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Manifestações de junho de 2013 trouxeram protestos contra a alta da tarifa de ônibus em Curitiba e a corrupção nas obras da Copa do Mundo de 2014 | Henry Milléo/Gazeta do Povo/Arquivo
Manifestações de junho de 2013 trouxeram protestos contra a alta da tarifa de ônibus em Curitiba e a corrupção nas obras da Copa do Mundo de 2014| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo/Arquivo

O pleito eleitoral de 2016 deve jogar luz sobre algumas lideranças que ganharam as ruas durante as manifestações de 2013 e 2015. São líderes jovens de movimentos sociais que se destacaram na organização daquelas passeatas e que se posicionaram nas calçadas ou no asfalto curitibano pela melhoria dos serviços públicos, contra a alta da tarifa do transporte coletivo e que saíram às ruas para pedir a saída da presidente Dilma Rousseff.

Esse processo de transição entre ser pedra e se tornar vidraça tem sido debatido dentro dos seus partidos e nos movimentos dos quais fazem parte. Apesar das diferenças ideológicas e posicionamentos políticos diversos, todos se sentem ainda não representados na Câmara de Vereadores de Curitiba.

Bernardo Pilotto (PSol)Cesar Machado/Gazeta do Povo/Arquivo

Para o assistente administrativo do Hospital de Clínicas (HC) e pré-candidato à Câmara, Bernardo Pilotto (PSol), de 32 anos, que se destacou em junho de 2013, aquele ano mostrou um esgotamento do projeto do Partido dos Trabalhadores no governo federal e gerou um movimento de politização. “É um novo tipo de luta social, com manifestações que não são convocadas por organizações tradicionais. Acho importante que essas pessoas sejam candidatas. Não tem que ter medo de virar vidraça”, afirmou.

Na avaliação dele, é necessário que as lideranças legítimas dos movimentos se candidatem. “Ou as não legítimas vão continuar ocupando espaço”, mencionou. Apesar disso, segundo Pilotto, é importante que os partidos pelas quais essas lideranças se filiaram não façam parte das legendas que apoiavam ou apoiam os governos atuais. “Gostemos ou não, a política no Brasil é feita pelos partidos”, disse.

Eder Borges (PSC)

Já o músico e representante do Movimento Brasil Livre (MBL), pré-candidato a vereador Eder Borges (PSC), de 33 anos, afirmou que a eleição é uma oportunidade para se fazer mais pela cidade. “A direita liberal vai ocupar um espaço que não havia. Sou liberal conservador. Hoje não temos partidos que nos represente, de fato”, mencionou, lembrando que o PSC abraçou a causa do Instituto Liberal.

Borges vê com naturalidade que lideranças das ruas tornem-se representantes nas Câmaras. Segundo ele, é uma tendência no país inteiro. “Esses movimentos foram e são fundamentais para democracia brasileira”, afirmou.

“É o momento de engrossar o caldo dos movimentos”, diz advogado

Renato de Almeida Freitas Júnior (PSol), de 32 anos, advogou para vários manifestantes que acabaram detidos nas jornadas de junho de 2013 e os protestos pré-Copa do Mundo 2014. Para ele, a ausência de representatividade para quem luta por moradia foi um dos principais motivos que o levaram a entrar no pleito. Ele não tem receio em ser, caso vire vereador, alvo das críticas dos próprios movimentos que participa. “Temos que ser submetidos ao crivo da opinião pública todo dia. Faz parte ter essa relação com transparência”, disse.

Renato de Almeida Freitas Júnior (PSol)Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Curitiba tem pré-candidato a vereador que propõe mandato coletivo

O estudante de Direito e um dos líderes dos movimentos de junho de 2013, pré-candidato Luan De Rosa e Souza (PV), pretende colocar em prática na Câmara de Vereadores de Curitiba uma ideia que tem sido disseminada nos Estados Unidos e Europa: um mandato coletivo. Luan faz parte de um movimento curitibano chamado Primavera Cidadã, que visa modificar a forma de se fazer política.

“Enquanto movimento social a gente tem a chance de pressionar as instituições, mas a partir do momento que nós temos uma entrada política nestas instituições, a forma de fazer as nossas reivindicações se torna mais eficaz. A candidatura não é minha, é do movimento”, disse.

Esse movimento acabou concordando em lançar um pré-candidato que pudesse levar a ideia do mandato coletivo adiante. Luan acabou como o escolhido. A ideia foi construída, segundo ele, de forma conjunta e ganhou força neste ano. Segundo Luan, o grupo analisou vários estatutos de partidos e o PV aceitou levar adiante a ideia. “Não vamos receber nenhuma verba do partido, nem santinho, nem de empresas. Vamos nos autofinanciar”, afirmou.

Ele e outros 70 voluntários têm trabalhado alguns projetos como o Observatório da Câmara. Fazem um rodízio de frequência na Casa e tudo que acontece nas sessões é transmitido pelo site próprio da iniciativa e no Facebook.

Com base nestas ideias, o mandato coletivo pretendido por ele tem base, principalmente, na construção de um conselho deliberativo onde qualquer pessoa pode participar, seja de esquerda, centro ou direita. O importante é a participação popular.

“O mandato não será partidário, nem classista, incluirá todo mundo, sendo plural”, afirmou. O objetivo é que tudo que seja proposto, votado e discutido no mandato do vereador deve ser deliberado pelo conselho.

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