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 | Jefferson Rudy/Jefferson Rudy/Agência Senado
| Foto: Jefferson Rudy/Jefferson Rudy/Agência Senado

Em um longo discurso nesta segunda-feira na tribuna do Senado e posterior entrevista, o presidente do PMDB e líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR), explicou os motivos que o levaram a apresentar - e posteriormente retirar - a PEC que iria impedir o julgamento dos presidentes dos Poderes que estão na linha sucessória da Presidência da República. O alvo de Jucá foi principalmente a imprensa, que chamou de nova “vivandeiras e carpideiras”, que parte para o “estraçalhamento” e não dá a chance de ninguém se defender.

Jucá disse ainda que não é bruxo e nem está sendo queimado na fogueira. Ele também afirmou que estão querendo reeditar momentos de exceção, como a Inquisição, o nazismo.

“As novas vivandeiras e carpideiras são a imprensa, que choram os que foram marcados no peito e ainda não morreram. Chorem pelos outros, por mim, eu agradeço, não precisa fazer esse esforço”, disse o líder do governo, mencionando o nazismo, quando marcavam os judeus com a cruz de Israel.

No discurso, os ataques mais pesados foram dirigidos a jornalistas e colunistas que criticaram o fato de, como investigado na Operação Lava Jato, apresentar uma proposta de mudança constitucional que poderia blindar chefes de poder investigados. Jucá comparou o trabalho da imprensa ao nazismo, fascismo, Inquisição e revolução francesa, quando “apontavam o dedo”, chamavam de bruxo ou bruxa e duas semanas depois estavam queimados na fogueira, sem defesa.

“No passado a turba fazia linchamento, hoje quem tenta fazer esse linchamento não é a turba, é a imprensa e setores da sociedade”, disse Jucá, depois de ler da tribuna o nome de jornalistas e jornais que dedicaram editoriais sobre a PEC.

Na tribuna, senador reafirma inocência

Ainda na tribuna do Senado, mais uma vez o líder governista negou que sua intenção fosse blindar os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) ou atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato com a PEC apresentada na semana passada. Jucá acusou jornalistas de terem pressionado senadores a retirar suas assinaturas da PEC e avisou que não haverá “patrulhamento” que o faça mudar seu modo de agir em defesa do Legislativo.

Ele disse que em Roraima, Jucá é o nome de uma árvore que não se verga e não quebra. “Eu não sou réu. Sou investigado. Vou continuar agindo como sempre agi. Não vou me acovardar, vou fazer o enfrentamento que achar que tenho que fazer. Medo é uma palavra que não conheço. Se pensam que vão me atemorizar, não percam seu tempo”, discursou. “Eu não vou morrer de véspera, eu não me entrego, sei o que fiz, o que defendo e o que vou fazer”.

O líder disse que não conversou com Eunício, Maia ou o presidente Michel Temer sobre a PEC, que apresentou para dar isonomia de tratamento aos presidentes dos Poderes . Disse que tomou a iniciativa como senador, não como líder do governo ou presidente do PMDB. Disse que foi motivado pela liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que pediu, ano passado, o afastamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado, num fato inusitado, por liminar, e dois dias depois o pleno do tribunal reformou a decisão, dizendo que o réu podia continuar na presidência do poder, mas não na linha sucessória.

“Quando aconteceu com o Renan eu pensei com meus botões: Será que é justo o presidente da República e o vice terem um tratamento e os presidentes dos outros poderes não? O poder congressual, que emana do povo, que representa o povo? Será que esse poder de repente pode ter quebrada a sua coluna vertebral, se colocado de cócoras diante do País, porque alguém quer investigar seu presidente? Será que é essa a estabilidade jurídica que queremos para o Brasil?”, discursou Jucá, completando que, em caso de afastamento, o “Congresso Nacional entra em convulsão”.

Após longo discurso, mais pedradas em entrevista

Ainda na entrevista, O líder do governo repetiu que não é réu, e que está sendo investigado no Supremo a seu pedido para dar uma satisfação a seus eleitores.

“Quero saber quem é a organização criminosa que armou aquela tramoia do Sérgio Machado. Abri os meus sigilos para mostrar que não conversava com ele. Eu clamo para ser investigado e por uma decisão do STF”, disse Jucá, pedindo que o Supremo faça “um mutirão Jucá” para concluir logo seus inquéritos.

E disse que é criticado pela imprensa, mas está muito bem perante seus eleitores.

“Graças a Deus eu ando pelo Brasil e as pessoas pedem para tirar fotos comigo, tirando a armação da última sexta-feira, tramada por um senador imbecil . O Povo de Roraima e do Brasil me conhece”, disse Jucá, referindo-se a manifestação em Boa Vista , organizada pelo senador licenciado Telmário Mota.

Jucá concluiu seu longo pronunciamento explicando mais uma vez, que a gravação onde aparece dizendo que é preciso “estancar a sangria”, não se referia a Lava Jato, mas o desmonte do país promovido pelo governo da presidente cassada Dilma Rousseff.

“A Lava Jato não é sangramento, é remédio. Jamais me coloquei contra a Lava Jato, pelo contrário, eu quero apoiar e vou provar isso”.

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