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Leprevost: problemas de saúde | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Leprevost: problemas de saúde| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Ney Leprevost

Deputado falta à posse e perde vaga na Mesa

Candidato a quarto-secretário na chapa encabeçada por Valdir Rossoni (PSDB), o deputado Ney Leprevost (PP) não compareceu à sessão de ontem e perdeu a vaga que ocuparia na Mesa Diretora da Assembleia. Apesar de ter justificado a ausência por problemas de saúde, Leprevost teve de ser retirado da chapa, uma vez que ainda não foi empossado oficialmente no cargo de deputado.

O contratempo fez com que Fabio Camargo (PTB), que era originalmente candidato a quinto-secretário, assumisse a quarta-secretaria no lugar de Leprevost. Por sua vez, quem ficou com a quinta-secretaria foi Gilson de Souza (PSC), que está no primeiro mandato na Assembleia.

O deputado Valdir Rossoni (PSDB) assumiu ontem a presidência da Assembleia Legis­­lativa do Paraná prometendo mudanças que, se implementadas, podem enfim trazer transparência ao Poder Legislativo paranaense. Numa entrevista exclusiva, concedida horas depois de ser eleito presidente da Assembleia, o tucano adiantou que vai demitir 50% dos funcionários comissionados da administração da Casa, que não vai manter nenhum diretor da antiga gestão no cargo e que a gráfica da Assembleia será lacrada e fechada para nunca mais rodar o Diário Oficial do Legislativo. Era na gráfica que, segundo denúncias da Gazeta do Povo e da RPC TV, na série de reportagens Diários Secretos, eram "fabricadas" decisões que permitiram o desvio de até R$ 100 milhões por meio da contratação de servidores fantasmas e "laranjas".

Mais cedo, durante discurso em plenário, o novo presidente já tinha anunciado a intenção de contratar a Fundação Getulio Vargas (FGV) para fazer uma auditoria nas aposentadorias dos servidores, na efetivação dos funcionários da Casa e no pagamento aos servidores de perdas referentes à implantação na década de 90 da Unidade Real de Valor (URV), projeto recém-aprovado pela Assembleia que deverá custar aos cofres do Legislativo cerca de R$ 60 mi8lhões. A primeira medida da FGV, entretanto, deve começar já nesta quarta-feira. A fundação possivelmente inicia hoje um recadastramento de todos os funcionários efetivos. Confirmada qualquer irregularidade, disse Rossoni, o pagamento será suspenso. "A contratação da FGV é um importante passo na moralização da Casa", avaliou o deputado petista Tadeu Veneri, um dos críticos mais contundentes da administração do legislativo paranaense.

Ameaças

Antes mesmo da eleição, Ros­­soni sentiu na pele que as mu­­dan­­ças que pretende fazer vão provocar reações em alguns setores da Casa. Pela manhã, alguns seguranças da Assembleia procuraram o tucano por causa da insatisfação de terem sido exonerados dos cargos de confiança. Na se­­gunda-feira, o ex-presidente Nel­­son Justus (DEM) e o ex-primeiro-secretário Ale­­xandre Curi (PMDB), assinaram o Ato n.º 86/11, publicado no Diário n.º 135, o qual demite todos os servidores que ocupam cargo em comissão. A exoneração em massa está prevista na Lei da Transpa­­rência.

Insatisfeitos, alguns seguranças da Casa, entre eles Edenilson Carlos Ferry (conhecido como Tôca) – eleito na sexta-feira passada para o Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis) – procuraram Rossoni para obter o compromisso de seriam recontratados. A reportagem apurou que Rossoni se esquivou, dizendo que ainda não era presidente ainda e que por isso não teria como se comprometer com os seguranças.

A tensão aumentou e alguns deputados disseram que viram quando Tôca e outros dois seguranças ameaçarem Rossoni exibindo armas. Este teria sido o estopim para que o novo presidente da Assembleia anunciasse ainda no plenário as mudanças que pretende fazer. "Não há força ou ameaça que me afaste do caminho das mudanças", afirmou o tucano. A reportagem da Gazeta do Povo procurou o presidente do Sindi­­le­­gis, mas ele estava em uma reunião e depois o celular dele estava desligado.

Rossoni disse acreditar que as resistências não vão parar por aí. Ele afirmou que ao implementar as mudanças na administração da Casa, alguns deputados se sentirão ofendidos ou perseguidos. Para evitar qualquer constrangimento, Rossoni deu o recado em plenário: "Não me procurem para pedir favores, para proteger alguém. Me procurem para fazer dessa Casa a mais transparente do Brasil", disse citando um prazo de seis meses. Veneri, apesar de não ter votado em Rossoni, assim como os outros cinco deputados do PT, disse que o discurso do novo presidente foi revolucionário. "Isso foi histórico".

O novo presidente pediu apoio dos parlamentares para conseguir mudar a imagem do legislativo paranaense. "Dentro de seis meses, a Assembleia do Paraná será a melhor do Brasil." Se de fato as medidas forem colocadas em práticas, muitas das irregularidades mostradas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV na série Diários Secretos podem ser evitadas. O fechamento da gráfica e a demissão de metade dos servidores comissionados que estão na administração, por exemplo, vão impedir que os diários oficiais da Casa sejam "fabricados" sem nenhum tipo de controle, como o Ministério Público provou que acontecia. As reportagens mostraram que todos os funcionários fantasmas identificados pela Gazeta do Povo e pela RPC TV detinham cargos comissionados na administração da Assembleia.

Rossoni ressaltou que ao defender mudanças, ele não está desmerecendo o trabalho feito pelo antecessor, Nelson Justus. "O deputado Nelson Justus fez avanços sim, mas agora serão avanços definitivos. Não temos mais tempo [para adiar as mudanças]".

Votação

Sem surpresas, Rossoni foi eleito com o voto de 47 deputados. A bancada do PT se absteve da votação – os deputados ficaram contrariados porque o tucano não acatou algumas das propostas, como o fim da reeleição para presidente da Mesa. A única ausência na Assem­­bleia foi a do deputado Ney Le­­prevost (PP), que apresentou justificativa médica (leia mais ao lado).

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