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eleições 2016

Com número histórico, Curitiba é a 2ª capital que mais elegeu mulheres para o legislativo

Em 2017, oito vereadoras assumem cadeiras na Câmara Municipal, três a mais do que a legislatura anterior

Plenário da Câmara de Vereadores da capital. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Plenário da Câmara de Vereadores da capital. (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

Em 2016, Curitiba foi a segunda capital do país que mais elegeu mulheres para o legislativo, saindo de cinco vereadoras eleitas em 2012 para oito, que passam ocupar as cadeiras a partir do ano que vem - um número histórico para a cidade. Em 2017, 21,1% da Câmara de Vereadores da capital será formada por mulheres - número que faz com que Curitiba fique atrás apenas de Natal (RN), que elegeu 27,6% de vereadoras. O número de mulheres nas câmaras legislativas cresceu nas dez principais capitais do país - das 422 cadeiras, as mulheres passarão a ocupar 63 no ano que vem - 13 lugares a mais do que no cenário atual.

Veja infográfico com os números da eleição deste ano em relação às mulheres candidatas.

Apesar do aumento, a mulher mais votada nestas eleições aparece em 13º lugar na lista dos mais votados. Fabiane Rosa (PSDC), recebeu 7.188 votos - 37% menos do que recebeu Serginho do Posto (PSDB), o mais votado entre os homens. Para a doutoranda em ciência política da UFPR, Karolina Roeder, o desgaste da classe política fez com que os candidatos “abandonassem” bandeiras partidárias, o que pode ter respingado também nas candidaturas femininas na capital. “As candidaturas mais personalidades e as agendas novas podem ter seduzido o eleitor, que está rejeitando os políticos profissionais”, afirmou.

É o caso de duas das mulheres eleitas - Tanto Fabiane Rosa quanto Kátia dos Animais de Rua (SD) tem como bandeira a defesa dos animais. A médica legista Dra Maria Letícia Fagundes (PV) também teve o combate da violência contra as mulheres como bandeira de campanha.

A socióloga do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), Adriana Vale Mota, acredita que a crise política pode ter colaborado de fato para uma eleição de mulheres. “O eleitor busca a novidade e as mulheres podem ser essas novas representantes que a sociedade tanto busca”, disse. O aumento, porém, ainda é muito baixo, na visão da socióloga. “O aumento é muito baixo, mas pode ser comemorado. O desejo é que exista um nível de representação mais compatível com a expressão da mulher em outras áreas de atuação”, comentou.

Apoio dos partidos

O número de mulheres eleitas ainda fica bastante abaixo do total de candidatas que, por conta da atual lei de cotas, sempre fica bastante próxima dos 30% de candidaturas femininas exigidas por lei. Em Curitiba, 349 mulheres se candidataram para uma vaga na Câmara, o que representa 31,3% do total. Adriana Mota aponta que a lei é antiga, mas passou a ser cumprida integralmente em 2014. “A lei não era nem cumprida até as últimas eleições. Ela não é o suficiente, mas é necessária. Com mais mulheres na política, conseguimos refletir a importância dessa representatividade e o que podemos fazer para melhora-la”, afirma. Para a socióloga, o ideal é que fosse reservadas vagas no parlamento e não de candidaturas.

Para Karolina Roeder, falta apoio dos partidos para que mais mulheres sejam eleitas - principalmente, apoio financeiro. “Deve haver uma sustentação financeira do partido. É o papel do partido estruturar e financiar campanhas, dando condições de que as mulheres disputem de fato uma eleição”, opinou. A cientista política ainda chamou a atenção para o número de candidaturas “laranjas” de mulheres, em que os partidos escolhem nomes apenas para preencher as cotas exigidas pela lei. “É só observarmos o número de votações zeradas - a maioria é de mulheres. Neste ano, passou de 20 candidatas sem nenhum voto”, disse. Ainda de acordo com Karolina, os partidos precisam dar condições da mulher participar de todo o processo político-partidário, não apenas nas eleições.

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