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Ricardo Barros foi relator do orçamento no ano passado e defendeu cortes  rígidos para a Justiça do Trabalho. | José Cruz/Agência Brasil
Ricardo Barros foi relator do orçamento no ano passado e defendeu cortes rígidos para a Justiça do Trabalho.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Conhecido pelo esforço para reduzir a estrutura da Justiça do Trabalho, o ministro Ricardo Barros (PP-PR) tinha, até o início desta semana, uma sobrinha que era umas poucas pessoas em cargo comissionado no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT9). Alana Borghetti Violanni atuava como assessora, lotada na Secretaria Geral da Presidência, ganhava um salário de R$10.352,52 e atuava na área de cerimonial do Tribunal.

Após a divulgação em alguns blogs e redes sociais de que ocupava o cargo, Alana pediu exoneração na última terça-feira( 24). “Considerando notícias divulgadas na imprensa e nas redes sociais a respeito do exercício de minhas atividades junto a este tribunal Regional do Trabalho e visando preservar minha vida pessoal e esta instituição, solicito a exoneração do cargo”, escreveu Alana em carta ao secretário-geral da presidência do TRT-9.

A situação de Alana no Tribunal era exceção, pois, além dela, há apenas mais três profissionais no Tribunal que são comissionados. Em nota, o Tribunal ressaltou como aspecto positivo a pequena quantidade de profissionais neste enquadramento. A reportagem questionou se o cargo de Alana seria ocupado por outra pessoa, e se seria efetivo ou comissionado, mas TRT-9 não respondeu essa questão.

Sobre a ex-servidora, também em nota, o Tribunal informou que Alana foi nomeada em 7 de abril de 2015 e que ela “foi mantida no cargo em razão do satisfatório desempenho no cumprimento de suas atribuições”.

O tio

Atualmente ministro da Saúde, Ricardo Barros foi relator do orçamento no ano passado e chegou a propor redução de 50% no orçamento de custeio da Justiça do Trabalho. Após um acordo com representantes do Judiciário, o corte foi de 24%. Em entrevista à Gazeta do Povo em fevereiro deste ano, Barros defendeu que o ramo da Justiça voltado a questões trabalhistas teria de ser reduzido para diminuir a quantidade de ações, na opinião dele excessivas, que são ajuizadas.

“A Justiça do Trabalho é um caça-níquel onde as pessoas [que ajuizam ação] jogam sem comprar ficha. Se não ganham, também não perdem”, disse Barros no início do ano.

A reportagem procurou o ministro para saber sua opinião sobre sua sobrinha estar entre os poucos comissionados da Justiça do Trabalho no Paraná. O ministro que não se lembrava de que a parente trabalhava lá. “Se ela não estivesse ocupando esse cargo, alguém estaria. Ela é uma profissional formada, capacitada. E eu nem lembrava que estava lá”.

Sobre as mudanças que defendeu na Justiça do Trabalho, Barros disse que não mudou de opinião. “A minha posição é exatamente mesma”.

A tia

O laço consanguíneo de Alana é com a vice-governadora, Cida Borghetti (PP-PR), de quem é sobrinha. No gabinete de Cida, trabalha Sionara Maria Diedrichs Nascimento, irmã da desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão, que foi presidente do TRT-9 de 2011 a 2013.

A reportagem procurou a assessoria da vice-governadora para verificar se haveria alguma ligação da atuação de Sionara no gabinete de Cida, com a contratação de Alana no TRT-9.

Segundo a assessoria da vice-governadora, Sionara integra a equipe de Cida desde 2003, muito tempo antes da nomeação de Alana – em 2015.

“A assessoria de imprensa da vice-governadora, Cida Borghetti, afirma que não existe nepotismo cruzado nas contratações”, afirmou nota.

O TRT-9 não respondeu ao questionamento sobre a possibilidade de ligação entre as duas nomeações. Pela data, a nomeação de Alana ocorreu durante a gestão de Altino Pedrozo dos Santos, que sucedeu Rosemarie na presidência do tribunal.

E a desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão declarou que não se pronunciaria além do que foi informado na nota do TRT-9.

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Confira a íntegra da nota do TRT-9

O Tribunal Regional do Trabalho do Paraná informa que a servidora Alana Borghetti Violanni pediu exoneração das funções que desempenhava nesta instituição.

A ex-servidora foi nomeada pelo TRT em 07 de abril de 2015 e foi mantida no cargo em razão do satisfatório desempenho no cumprimento de suas atribuições.

Destaque-se que dentro de um universo de quase 2.500 servidores concursados, a corte trabalhista paranaense conta apenas com três servidores extraquadro.

Embora a Justiça do Trabalho repudie as restrições orçamentárias impostas, a atual administração não poderia discriminar a ex-servidora, tendo recebido com surpresa

o pedido de exoneração, apesar da absoluta legalidade de sua nomeação e exercício de funções.

Confira a íntegra da nota do gabinete da vice-governadora

Nota de Esclarecimento:

A assessoria de imprensa da vice-governadora, Cida Borghetti, afirma que não existe nepotismo cruzado nas contratações.

A servidora Sionara Maria Diedrichs integra a equipe de assessoria desde 2003. Tendo exercido funções nos dois mandatos de Cida Borghetti na condição de deputada estadual (2003-2006 e 2007-2010) e também durante o mandato de deputada federal (2011-2014). Ou seja, faz parte da equipe há cerca de 13 anos.

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