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Michel Temer tem repetido que se trata de um assunto do parlamento, mas reconhece que deseja consenso na escolha de um nome. | Beto Barata/PR
Michel Temer tem repetido que se trata de um assunto do parlamento, mas reconhece que deseja consenso na escolha de um nome.| Foto: Beto Barata/PR

O processo de eleição que definirá o novo presidente da Câmara dos Deputados é crucial para o governo Temer. Com a multiplicidade de candidaturas que surgem pelos corredores da Casa, o temor é que haja um racha na base aliada do presidente interino.

A eleição, realizada de forma secreta, está marcada para as 16 horas de quarta-feira (13) e, até aqui, a tendência é que haja uma polarização entre dois nomes: Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), ambos da base aliada. Por fora, também corre o nome do paranaense Fernando Giacobo (PR). Mais de dez outros parlamentares querem a vaga.

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Rosso é o candidato do chamado Centrão, grupo político que se formou logo no início do governo Temer, em maio, e que reúne 13 partidos políticos de médio e pequeno porte, como PP, PR, PSD, PSC. Juntos, representam cerca de 200 parlamentares. Boa parte dos políticos do Centrão tem afinidade com o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, por isso, há uma resistência da “antiga oposição” a aderir a Rosso.

PSDB, DEM e PPS, que formavam o núcleo duro da oposição a Dilma Rousseff e representam cerca de 100 parlamentares, defendem Rodrigo Maia para o comando da Casa. Para enfrentar o Centrão, Maia chegou a buscar apoio de legendas como PT e PCdoB, que hoje integram a bancada da minoria. A estratégia, contudo, pode não vingar.

Embora o voto seja secreto – e as traições normalmente acontecem em uma eleição do tipo –, oficialmente o PT decidiu que não pode dar sustentação a um candidato cujo partido apoia o impeachment da presidente afastada.

Interferência do Planalto

O Planalto vê com apreensão o processo eleitoral, mas deve tomar cuidado para não interferir diretamente na questão. Oficialmente, Michel Temer tem repetido que se trata de um assunto do parlamento, mas reconhece que deseja consenso na escolha de um nome. O peemedebista sabe que um racha na base aliada, neste momento, pode ser crucial.

Na eleição que definiu Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para o comando da Câmara dos Deputados, no início de 2015, a interferência do Planalto foi considerada fatal. Anti-Cunha, Dilma Rousseff tentou emplacar Arlindo Chinaglia (PT-SP) na cadeira, mas a interferência do Planalto no jogo acabou ajudando o peemedebista e seu discurso de independência.

Nos bastidores, corre que auxiliares de Temer estariam ajudando na costura de um acordo entre os dois grupos da base aliada. Pelo acordo, o Centrão ficaria com a presidência da Câmara dos Deputados neste primeiro momento: o mandato “tampão” segue apenas até fevereiro de 2017. Já a antiga oposição ganharia o comando a partir do ano que vem, permanecendo os dois anos completos na vaga deixada por Cunha.

Segundo teste

A eleição desta quarta-feira (13) na Câmara dos Deputados pode ser considerada uma espécie de “segundo teste” para a base aliada de Temer. O primeiro teste foi a escolha do líder do governo Temer na Casa. Rodrigo Maia foi preterido para a cadeira, que ficou com um nome lançado pelo Centrão, André Moura (PSC-SE), aliado próximo de Eduardo Cunha.

A opção foi bastante criticada pela antiga oposição, que só não “bateu o pé” porque sabia do risco de um racha na base aliada, fatal em um momento no qual Michel Temer exerce de forma interina a presidência da República.

Temer chegou a convidar Maia para ser líder do governo no Congresso Nacional, mas a vaga, geralmente ocupada por um senador, foi rejeitada pelo parlamentar do DEM, que, agora, ainda que de forma reservada, espera ter o apoio do Planalto.

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