente do cargo durante nove meses no governo de Roberto Requião (PMDB). Na gestão Richa, substituiu Julio Cesar Zem, que pediu exoneração.

7 de outubro – Assume a Secretaria da Fazenda. Ela substituiu Luiz Carlos Hauly (PSDB), que reassumiu o mandato de deputado federal. Ela afirma que continuaria a gerir a pasta como o antecessor.

21 de novembro – O governo do estado deixa de pagar regularmente fornecedores para fazer um pente-fino nos contratos de obras e serviços. Isso leva à interrupção de uma série de atividades públicas. A manobra da secretária foi para garantir o pagamento do 13.º dos funcionários, enquanto aguardava o desdobramento da liberação dos empréstimos em Brasília.

24 de janeiro – A secretária admite publicamente que o governo do estado tem dívidas de R$ 1,1 bilhão com fornecedores e empresas contratadas. Afirma que seria elaborado um cronograma de pagamento dos credores.

20 de fevereiro – A secretária afirma que passaria por uma cirurgia de hérnia de hiato durante o feriado do carnaval. Mas nega os rumores de que deixaria a pasta.

  • Sebastiani:

Em meio à crise financeira no caixa estadual, o governo do Paraná terá um novo secretário da Fazenda. Atual diretor-financeiro da Copel, Luiz Eduardo Sebastiani assume o cargo na próxima sexta-feira. Ele substituirá Jozélia Nogueira, que estava na chefia da pasta desde outubro. Ontem, ela pediu demissão. Oficialmente, Jozélia sai do cargo por motivos pessoais. Mas a Gazeta do Povo apurou que ela foi levada a se demitir porque teria desagradado outros secretários e deputados estaduais ao não liberar recursos para as demais pastas e para obras nas bases dos parlamentares – algo politicamente complicado em ano eleitoral. Jozélia foi procurada, mas não falou com a reportagem.

Nomeada para salvar as finanças do estado, Jozélia ganhou carta branca do governador Beto Richa (PSDB) – sobretudo para conseguir dinheiro para pagar o 13.º salário do funcionalismo, em dezembro. Ela reduziu o comprometimento do caixa do estado com pagamento da folha de pessoal de 48,81% para 47,23% da receita corrente líquida – índice abaixo do limite máximo de 49% previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, mas superior ao limite prudencial de 46,55%.

Isso, porém, teve um alto preço político. Gestora da conta única do estado, era Jozélia quem autorizava ou não a liberação de recursos para todo o governo. A atuação com mão de ferro para conter despesas a desgastou rapidamente.

De perfil mais técnico do que político, Jozélia também teria desagradado a cúpula do Palácio Iguaçu ao revelar, no início do ano, que o governo tem uma dívida de R$ 1,1 bilhão com fornecedores, revelando o tamanho das dificuldades de caixa do estado.

Prometeu apresentar um cronograma de pagamento para o início de fevereiro – o que até hoje não ocorreu. Na audiência de prestação de contas na Assembleia Legislativa, disse que, quando os empréstimos que o estado pleiteia forem liberados, os credores começam a receber os pagamentos. Cinco financiamentos que somam R$ 2 bilhões estão "travados" em Brasília.

Nesse meio-tempo, descobriu-se que o estado havia sacado pelo menos R$ 3,5 milhões de depósitos judiciais de terceiros, causando mais desgaste do governo com a opinião pública. Essa revelação se somou às notícias que mostravam viaturas policiais e ambulâncias sem gasolina por falta de pagamento, delegacias sem material, obras paralisadas em todo o estado e até falta de ração para os cães da Polícia Militar.

Em fevereiro, Jozélia anunciou que faria uma cirurgia de hérnia de hiato no carnaval. À época, surgiram os primeiros rumores de que ela não voltaria para o cargo. Na ocasião, porém, a secretária garantiu que reassumiria o comando das finanças estaduais tão logo estivesse recuperada.

Sebastiani promete pagar credores

Economista por formação, o novo secretário estadual da Fazenda, Luiz Eduardo Sebastiani, sabe que vai assumir um enorme desafio. "Vamos atuar com urgência para saber quais são os nós das finanças do estado. Precisaremos de muita energia", diz. Ele se comprometeu a apresentar o cronograma para o pagamento da dívida de R$ 1,1 bilhão com fornecedores privados, prometido por Jozélia Nogueira. "Acredito que esse trabalho [de elaboração de cronograma] já esteja em fase de finalização. Vamos analisar o que foi programado e manter", afirma.

Sebastiani diz que, a partir de sexta-feira, quando toma posse, vai tentar desatar os "nós do orçamento". Depois de pagar dívidas e encontrar quais são os maiores motivadores de gastos, haverá contenção de despesas. "Não pretendo conter a ação do estado, mas temos que torná-la mais eficiente."

Perfil

Sebastiani foi secretário de Finanças de Curitiba enquanto Beto Richa era prefeito, entre 2005 e 2010. Ele considera que a situação atual do caixa estadual é parecida com a encontrada na prefeitura há quase dez anos. "A dificuldade é conseguir manter o equilíbrio das contas públicas sem prejudicar os credores e o atendimento à população. Mas isso é possível", afirma. Ele acredita que a experiência que teve em outros cargos públicos pode ajudar a colocar as finanças em ordem. "A demanda é sempre maior que a possibilidade financeira, mas temos como adequar essa questão."

Formado em Economia pela UFPR, Sebastiani é funcionário público do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Além de secretário municipal, foi secretário da Administração e Previdência do Paraná e chefe da Casa Civil na atual gestão. Estava à frente da diretoria financeira da Copel desde fevereiro do ano passado.

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