Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
escândalo de corrupção

Doações levantam suspeita de que verba da Lava Jato financiou deputados da Alep

25 candidatos eleitos para a Assembleia do Paraná receberam juntos R$ 985 mil em doações de campanha feitas pelos três paranaenses investigados no STF por envolvimento no esquema

Assembleia: doações foram legais, mas  delatores do esquema disseram que essa era uma forma de “esquentar” o dinheiro. | Giuliano Gomes/Tribuna do Paraná
Assembleia: doações foram legais, mas delatores do esquema disseram que essa era uma forma de “esquentar” o dinheiro. (Foto: Giuliano Gomes/Tribuna do Paraná)

Dinheiro desviado da Petrobras pelo esquema investigado pela Operação Lava Jato pode ter financiado a eleição de 25 deputados da Assembleia Legislativa do Paraná(Alep) em 2014. Os três parlamentares paranaenses investigados pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) –os deputados federais Nelson Meurer (PP) e Dilceu Sperafico (PP) e a senadora Gleisi Hoffmann (PT) – repassaram um total de R$ 985 mil a 25 deputados estaduais eleitos em outubro – saiba quem são eles e o que dizem no infográfico.

Entenda a operação Lava Jato

Em alguns casos, os três paranaenses suspeitos de receber propina do esquema receberam doações legais de empresas investigadas pela Lava Jato e repassaram parte do valor a deputados estaduais (veja matéria nesta página). Uma das suspeitas da força-tarefa da Lava Jato é justamente que o dinheiro da propina era “esquentado” por meio da doação legal de campanha feitas por empresas participantes do esquema.

“Dobradinhas”

Os repasses de Meurer, Sperafico e Gleisi aos 25 deputados estaduais eleitos foram feitos por meio das chamadas “dobradinhas” – quando os candidatos firmam uma parceria para realizar campanha conjunta.

Meurer doou R$ 188,5 mil para as campanhas de 12 deputados do PSDB, PMDB, PSC, DEM e PP em 2014. Sperafico foi responsável pela doação de R$ 444 mil a 15 deputados estaduais do PSL, PMDB, PSDB, PPS, DEM, PSC, PDT e PP. Já a senadora Gleisi Hoffmann repassou em 2014 verba de campanha para seis deputados estaduais eleitos do PDT, PRB e PT. No total, o valor foi de R$ 352 mil em doações.

Quem mais recebeu valores dos parlamentares investigados no Supremo foi o deputado estadual Péricles de Melo (PT). Ele recebeu um total de R$ 165,8 mil de Gleisi na última eleição.

Caixa oficial

As doações apuradas pela reportagem da Gazeta do Povo dizem respeito a doações legais de campanha, declaradas na prestação de contas dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, Gleisi, Meurer e Sperafico negam ter recebido propina do esquema da Lava Jato.

Mas, em seu depoimento em regime de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que “nenhum candidato no Brasil se elege apenas com caixa oficial de doações”. Ele disse ainda que “os valores declarados de custos de campanha correspondem em média a apenas um terço do montante efetivamente gasto, sem o restante oriundo de recursos ilícitos ou não declarados”.

Ainda de acordo com delatores do esquema da Lava Jato, parte da propina paga pelas empreiteiras da Petrobras era repassada a parlamentares por meio de doações oficiais de campanha, o que dava um caráter de legalidade.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.