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Vista aérea do Parque Olímpico do Rio de Janeiro: obras serão investigadas. | Renato Sette Camara/Prefeitura do Rio
Vista aérea do Parque Olímpico do Rio de Janeiro: obras serão investigadas.| Foto: Renato Sette Camara/Prefeitura do Rio

Os integrantes da Operação Lava Jato pretendem investigar contratos de obras relacionadas aos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, que chegam a cerca de 40 bilhões de reais, afirmou um delegado da Polícia Federal que está à frente das operações.

A PF acredita que algumas das empreiteiras sob investigação por fazerem parte de um esquema de corrupção em obras da Petrobras “muito provavelmente” cometeram irregularidades como acerto de preços e pagamento de propina para obter contratos de construções olímpicas, segundo o delegado Igor Romário de Paula.

“Em todas as situações em que alguma investigação foi feita nas contratações dessas empresas esse modelo de corrupção se repetiu”, disse o delegado à Reuters em entrevista por telefone. “É possível que tenha se repetido também para as obras da Olimpíada de 2016”, afirmou, acrescentando que a possibilidade será investigada “na sequência”, sem estipular prazo.

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Até agora, segundo o delegado, não existem provas de crimes relacionados a obras dos Jogos Olímpicos. Os investigadores, disse ele, ainda estão concentrados no foco principal da Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras envolvendo empreiteiras, com o pagamento de propinas para executivos da estatal e políticos em troca de vitórias nas licitações.

Das cerca de 30 empresas sendo investigadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), cinco estão construindo a maior parte das instalações esportivas e de infraestrutura dos Jogos, ao custo de quase 40 bilhões de reais.

A Odebrecht [ODBES.UL], maior empreiteira da América Latina, está envolvida em mais da metade dos projetos olímpicos no tocante ao valor, de acordo com contratos vistos pela Reuters. O executivo Marcelo Odebrecht, presidente da companhia e neto de seu fundador, está preso desde junho e sob julgamento por acusação de corrupção no caso Petrobras.

As outras quatro construtoras envolvidas na maior parte do restante das obras olímpicas são OAS [OAS.UL], Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Carioca Christiani Nielsen Engenharia.

O presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão em agosto em função das acusações de corrupção no inquérito da Petrobras. Executivos da Andrade Gutierrez e da Queiroz Galvão foram postos em prisão preventiva e também enfrentam denúncias de corrupção.

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Odebrecht e Andrade Gutierrez se recusaram a comentar as declarações do delegado sobre investigação envolvendo os Jogos. As outras empresas não responderam a pedidos por comentários. A realização de uma Olimpíada segura e livre de escândalos é importante para o Brasil, que enfrenta um momento de inúmeras denúncias de corrupção e passa por uma recessão econômica.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), vem repetindo que a Olimpíada pode ser um exemplo para o mundo de como o Brasil é capaz de realizar um evento bem-sucedido e livre de problemas de corrupção.

A Prefeitura do Rio está supervisionando a maior parte dos projetos de construção, embora alguns sejam financiados pelos governos federal ou estadual, e o comitê organizador Rio 2016 esteja tratando de estruturas temporárias. Procurada pela Reuters, a prefeitura disse que todos os contratos são transparentes e se colocou à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento.

O delegado Igor Romário de Paula, que faz parte da equipe de investigadores da Lava Jato sediada em Curitiba, disse ainda que a PF pretende continuar a expandir a investigação para além da Petrobras, ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha desmembrado partes do inquérito não diretamente relacionadas com a estatal e encaminhado a outros Estados.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e outros departamentos de infraestrutura do governo também são alvos em potencial dos investigadores, segundo o delegado.

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