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 | Brunno Covello/Gazeta do Povo
| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Uma estudante da Universidade Estadual de Londrina (UEL) foi obrigada por policiais militares a ficar completamente nua após sua prisão no Centro Cívico, em Curitiba, na batalha de 29 de abril. A jovem é uma dos quatro alunos da universidade detidos por policiais à paisana durante a confusão em frente à Assembleia Legislativa do Paraná na semana passada. Segundo o governo, a prisão foi motivada porque o grupo seria integrante do movimento black blocs. A acusação foi negada pela reitora da UEL, Berenice Jordão, na terça-feira (5).

A jovem relatou os detalhes da prisão em depoimento ao promotor de Direitos e Garantias Constitucionais do Ministério Público em Londrina, Paulo Tavares, na tarde de quarta-feira (6). Ela contou que, após ser detida, foi trancada com duas policiais militares em uma sala do Palácio Iguaçu, sede do governo estadual. “Ela contou ao Ministério Público que as policiais eram do sexo feminino e a despiram completamente. Em seguida, começaram a empurrar a garota e a insultá-la com palavras como vagabunda, comunista e petista”, contou o advogado e professor do curso de Direito da UEL, César Bessa. Ele acompanhou o depoimento da jovem e dos outros três alunos ao promotor.

O caso já havia sido relatado ao JL pelo presidente do Sindiprol, Renato Lima Barbosa, no dia seguinte à prisão. Na ocasião, Barbosa se limitou a dizer que a garota tinha sido a mais humilhada entre os estudantes da UEL detidos pela PM.

Além da humilhação pela qual passou a estudante, Bessa afirmou que os policiais à paisana teriam desferido diversos golpes contra os garotos presos na ação, como chutes e chaves de braço. Como também já havia adiantado o presidente do Sindiprol, os policiais teriam feito piadas homofóbicas contra um dos alunos. “Isso aconteceu porque ele estava com uma bolsa de uma das mulheres integrantes da comissão da UEL e os policiais o achacaram.”

De acordo com o advogado, apesar das agressões físicas, nenhum dos estudantes chegou a realizar exame de corpo de delito para comprovar as lesões. “Mas um deles ainda tem marcas visíveis que foram mostradas ao MP”, disse.

A Promotoria de Direitos e Garantias Constitucionais de Londrina confirmou os depoimentos dos estudantes na tarde de quarta-feira e explicou que todos os inquéritos devem ser encaminhados a uma comissão formada para investigar os fatos de 29 de abril, em Curitiba. O promotor Paulo Tavares não foi localizado nesta manhã para comentar os depoimentos. Segundo a secretária da Promotoria, o promotor estava em visita ao Hospital Universitário nesta manhã.

Em entrevista à RPC, o promotor Paulo Tavares disse que irá analisar os relatos dos estudantes e encaminhar à comissão do MP. “O que consta, até agora, é que ação policial ultrapassou os limites aceitáveis.”

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