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Assembleia notifica deputado sobre sindicância de cassação

Assembleia abre processo para investigar quebra de decoro

O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus (DEM), juntamente com o corregedor-geral, deputado Luiz Accorsi (PSDB), e o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, deputado Pedro Ivo (PT), decidiram, na manhã desta segunda-feira (18), abrir um processo de sindicância para apurar a possível quebra de decoro parlamentar por parte do deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB).

O primeiro passo do processo, que terá a duração máxima de 30 dias, será o parecer pela abertura da apuração, que deve ser emitido pela Corregedoria à Mesa Executiva ainda nesta segunda-feira. O deputado Carli Filho será notificado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se encontra internado, e terá o prazo de dez dias para apresentar defesa.

A medida foi iniciada após o advogado Elias Mattar Assad, representando Gilmar Yared e Cristhiane Souza Yared, pais de Gilmar Rafael Souza Yared, morto no acidente, ter protocolado na Assembleia um documento para que fosse instaurado um processo de cassação do mandato do parlamentar por quebra de decoro.

O resultado do exame de dosagem alcoólica feito na amostra de sangue do deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (PSB) comprovou que o parlamentar estava embriagado no momento do acidente que matou dois jovens em Curitiba, na madrugada do dia 7. De acordo com a análise, feita pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba e divulgada no fim da manhã desta segunda-feira (18) pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), havia no sangue do deputado 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue. Para o Código Brasileiro de Trânsito (artigo 306), a apresentação de dosagem acima de 6 decigramas já é considerada crime, e o nível tolerado é de 2 decigramas.

O material examinado pelo IML foi coletado pelo Hospital Evangélico para exames clínicos logo após o acidente, mas só uma semana depois do acidente, quando a Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran)solicitou as amostras de sangue . "Hoje é possível afirmar com 100% de certeza que o deputado estava sob influência alcoólica no momento da colisão", disse à Agência Estadual de Notícias o delegado Armando Braga de Moraes Neto, da Dedetran, que acompanha as investigações.

O laudo do IML comprova indícios que já constavam do inquérito que apura o caso no Tribunal de Justiça (TJ). Garçons que serviram Carli Filho no restaurante no qual ele esteve poucas horas antes do acidente, contaram que o parlamentar pediu quatro garrafas de vinho – não se sabe se bebeu sozinho ou com os amigos – e demonstrava estar embriagado quando saiu do estabelecimento. Depoimentos dos policiais militares que atenderam o acidente e o relatório emitido pelo Siate também apontavam a embriaguez do deputado.

Segundo a Sesp, para a conclusão do inquérito ainda falta finalização de outros laudos periciais, como o de levantamento do local de morte, que possibilitará compreender a dinâmica da colisão e a possível velocidade dos veículos envolvidos, e o resultado da necropsia das vítimas. Ainda nesta semana a polícia pretende realizar a reconstituição do acidente.

Acidente

A colisão aconteceu na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski na madrugada do dia 7. O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar na Rua Barbara Cvintal, uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos, morreram no local.

Reportagem da Gazeta do Povo revelou que Carli Filho estava com a carteira de motorista cassada no momento da ocorrência, em razão do excesso de multas – a maioria por excesso de velocidade.

A família Yared pediu a cassação do mandato do deputado. A Mesa Executiva, o Conselho de Ética e a Corregedoria da Assembleia Legislativa do Paraná se reúnem nesta segunda-feira para decidir o trâmite do processo. "Esperamos o indiciamento formal do deputado até o início da próxima semana", disse Elias Mattar Assad, que representa a família. "Não queremos vingança, mas equilíbrio e justiça."

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