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Ligações obscuras

Delação de Paulo Roberto Costa motivou investigação de políticos

Os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa – que deixou a sede da PF em Curitiba e começou a cumprir prisão domiciliar nesta quarta-feira (1º) - motivaram a investigação de pelo menos 40 pessoas ligadas ao esquema investigado pela Operação Lava Jato, incluindo políticos. A informação consta de decisão emitida na terça-feira (30) pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) – o que confirma o foro privilegiado e o envolvimento de parlamentares e outras autoridades com o esquema.

Segundo a revista Veja, Costa teria citado pelo menos 25 deputados federais, seis senadores, três governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam tirado proveito de parte da verba desviada dos cofres da Petrobras. A expectativa é que os depoimentos do doleiro londrinense Alberto Youssef possam endossar as acusações de Costa e também adicionar outros nomes de políticos e empresas envolvidos.

O doleiro londrinense Alberto Youssef assinou na manhã desta quinta-feira (02) o acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). A informação foi confirmada pelo advogado dele, Antônio Figueiredo Basto. O defensor, porém, não deu detalhes dos termos do acordo, que são sigilosos. Basto também disse não saber quando Youssef começa a depor na Polícia Federal (PF). "Essa parte depende exclusivamente da Polícia", afirmou.

Os termos do acordo foram negociados durante uma semana, mas só agora as partes entraram em consenso. A expectativa é de que Youssef comece a ser ouvido ainda nesta quinta por um grupo de procuradores da República e pela PF. Ele deve revelar informações do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras e de lavagem de R$ 10 bilhões investigado pela Operação Lava Jato. Em troca da delação, Youssef terá diminuição da pena.

Depois de prestar os depoimentos, o acordo ainda deve ser homologado pela Justiça. Se o doleiro denunciar envolvimento de políticos no esquema, a homologação deve ocorrer no Supremo Tribunal Federal (STF). A expectativa do MPF e da PF é de que Youssef, apontado como o principal operador do esquema, esclareça detalhes da organização e a conexão com políticos e empresas estatais. Além disso, espera-se que o doleiro devolva aos cofres públicos pelo menos R$ 30 milhões que ele adquiriu irregularmente pelo esquema de corrupção.

Caso esse montante se confirme, a recuperação de dinheiro do esquema da Lava Jato pode ser a maior da história do país. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, sozinho, terá de repassar aos cofres públicos, em bens e dinheiro, R$ 74 milhões. Esse montante corresponde à verba desviada e a multas aplicadas em função dos crimes que cometeu.

Juntos, Youssef e Costa terão de devolver uma soma em torno de R$ 104 milhões. O órgão do Ministério da Justiça destinado a desarticular lavagem de dinheiro internacional – o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) – conseguiu repatriar apenas R$ 35 milhões em dez anos de existência.

Prisão domiciliar

Em entrevista nesta quarta-feira - antes de assinar o acordo -, o advogado de Youssef não entrou em detalhes sobre os termos da delação do seu cliente, mas disse que "não está descartado" que o doleiro possa cumprir a pena em prisão domiciliar. "Estamos tentando evoluir [nos termos do acordo], mas isso está nas mãos no MPF", disse.

O MPF, porém, considerava que "dificilmente" Youssef poderá cumprir a pena da ação da Lava Jato em prisão domiciliar, já que ele quebrou um primeiro acordo de delação que firmou, referente ao escândalo do caso Banestado, outro esquema de lavagem de dinheiro.

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