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Os estudantes Lucas Moraes e Álvaro Baptista Neto: internet deixou jovens eleitores mais expostos a notícias sobre política | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Os estudantes Lucas Moraes e Álvaro Baptista Neto: internet deixou jovens eleitores mais expostos a notícias sobre política| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Ferramentas on-line podem ajudar político a fidelizar o eleitor

Uso do Twitter para cutucar adversários políticos. Sites carregados de notícias que superestimam os feitos do candidato. Textos longos, pouca interatividade e ausência de aplicativos que chamam a atenção da moçada, como vídeos e links. Eis a receita ideal para espantar os eleitores jovens, de acordo com o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e cientista político Sérgio Braga, especialista em política e internet. De acordo com Braga, ferramentas como o Twitter e Facebook devem servir para fidelizar o eleitor e, o mais importante, para a apresentação de re­­­sul­­­tados."Ela deve servir para mobilizar e desencadear ações concretas, não para que o candidato exponha seu ego ou fale besteiras", afirma.

Na avaliação dele, os políticos brasileiros ainda não descobriram o potencial da rede junto a quem vai votar pela primeira vez. Como exemplo de campanhas que conseguiram visualizar esse poder mo­­­bilizador da rede, Braga destaca a do presidente norte-americano Barack Obama. A eleição presidencial de 2008 nos Estados Unidos bateu o recorde de eleitores, foram 10 milhões a mais em relação a 2004, jovens em sua maioria. A campanha do atual candidato à presidência da Colômbia pelo Partido Verde, Antanas Mockus é outro exemplo citado por Braga. Na página do candidato colombiano, é possível encontrar os chamados vídeos espontâneos – feitos por jovens que defendem sua candidatura. A campanha de Mockus é pautada pelo discurso de valorizar mais a educação em oposição ao aumento do efetivo das Forças Armadas como forma de vencer a violência que assola o país. (VP)

Nas conversas sobre política na casa do estudante Lucas Moraes Rau, 17 anos, os pais costumam lembrar das dificuldades para se informar sobre o tema na época em que tinham a idade do filho. Para saber quem estava à frente nas pesquisas eleitorais, quais eram as propostas dos partidos e a agenda dos candidatos era preciso esperar pelo horário do jornal ou assistir à propaganda eleitoral gratuita – uma novidade depois de 21 anos de ditadura militar, mas ainda assim, considerado monótono e pouco informativo. Hoje, os tempos são outros. A oferta de informação é cada dia maior e os jovens estão cada vez mais expostos à política por intermédio da internet.

Principal usuário das redes sociais, quem ainda vai estrear o título de eleitor – jovens entre 16 e 18 anos – vez ou outra se depara com o tema. Políticos dão opinião sobre tudo no Twitter (sistema de microblog) e o número de comunidades sobre política cresce dia a dia no Orkut (popular rede de relacionamento on-line). "Eles falam que na eleição para presidente de 1989, a [oferta de] informação era bem menor, você dependia muito do que passava na tevê. Hoje, como você fica um bom tempo conectado, uma hora ou outra você acaba lendo uma notícia de política e tem a oportunidade de se informar mais", afirma Lucas. O colega Álvaro Baptista Neto, 16, concorda. "Com a Internet, é impossível você não ficar mais exposto. Você abre a janela e, através de um portal de notícias, já fica sabendo o que o Serra e a Dilma disseram naquele dia."

A questão, no entanto, é o quanto essa ampla exposição resulta efetivamente em maior participação política dessa faixa etária, vista historicamente como pouco afeita a discutir os rumos do país. Para o cientista político e professor da Univer­­­sidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, travar maior contato com o tema não significa, necessariamente, se interessar mais por ele. "Hoje, o que se percebe é que a internet é usada mais como um espaço de conversação do que para a aquisição de conhecimento. Nesse sentido, ela só acrescenta a quem já se interessa por política, mas não tem eficácia alguma sobre quem não gosta", afirma.

De acordo com Cervi, a ferramento pode servir como aliada no sentido de encurtar distâncias, ser mais rápida e plural. Por meio da rede, é possível a uma pessoa que se interesse por ecologia, por exemplo, encontrar mais informações em sites, conhecer outras opiniões em blogs e criar contato com quem também acompanha a área nas redes de relacionamento. "A internet não converte ninguém, o que ela faz é pregar para quem já lhe dá espaço."

Na opinião do secretário-geral do PSDB Jovem do Paraná, Edson Lau Filho, porém, a exposição pode despertar o interesse em jovens que ainda não são seduzidos pelo universo político. O secretário afirma que a maioria dos jovens não se conecta em busca de notícias sobre política, mas que a possibilidade de abrir várias abas e clicar em links ao longo das páginas faz com que, uma hora ou outra, os eleitores de primeira viagem acabem tomando conhecimento e até se interessando por temas que, cada vez mais, pedem a sua atenção. Na avaliação dele, a apatia da juventude em relação à política não vem de um desinteresse pelo assunto em si, mas pela forma como ele se apresenta. "O jovem certamente é diferente do público que assiste aos jornais e acompanha o horário eleitoral gratuito, mas quando o candidato fala a linguagem dele, ele se interessa."

Você acompanha ou pretende acompanhar algum o site de algum candidato? Confira se ele apresenta os seguintes critérios apontados pelos especialistas para melhorar o debate na web.

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