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Lula está em Brasília para contra-atacar os constantes ataques que vem recebendo. | Paulo Whitaker/Reuters
Lula está em Brasília para contra-atacar os constantes ataques que vem recebendo.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Enquanto a presidente Dilma Rousseff cumpre agenda oficial nos Estados Unidos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou nesta segunda-feira (29) a Brasília para uma série de reuniões com dirigentes e parlamentares do PT, com a cúpula do PMDB e com o marqueteiro João Santana. Ele também telefonou para o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), citado na delação premiada de Ricardo Pessoa, dono das construtoras UTC e Constran, investigado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. A campanha de Lula em 2006 também foi citada na delação de Ricardo Pessoa como tendo recebido R$ 2,4 milhões da UTC.

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 Em quase quatro horas de reunião, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a deputados e senadores do PT, na noite de segunda, que é preciso fazer o enfrentamento político da Operação Lava Jato, segundo relato de participantes.  Depois de dizer que o PT está “abaixo do volume morto”, Lula afirmou que o partido “tem tudo para ressurgir com força”. Ele também teria afirmado que é preciso virar a página do ajuste fiscal e investir em uma agenda positiva para o país.

“Ele disse que precisamos fazer o enfrentamento, que as denúncias não vão parar. Foi uma reunião para zerar o jogo e tentar rearrumar as coisas”, disse um parlamentar petista.

Depois das críticas feitas ao governo Dilma Rousseff e ao PT nas últimas duas semanas, Lula teria adotado um tom mais conciliador. E cobrou uma atuação mais contundente dos petistas na defesa de seu projeto: “Isso é página virada. Ele falou da necessidade da bancada atuar como um coletivo na defesa do governo e do PT, de enfrentar a oposição com o mesmo radicalismo que eles nos enfrentam”, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (CE).

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O ex-presidente também insistiu na necessidade de o governo investir em uma agenda positiva e de o PT ter um discurso mais propositivo; “O presidente Lula disse que é preciso virar a página. O ajuste está se esgotando, está sendo concluído, e o governo já saiu a campo com o programa de concessões, o Plano Safra, vai ter a nova etapa do Minha Casa Minha Vida. Temos que passar para a agenda do crescimento econômico. Foi uma reunião para animação dos seus pares”, disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

De acordo com o senador Paulo Paim (PT-RS), Lula disse que o PT precisa se reaproximar dos movimentos sociais: “O presidente Lula disse que o PT tem tudo para ressurgir com força, desde que saiba se articular com os movimentos sociais”, ressaltou, ao sair da reunião antes de seu encerramento.

Crítico do ajuste fiscal conduzido pelo governo Dilma Rousseff e insatisfeito com os rumos do partido, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) foi o único da bancada que faltou ao encontro.

A presença de Lula em Brasília não agradou ao Palácio do Planalto. A avaliação é que a movimentação do ex-presidente na capital federal agrava a crise gerada com o depoimento de Pessoa. Em encontro que contou com a presença do presidente em exercício, Michel Temer, e Mercadante, os governistas avaliaram que o encontro de Lula com deputados e senadores do PT, nesta segunda-feira à noite, traria mais ruído e acabaria ofuscando a viagem de Dilma aos EUA. “Esse encontro já estava marcado, mas só aumenta a crise”, disse um participante do encontro.

Celulares fora

A reunião do ex-presidente com as bancadas do PT da Câmara e do Senado tinha como um dos principais objetivos articular a reação política à investigação da Polícia Federal. Reclamando, segundo pessoas próximas, que o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) não controla a PF, Lula passou a atacar, nas últimas duas semanas, o governo Dilma e a criticar também o PT, que, de acordo com o ex-presidente, envelheceu e “só pensa em cargos”. Na reunião de ontem, Lula exigiu que deputados e senadores petistas deixassem os celulares do lado de fora da sala para evitar vazamentos.

Ministros e interlocutores do Planalto também consideraram um equívoco a estratégia adotada pela própria presidente Dilma de colocar o ministro da Justiça no foco da crise gerada pelo depoimento de Pessoa, ao participar da entrevista dos ministros Edinho Silva (Comunicação) e Mercadante no último sábado. Na ocasião, ambos se defenderam das acusações de que receberam recursos ilegais do empreiteiro e de que as doações foram feitas para a manutenção de contratos das empresas de Pessoa com a Petrobras.

Após confidenciar a aliados estar cansado de não ser ouvido por Dilma nem ser defendido pelo governo ao ter seu nome ligado a empreiteiras investigadas pela Lava Jato, Lula passou a articular o contra-ataque por conta própria.

Na segunda, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, garantiu que as críticas feitas por Lula não causaram mal-estar no governo. “Essas críticas são recorrentes na história do PT. O PT vive de momentos críticos e ele se alimenta para continuar se renovando e construindo sua trajetória. Há 35 anos é assim, não é novidade. Nós temos que saber conviver com isso com tranquilidade.”

Berzoini ainda destacou a importância do ex-presidente para o PT. “O ex-presidente Lula é sempre muito bem-vindo para dialogar com os parlamentares, para dialogar com os movimentos sociais. É uma liderança inquestionável e que tem muita coisa a conversar conosco”, afirmou.

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