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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal, em Curitiba, mandou soltar neste domingo (26) os três últimos três presos temporários, alvos da Operação Carne Fraca, que apura corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e empresas do setor de carnes e processados, entre elas unidades dos grupos BRF e JBS. A família do apontado pela Polícia Federal (PF) como líder do esquema, Daniel Gonçalves Filho, estaria pressionando para que ele fizesse um acordo de delação premiada.

Ao todo, 37 pessoas foram presas na Carne Fraca, deflagrada no dia 17. Do total, 11 com mandado de prisão temporária, quando a detenção vale por 5 dias, prorrogáveis por mais 5. Na terça-feira (21), o magistrado mandou soltar 8 dos alvos que estavam nesta condição e prorrogou por mais cinco dias a ordem de reclusão contra Rafael Nojiri Gonçalves, Antonio Garcez Junior e Brandizio Dario Junior.

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Neste domingo, o delegado da Polícia Federal Maurício Moscardi Grillo enviou oficiou ao juiz comunicando o fim da necessidade de detenção dos alvos.

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“As diligências preliminares que justificavam a medida de prisão temporária dos investigados estão cessadas. Desta forma, esta autoridade policial, neste instante da investigação, não se opõe pela liberação dos presos temporários”, escreveu o delegado, em despacho.

Além de Rafael - que é filho de Gonçalves Filho, a mulher do ex-superintendente, Alice Mitico Nojiri Gonçalves, e a filha Laís Nojiri Gonçalves, também são investigadas. A Polícia Federal afirma, na Carne Fraca, que ‘a esposa e filhos de Daniel sempre prestaram-lhe auxílio em suas atividades criminosas, das mais diversas formas’.

“(A família) tem conhecimento da sua atividade criminosa paralela à sua atuação da Superintendência, apoiando-a e dela participando ativamente, aproveitando a todos os frutos dos delitos que estariam sendo cometidos pelo patriarca”, aponta a PF.

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“Daniel é pessoa de grande poder e influência no âmbito da Superintendência, mantendo contato direto com parlamentares, seus assessores, e com diversos empresários do ramo agropecuário.”

Segundo a investigação da PF, como superintendente Regional, Daniel Gonçalves ‘se revelou como o líder da organização criminosa que contamina a Superintendência Federal da Agricultura, no Paraná, comandando e reverenciando a atuação corrupta dos também ficais e/ou subordinados seus’.

Caso a pressão para que Gonçalves Filho feche uma delação tenha efeito, uma fonte com acesso à investigação disse ao jornal O Estado de S. Paulo que “Brasília não vai dormir”.

A operação

A Operação Carne Fraca mira corrupção na Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Paraná (SFA/PR) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No rol de empresas investigadas pela Polícia Federal estão a JBS, dona da Seara e da Big Frango, a BRF, controladora da Sadia e da Perdigão, e os frigoríficos Larissa, Peccin e Souza Ramos.

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Na lista de irregularidades identificadas pela PF estão o pagamento de propinas a fiscais federais agropecuários e agentes de inspeção em razão da comercialização de certificados sanitários e aproveitamento de carne estragada para produção de gêneros alimentícios. Os pagamentos indevidos teriam o objetivo de atender aos interesses de empresas fiscalizadas para evitar a efetiva e adequada fiscalização das atividades, segundo a investigação.

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