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O candidato do PSD, Ney Leprevost | Henry Milleo/Gazeta do Povo
O candidato do PSD, Ney Leprevost| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O candidato Ney Leprevost, do PSD, participou de sabatina com os jornalistas da Gazeta do Povo na manhã desta quarta-feira (28). O deputado estadual encerrou a série de entrevistas realizada pelo jornal com os concorrentes à prefeitura de Curitiba nas eleições 2016. Em sua fala, ele e garantiu que saúde e educação serão suas prioridades se eleito.

A sabatina começou, como todas as demais, com perguntas sobre o histórico político do candidato, que está em seu segundo mandato como deputado estadual. Ele foi questionado especialmente por ter votado a favor de medidas polêmicas, como o “pacotaço” do governo Beto Richa (PSDB), que previa aumentos de alíquotas do ICMS e de 40% no IPVA, e o projeto de auxílio-moradia para juízes. Sobre isso, Leprevost disse ter mudado e justificou dizendo que era da base aliada do governo estadual. “O Brasil mudou muito e eu também. Nessa época eu votava de maneira fiel ao governo”, conta, dizendo ter sentido cobranças dos eleitores durante a campanha. “Quando fui reeleito, em 2014, coloquei na minha cabeça que queria ser um deputado independente. Não oposição por oposição, que não é o que o meu eleitor espera de mim. Não vou ficar refém de base de governo”, diz. Hoje, diz, faria diferente. No caso dos juízes, por exemplo, faria ressalvas como estabelecer um valor menor e não conceder o benefício para magistrados que trabalhem em sua cidade de origem.

Assista à íntegra da sabatina de Ney Leprevost

Ele conta que sua relação com o governador começou a “azedar” quando ele votou contra a taxação de 11% para aposentados, porque, o aposentado “ajuda a pagar estudo de neto, tem que comprar remédio e esse 11% faz diferença no bolso”. Leprevost conta que foi em janeiro até o gabinete de Richa para anunciar a ruptura. “O governador considerou uma deslealdade. Eles de fato cobram um posicionamento de fidelidade canina ao governador”, conta.

O distanciamento continuou se aprofundando quando veio o “problema das professoras” [em fevereiro, com a ocupação da Assembleia] e Leprevost não entrou no camburão junto com a base aliada do governador. “Quando vi aquela violência toda, aquela agressão desnecessária, não entrei no camburão. Depois eu fiz um discurso e pedi que o governador voltasse atrás nas medidas que estavam propondo”, conta, lembrando também da intenção do governo de usar o recursos da ParanáPrevidência, que considera “sagrado”. No 29 de março, voltou a tecer duras críticas a Richa, chamando-o de “bandido” e “criminoso”. “Voltei exaltado ao plenário e fiz duras críticas ao governador, algumas até acima do tom. Não que ele não as merecesse, mas costumo manter a urbanidade”, afirma.

Depois, votou contra o “tarifaço” e disse que “nunca mais [votará] a favor de nenhuma medida que onere o contribuinte”. É a partir de 2015 que considera ter adotado uma postura diferente, “totalmente a favor do que desejam seus eleitores”. “Me senti muito mais livre por não estar na base. Quando começaram as manifestações de rua, fui tentando entender a cabeça das pessoas e assumi meu mandato de deputado estadual com uma nova mentalidade. Sou um político reciclado”, diz. Entre as decisões desse novo perfil político estão, caso seja eleito, cortar em 40% os cargos comissionados da prefeitura, não levar sua esposa para trabalhar na Fundação de Ação Social (FAS), como é tradicional entre as primeiras-damas, e não permitir que diretores da prefeitura tenham carros pagos pelo contribuinte para levá-los e buscá-los em casa.

Conhecimento sobre a cidade

Leprevost foi indagado pelos jornalistas sobre seu conhecimento sobre a cidade, após, em entrevista na RIC, ter errado o valor da passagem de ônibus e, em debate na Gazeta do Povo, ter tido dificuldades em responder uma questão sobre tutoria na saúde. Ele alega não ser técnico, e sim um gestor, e que um administrador precisa ser um generalista e ter bom senso. “Nessa eleição surgiu uma moda nova. Se fosse votar em quem sabe mais estatísticas, Fruet estaria em primeiro lugar”, dispara. “Quem tem que saber números é secretário de finanças. Recuso a deixar que minha mente criativa seja ocupada por uma coisa que é completamente desnecessária para ser um bom administrador, que é a decoreba”, critica.

Saúde

O candidato destacou três propostas principais dentro da saúde: a criação de PAIs (Prontos-Atendimento Infantil); “Erastinho”, para crianças com câncer, que é uma proposta da Liga Paranaense de Combate ao Câncer e seria o primeiro hospital oncopediátrico do Sul do Brasil; e a criação do Centro de Prevenção da Saúde da Criança, em parceria com o Hospital Pequeno Príncipe, que contaria com nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, e teria como foco a orientação, prevenção e tratamento clínicos.

Surgiram algumas inconsistências entre o que diz o candidato e o que promete seu material de campanha. Leprevost admitiu que até o momento sequer tinha acessado o seu site de campanha – onde consta, por exemplo, a proposta de “fila zero” para a saúde, que ele diz que é “meta, e não promessa”. “’Fila zero’ é nome que o pessoal de comunicação cria, eu não me refiro a fila zero, falo em redução de filas”, diz. Isso seria feito por meio de mutirões de atendimento, utilização de cartão passe para que a pessoa seja credenciada e tenha banco de memória dizendo quem foi o último médico e data em que foi atendida, e tecnologia para marcar consultas. “Há propostas, planos e metas. Vamos diferenciar de promessas”, tentou esclarecer.

Outro descompasso foi seu site propor a disponibilização da vacina contra a gripe A (H1N1) para toda a população, o que ele classificou como “meta”. “Promessa” seria garantir a vacinação para categorias como motoristas e cobradores de ônibus, crianças e professores da rede municipal, além de taxistas. Ao ser questionado sobre em quem a população de Curitiba deve confiar ao pesquisar sobre suas propostas, já que ele relativizou propostas de seu material de campanha, ele respondeu que população deve se pautar por sua palavra. “Tudo que estou dizendo que vou fazer, eu vou fazer. Se pautem pelo que me ouvirem falando, seja na televisão, nas entrevistas, nos debates”, diz.

Asfalto

Outro exemplo: ele disse que os 800 km de asfalto que cita é uma meta. “Compromisso é fazer PAIs, reduzir cargos comissionados. Os 800 km [de asfalto] eu vou lutar para fazer, e se houver problemas no caminho vou me comunicar com as pessoas”, afirma.

Segurança

A proposta do candidato para a segurança é integrar câmeras da prefeitura com as da iniciativa privada, edifícios residenciais e empresas de segurança e criar centro de inteligência e monitoramento. Além disso, ele pretende manter 90 guardas a paisana nos ônibus, com mais intensidade no horário de pico. “O importante é que o criminoso saiba que está correndo risco de existir guarda armado dentro do ônibus”, diz. Depois, disse que é necessário repensar se guarda portaria mesmo arma. Ele ressalta a importância da medida para a proteção da mulher também. “Quero proteger a mulher de ser molestada dentro do ônibus, dá para imaginar? Faz mal pra saúde emocional da mulher”, diz.

Combate ao uso de drogas

Leprevost quer transformar Secretaria de Defesa Social em Defesa do Cidadão, com uma unidade de combate ao crack dentro da pasta, utilizando inteligência e informação com pequeno batalhão de elite para quando for necessário. A intenção é informar à Polícia Federal e à Polícia Civil quem são os traficantes.

“Não se pode marginalizar o usuário de crack, que está doente e precisa de ajuda para tentar se libertar da dependência química”, afirma. O candidato pretende trabalhar com comunidade terapêutica. “Já está provado que quem é bom para tirar pessoas das drogas são as religiões. Vou trazer a igreja e também fazer parceria com Associação de Psiquiatria”, diz, resumindo seu plano de combate à drogas em três frentes: combate ao traficante, prevenção nas escolas e família e recuperação.

Ele diz que, conversando com moradores de rua, foi informado que o albergue da prefeitura é “péssimo”. “Minha proposta é fazer a casa de recuperação, inclusão e saúde. Não adianta você achar que vai tirar alguém da rua se não der, de início, tratamento de saúde psiquiátrica para a pessoa”, defende. “Todo mundo merece uma segunda chance”, completa.

Transporte

O candidato quer criar o transporte VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) como estratégia para escapar do atual contrato do transporte coletivo. O trajeto do projeto ainda não foi definido, se pela linha férrea, Linha Verde ou canaleta das linhas expressas. “Vamos estudar. Minha tendência é defender na Linha Verde”, afirma.

Ele disse ainda ter “um pé atrás” em relação à Urbs e às empresas de transporte coletivo de Curitiba. “Meu feeling diz que tem algo errado. Os números da Urbs nunca batem com o do Tribunal de Contas, das empresas e do Ministério Público. Precisamos abrir a caixa-preta”, aponta. Ele pretende tornar todos os gastos, arrecadação e números da Urbs públicos e esmiuçados, de forma a permitir que qualquer cidadão possa chegar a esses documentos.

Leprevost ainda assumiu o compromisso de baixar entre R$ 0,10 e R$ 0,15 da tarifa de ônibus ao cortar a porcentagem à qual a Urbs tem direito. “A Urbs não pode se manter retirando seus recursos da tarifa”, diz, completando que também é “impossível” não reduzir radicalmente a estrutura da empresa.

Educação

A proposta para a educação é especialmente criar o contraturno escolar no máximo de escolas possíveis. Isso seria feito com um “almoço de boa qualidade”, depois do qual os alunos passariam por aula de reforço. A ideia do candidato é que universitários dos últimos anos de seu curso podem fazer estágio ajudando crianças a fazerem tarefas de casa. “A criança terá mais prazer de frequentar a escola. Quero que sistema de ensino seja um sistema de aprendizado, com participação da família e com a escola aberta para a comunidade nos finais de semana”, defende. Ele fala também na valorização dos professores “até o ponto que ele se sinta farol do saber”. “O professor hoje está com a moral lá embaixo. Ganha mal, tem que vender produtos para conseguir se sustentar, tem que trabalhar de casa corrigindo prova e planejando aula e até hoje não se recuperou de ter apanhado”, pondera.

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