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| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

O número de abstenções e votos brancos e nulos foi o maior nas eleições curitibanas desde 2000, quando o pleito passou a ser informatizado (veja os dados no gráfico). Ao todo, 422.153 eleitores não confirmaram voto em Rafael Greca (PMN) ou Ney Leprevost (PSD) no segundo turno das eleições municipais. Com o grande número de “não votos”, Greca foi eleito pela escolha de 35,8% dos 1,2 milhões de eleitores curitibanos.

Entre os motivos que podem justificar este grande número de abstenções e votos brancos e nulos há questões de ordem prática e política.

Do ponto de vista logístico, um aspecto que preocupou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ao longo das últimas semanas, mas que acabou gerando poucos problemas neste domingo foi o remanejamento de locais de votação em razão da ocupação das escolas estaduais. A disponibilização de ônibus para transportar os eleitores que foram ao antigo local de votação e as instruções dadas por servidores do TRE-PR e soldados da Força Nacional em frente aos colégios ocupados amenizaram os contratempos.

Abstenções nas capitais

Por volta das 21h de domingo (30), 15 das 18 capitais brasileiras já tinham mais de 99% dos votos apurados. Considerando esses dados, a média de abstenções nas capitais que tiveram segundo turno foi de 30%. O maior percentual de não votos foi registrado no Rio de Janeiro. Na disputa entre Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), 41% dos eleitores cariocas não votaram em nenhum dos candidatos. Na capital fluminense, 1,3 milhão de eleitores não fora votar e 719 mil votaram branco ou nulo.

Outro fator que pode ter colaborado com o aumento no número de abstenções neste segundo turno é o feriado do dia do servidor público, comemorado na sexta-feira (28). Os mais de 33 mil servidores municipais de Curitiba, por exemplo, estão de folga até a próxima quarta-feira (2).

Entretanto, como alertou o cientista político Luiz Domingos Costa em matéria publicada pela Gazeta do Povo na quinta-feira (27), as questões práticas serviriam mais como uma desculpa para que o eleitor já desanimado com a política não fosse votar.

Na sede do TRE-PR, depois do anúncio da vitória, Rafael Greca afirmou que é dever dos políticos reencantar as pessoas com a política. Segundo ele, há muitos eleitores desiludidos com velhas bandeiras políticas que foram envolvidos na operação Lava Jato.

Já para Ney Leprevost, os ataques trocados entre os candidatos durante a campanha eleitoral colaboraram para o número de abstenções e voto inválidos. “Eu acredito que os nulos e brancos se devem muito ao tom que a campanha ganhou nesse segundo turno. Nunca se viu uma campanha mais baixa, com mais agressões”, afirmou.

Segundo André Ziegmann, outro cientista político ouvido pela reportagem, a grande causa para o grande número de “não votos” é o desgaste e descrédito das lideranças políticas. O que reforça essa tese, de acordo com Ziegmann, é o fato de este não ser um fenômeno exclusivo de Curitiba.

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