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| Foto: Paulo Pinto/AGPT

Se os prognósticos em Brasília não falharem, Dilma Rousseff (PT) subirá à tribuna do Senado nesta segunda-feira (29) para o seu último ato formal como presidente da República. O discurso da petista é aguardado como ponto alto do desfecho do processo do impeachment, iniciado em dezembro do ano passado.

Nos trinta minutos que terá à disposição, ela deverá centrar fogo em três pontos: não cometeu crime de responsabilidade e, portanto, está sofrendo um golpe; foi vítima da vingança do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ); e paga o preço por não ter cedido à pressão de barrar a Operação lava Jato.

INFOGRÁFICO: Veja como vai ser a sessão no Senado

O pronunciamento da presidente afastada deveria ser finalizado apenas na noite deste domingo (28), com o auxílio do ex-presidente Lula. Nas últimas semanas, segundo assessores próximos, ela trabalhou de dez a doze horas por dia no texto. Sem perder o foco nos argumentos principais, a tendência é que a petista utilize uma linguagem menos técnica, ao contrário do que está acostumada, e também abra espaço para trechos emocionais, que mencionem a sua trajetória de vida na luta pela democracia.

Defesa

A exemplo da carta que enviou aos 81 senadores há 15 dias, Dilma pretende reforçar que é inocente e que o processo está sendo realizado contra a Constituição. Numa estocada no PSDB, pode afirmar que muitos não aceitaram uma nova derrota nas urnas, em 2014. Além de ressaltar a tese de golpe, deve defender novamente a realização de um plebiscito para a convocação de novas eleições.

Mesmo fora do comando da Câmara, Cunha certamente será lembrado. Em primeiro lugar, Dilma vai afirmar que o impeachment foi deflagrado após chantagem do peemedebista, que era o responsável pelo processo na Casa. Também dirá que a Câmara aprovou uma série de pautas-bomba para sabotar o seu segundo mandato.

Por fim, deve se referir a manobras que aliados do presidente interino Michel Temer (PMDB) estariam articulando para frear a Lava Jato, uma vez que ela não teria cedido às pressões para barrar as investigações. Há expectativa se a petista citará o áudio em que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) diz ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado ser necessário mudar o governo para “estancar a sangria” da Lava Jato e impedir o avanço da operação.

Provável embate

Uma das maiores preocupações, no governo e na oposição, é com o comportamento de Janaína Paschoal, que poderá fazer perguntas para a presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Uma das responsáveis pelo pedido de impeachment que tramita no Congresso, a advogada, conhecida pelo seu estilo inflamado e provocador, chegou a afirmar em abril que não iria “deixar essa cobra continuar dominando” o país. O maior receio de ambos os lados é que a sessão desta segunda-feira (29) se transforme num circo, a exemplo do que ocorreu na Câmara, quando os olhos do mundo todo estarão voltados para o Brasil.

Período de perguntas

Após discursar, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) será alvo de questionamentos dos senadores. Para se preparar, ela passou o fim de semana num treinamento intensivo com parlamentares aliados, que, em plenário, deverão fazer perguntas que deem a ela a chance de falar sobre realizações do seu governo. O período também serviu para deixá-la pronta para a necessidade de improvisos e municiá-la com argumentos para enfrentar as indagações adversárias. Uma expectativa do PT é que a possível presença do ex-presidente Lula em plenário, se não for capaz de reverter a derrota quase certa, ao menos constranja ex-aliados de Dilma a colocá-la contra a parede.

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