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PF investiga relação de doleiros com concessões

A Polícia Federal investiga suposta participação societária e movimentações financeiras dos doleiros Alberto Youssef e Fayed Antoine Traboulsi nos consórcios vencedores de dois dos maiores leilões de concessão do governo Dilma Rousseff (PT) nas áreas de energia e transporte: o da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos e do Aeroporto Internacional de Viracopos.

O suposto elo entre os doleiros – presos nas operações Lava Jato e Miqueias da PF – são dois ex-ministros, o ex-secretário Nacional do Tesouro e o ex-diretor da Conab no governo Collor (1990-1992): Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos (Assuntos Estratégicos), João Santana (Infraestrutura), Roberto Guimarães (SNT) e João Mauro Boschiero (Conab).

"Há ligações societárias entre as empresas controladas por ‘PP’ e a empresa Aeroporto Brasil Viracopos S.A. Um dos sócios de PP, Roberto Figueiredo Guimarães é sócio da empresa ganhadora da concessão", registram os agentes da PF, nos autos da Lava Jato. PP é o apelido de Pedro Paulo, criador do fundo GPI Investimentos e criador do Fundo Constantinopla, que venceu ao lado de Furnas o leilão da UH de Três Irmãos, neste ano. A PF já tinha elementos para apontar a ligação de PP com Fayed e Youssef. Agora, tenta provar que ele também se envolveu no contrato de concessão de Viracopos – assinado em fevereiro de 2012, por R$ 3,8 bilhões.

Roberto Guimarães, apontado como sócio de PP, é seu cunhado e atual diretor financeiro da Concessionária Brasil Viracopos, Além dele, PP tem relações estreitas, segundos os agentes da PF, com o presidente do conselho de administração da concessionária, João Santana – que é diretor da Constran, empresa sócia da UTC (uma das formadoras da Brasil Viracopos S A), em nome de Ricardo Pessoa. Por meio de assessoria, ele negou ser sócio do cunhado.

Não é a primeira vez que Guimarães é investigado pela PF. Ele foi preso em 2007 por suposto envolvimento com a Gautama, empresa de Zuleido Veras, na Operação Navalha.

Outro lado

A UTC-Constran, sócia da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos S.A., negou qualquer ligação com Youssef. Em nota, informou ainda que nem Roberto Guimarães nem João Santana têm participação no consórcio. Procurado, PP não foi localizado.

Estadão Conteúdo

Doleiro

O doleiro Alberto Youssef, também preso acusado de ser um dos cabeças do esquema desbaratado pela Lava Jato, também tentou negociar com o Ministério Público Federal uma nova delação premiada (ele fez a primeira no caso do Banestado, em 2003), mas desistiu ao ser informado que pegaria pelo menos 3 anos de prisão, em regime fechado.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa citou ontem nomes de senadores, deputados federais e ao menos um governador que receberiam 3% de comissão so­­bre o valor de cada contrato da Petrobras firmado durante sua gestão na diretoria de Abastecimento da estatal. Desde o dia 29 de agosto, ele está depondo em regime de delação premiada para tentar obter o perdão judicial. Costa é alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que desmantelou um grande esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobras.

INFOGRÁFICO: Veja casos em que Costa estava envolvido

O número de políticos que estariam envolvidos, porém, ainda é divergente. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o ex-diretor da Petrobras deu o nome de 12 senadores, 49 deputados federais e um governador. Já o Estado de S. Paulo afirma que Costa citou pelo menos 32 deputados e senadores, um governador e cinco partidos políticos que receberiam comissão sobre contratos da estatal. O site da revista Veja, por sua vez, diz que "três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal".

Relatos

Costa relatou a formação de um cartel de empreiteiras dentro da Petrobras, em quase todas as áreas da estatal. Partidos políticos eram supostos beneficiários de recursos desviados por meio de comissões em contratos arranjados. E exemplificou que "todo dia tinha político batendo em sua porta". Num depoimento, ele citou uma conta de um "operador do PMDB" em um banco europeu.

O ex-diretor contou que os desvios nos contratos da Petrobras envolveriam desde o funcionário do terceiro escalão até a cúpula da empresa, durante sua gestão na diretoria de Abastecimento, entre 2004 e 2012. O ex-executivo também citou quase todas as grandes empreiteiras do país que conseguiram os contratos. Inicialmente seu alvo foram as empresas, mas não havia como isentar os políticos, uma vez que, segundo ele, foram beneficiados com propinas. Por causa da citação aos políticos, que têm foro privilegiado, os depoimentos serão remetidos para a Procuradoria Geral da República. A PGR disse que só irá receber a documentação ao fim do processo.

Perdão judicial

O acordo de delação premiada assinado por Costa prevê praticamente o perdão judicial. A pena que ele receberá será mínima comparada aos 50 anos que poderia pegar se responder aos processos – já é réu em duas ações, uma sobre corrupção na Petrobras e outra sobre ocultação e destruição de documentos.

O acordo prevê que o ex-exe­cutivo será colocado em liberdade quando encerrar os depoimentos. Ele deve ficar um ano usando tornozeleira eletrônica, em casa, no Rio, sem poder sair na rua.

Os depoimentos têm sido longos. No primeiro dia foram mais de quatro horas. Um advogado do Paraná que esteve com ele diz que Costa está "exausto, mas se diz aliviado". Os depoimentos são todos filmados e tomados em uma sala na Custódia da PF em Curitiba. Ao final de cada dia os depoimentos são lacrados e criptografados pelo Ministério Público Federal, que os envia diretamente para a PGR, em Brasília.

Renan Calheiros é citado em depoimentos da Lava Jato

Estadão Conteúdo

O nome do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi mencionado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em depoimentos prestados à Justiça na tentativa de conseguir o perdão judicial por meio da delação premiada.

Um dos negócios mencionados envolvendo Renan é um acerto com o doleiro Alberto Youssef para que o Postalis comprasse R$ 50 milhões emitidos da Marsans Viagens e Turismo, que tinha Youssef como um dos investidores. O doleiro teria se reunido com Renan, em Brasília, no início de março, para acertar a comissão do PMDB nesse negócio. O fundo de pensão dos Correios é controlado pelo PMDB e PT. O negócio não ocorreu porque estava em curso quando Youssef e Paulo Roberto foram presos. A empresa fechou após as prisões. A assessoria de Renan afirmou que não localizou o senador para comentar o assunto.

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