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Realidade em Curitiba: paranaense espera diminuir a desigualdade | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Realidade em Curitiba: paranaense espera diminuir a desigualdade| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Problema vem sendo reduzido lentamente ao longo dos anos

No longo prazo, o Brasil vem conseguindo reduzir a desigualdade social. Mas lentamente. E com períodos de estagnação e retrocesso. Em 2014, por exemplo, as notícias não foram boas. O IBGE liberou dados revelando que a diminuição da desigualdade se tornou mais lenta nos últimos anos.

O índice de Gini, considerado internacionalmente como o principal meio de medir a desigualdade de renda entre os cidadãos de um país ou de uma região, mostra que, ao longo dos últimos 40 anos, a desigualdade diminuiu bastante no país. Em 1960, o índice no país era de 0,53. Em 1976, no entanto, doze anos depois do golpe que deu início à ditadura militar, a situação era bem pior: índice de 0,62 (na escala de Gini, quanto mais perto de 1, mais desigualdade existe).

Depois disso, a melhora ocorreu aos poucos. Em 1985, chegou a 0,59. Em 1990, subiu um pouco para 0,61. Em 1995, diminuiu para 0,60. Em 1999, caiu para 0,59. Depois, até pelo crescimento dos programas de transferência de renda, a redução da desigualdade foi mais acentuada. Em 2009, o país finalmente voltou a um patamar parecido com o dos anos 1960, com 0,54. E em 2014, o índice divulgado pelo IBGE foi de 0,49.

"Eu não diria que houve queda nem redução, porque a variação é muito pequena de 2011 para cá. A gente percebe que, desde 2011, [o índice] está variando para cima ou para baixo, mas eu não diria que é uma melhora ou uma piora", disse à época Maria Lucia Vieira, gerente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), boa parte da redução da desigualdade nos últimos anos se deve a programas de transferência de renda: esse tipo de política respondeu por 37% do total da diminuição da desigualdade. E a maior parte disso se deve ao Bolsa Família e a outros programas de "prestação continuada": sozinhos, esses programas responderam por 23% da redução do índice de Gini.

A desigualdade social é o principal problema a ser resolvido pelo Brasil nos próximos dez anos, de acordo com eleitores paranaenses ouvidos em um levantamento feito com exclusividade pelo Instituto Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo. Diminuir a desigualdade, na opinião dos entrevistados, é mais importante do que ter um crescimento econômico forte, por exemplo. Para a pesquisa, foram ouvidos 1.530 eleitores em 62 municípios do estado.

INFOGRÁFICO: Eleitores paranaenses acham que diminuir a desigualdade é o principal objetivo

A pergunta, formulada por pesquisadores do Observatório das Elites Políticas e Sociais do Brasil, ligado à Universidade Federal do Paraná (UFPR), tinha quatro respostas possíveis. A redução da desigualdade teve 29,3% das preferências. A outra opção de caráter mais "social", que definia o fim dos preconceitos sociais como sendo o principal objetivo do país, ficou em segundo lugar, com 22,4% das preferências.

Para Adriano Codato, coordenador do Observatório e professor de ciência política na UFPR, a preferência da população por políticas de redução da desigualdade pode ter a ver com as políticas sociais implantadas pelo governo federal nos últimos anos. "É possível que haja, após mais de uma década de políticas sociais, uma percepção, que começa a se difundir, sobre a importância da redução da desigualdade para o bem-estar geral e também como condição para o desenvolvimento do próprio regime de mercado no Brasil", afirma.

Segundo Codato, a compreensão por parte da população de que é necessário diminuir o tamanho das lacunas entre os mais ricos e os mais pobres pode ser uma boa notícia para o desenvolvimento do país. "Foi preciso primeiro que a sociedade brasileira aceitasse que a democracia política era fundamental numa sociedade moderna e civilizada, capitalista e ocidental. Agora, se igualdade for a próxima questão fundamental, podemos ficar moderadamente otimistas", diz.

Na opinião de Murilo Hidalgo, diretor-presidente do Paraná Pesquisas, é possível ver relações entre o resultado do levantamento e as eleições presidenciais de outubro. "Há um clamor da população que pode ter se refletido nas urnas, já que o discurso dos candidatos do PT tem muito forte esse apelo pela promoção social", afirma.

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