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Um grupo de militantes derrubou nesta terça-feira o busto do ex-reitor da UFPR Flávio Suplicy de Lacerda, ligado ao regime militar, e arrastou a imagem da reitoria até a Rua XV de Novembro | Daniel Castellano / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Um grupo de militantes derrubou nesta terça-feira o busto do ex-reitor da UFPR Flávio Suplicy de Lacerda, ligado ao regime militar, e arrastou a imagem da reitoria até a Rua XV de Novembro| Foto: Daniel Castellano / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Gazeta publica série sobre a ditadura militar

A Gazeta do Povo está publicando uma série de reportagens especiais que tentam analisar o regime militar e suas consequências para a vida atual do país.

Leia as reportagens da série

Forças Armadas criam comissões para investigar casos de tortura

As Forças Armadas instauraram comissões de sindicância para investigar práticas de tortura dentro de instalações militares. A iniciativa foi tomada a pedido da Comissão Nacional da Verdade, que apura crimes cometidos contra os direitos humanos no período entre 1946 e 1988, abrangendo a ditadura militar. O coordenador da comissão, Pedro Dallari, foi informado da notícia nesta terça-feira (1º) pelo ministro Celso Amorim (Defesa).

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  • Um grupo de militantes derrubou nesta terça-feira o busto do ex-reitor da UFPR Flávio Suplicy de Lacerda, ligado ao regime militar, e arrastou a imagem da reitoria até a Rua XV de Novembro

Num ato de "descomemoração" do golpe militar de 1964, um grupo de militantes, formado principalmente por estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), derrubou no início da tarde desta terça-feira (1º) o busto do ex-reitor Flávio Suplicy de Lacerda, repetindo o que havia sido feito em maio de 1968. No cargo de ministro da Educação do primeiro governo militar, Suplicy tentou implantar a cobrança de mensalidade no ensino superior do país. O insucesso da medida é considerado uma das únicas derrotas da ditadura ao longo de seus 21 anos.

A ação foi comandada pelo Levante Popular da Juventude e outros grupos estudantis, que jogaram tinta vermelha, colaram faixas e, por fim, derrubaram o busto. Depois, no fim da tarde, arrastaram a imagem da reitoria até a Rua XV de Novembro, da mesma forma que ocorreu em 1968.

Segundo Alexandre Boing, estudante de História da UFPR e um dos participantes do movimento, o objetivo do ato é deixar uma marca no presente e, assim, fazer com que a sociedade brasileira lide de outra maneira com o passado. "Um agente da ditadura, que agia por dentro da reitoria da UFPR e do MEC, não merece uma homenagem, mas deve estar num museu com o devido esclarecimento de que foi a pessoa que acreditava na necessidade de privatização do ensino", afirma o jovem.

Na chefia do Ministério da Educação entre 1964 e 1966, Suplicy foi o responsável por costurar com os EUA os acordos chamados de MEC-Usaid, que promoveram uma série de reformas no sistema educacional brasileiro. A ideia central era que a educação deveria ser um pressuposto para o desenvolvimento econômico. Uma das medidas previa a implantação do ensino pago nas universidades, que começaria pelos calouros de 1968 da UFPR. Os veteranos, porém, comandaram um boicote e 93% dos novos alunos pediu isenção do pagamento. Diante da insistência da União em cobrar a mensalidade, os estudantes tomaram a reitoria e derrubaram o busto de Suplicy. As ações resultaram no recuo do governo e o ensino superior continuou gratuito.

A intenção do Levante Popular da Juventude é ficar de posse do busto até que as comissões da verdade do Paraná e da UFPR definam o que fazer com a peça. O grupo defende que ela seja colocada num museu com a identificação de que retrata um "agente da ditadura".

Procurado por telefone, o atual reitor da UFPR, Zaki Akel, não foi encontrado para comentar o assunto.

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