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Eduardo Cunha com Renan Calheiros: presidente do Senado aderiu à confrontação ao governo liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados. | Ueslei Marcelino/Reuters
Eduardo Cunha com Renan Calheiros: presidente do Senado aderiu à confrontação ao governo liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O PMDB sempre teve planos de poder, mas nunca teve uma liderança que unificasse o partido. O Eduardo Cunha está mudando essa história.

Osmar Serraglio (PMDB), deputado.

As manifestações que levaram quase dois milhões de pessoas às ruas contra a presidente Dilma Rousseff (PT) tiveram pelo menos um efeito prático na política brasileira ao longo das duas últimas semanas: catalisaram o poder do PMDB.

Antes considerado como maior aliado do governo no Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aderiu à confrontação liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Como não ocorria desde o impeachment de Fernando Collor, o Legislativo voltou a liderar a agenda nacional.

Nem a presença de Cunha e Calheiros na lista de investigados pelo Supremo Tribunal Federal pelo escândalo de corrupção na Petrobras diminuiu o ímpeto dos peemedebistas. A concentração repentina de poder esvaziou até a polêmica sobre um possível impeachment de Dilma. “Sinceramente? Acho que o PMDB é mais forte do jeito que está”, diz o deputado federal João Arruda, um dos paranaenses próximos a Cunha.

Por outro lado, o cenário estimulou a legenda a sonhar com uma candidatura competitiva ao Palácio do Planalto em 2018. Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente da Câmara declarou que apoia a indicação do atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, à Presidência. Mas deixou uma porta aberta à interpretação de que ele também poderia ser o nome escolhido.

“Uma guerra por dia”

Enquanto as eleições não chegam, o partido fomenta o clima de “uma guerra por dia” contra Dilma. Três dias depois dos protestos, o ministro da Educação, Cid Gomes, foi prestar esclarecimentos sobre uma declaração de que haveria “300 a 400 achacadores” na Câmara Federal e acabou se desentendendo ainda mais com os deputados. A demissão dele foi anunciada logo depois, por Cunha.

Já no dia 24, a Câmara aprovou projeto que regulamenta uma lei, sancionada no ano passado, que troca o indexador das dívidas dos estados e municípios. Um dia antes, Dilma havia declarado que não teria condições de aplicar a lei, que o governo ajudou a aprovar, devido à crise econômica. A proposta de regulamentação ainda precisa passar pelo Senado. Renan garantiu que ela será votada rapidamente e que um possível veto de Dilma será derrubado.

No mesmo dia, o senador disse que o ajuste fiscal, prioridade número um da presidente, precisava de mudanças ou não passaria pela Casa. Também fez coro contra o inchaço no número de ministérios de Dilma – embora o PMDB ocupe seis das 39 pastas. “Está na hora do programa ‘Menos Ministérios’; 20 no máximo, menos cargos comissionados, menos desperdício e menos aparelhamento.”

Nos bastidores, porém, Cunha e Renan trabalharam pela nomeação do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Ministério do Turismo, o que está bem perto de acontecer.

Futuro

Na visão do líder da oposição do Senado, Alvaro Dias (PSDB), os peemedebistas não mudaram nem vão mudar a fama de sempre brigar por mais cargos. “Continua a regra de impor dificuldade para vender facilidade, a diferença é que com a presidente em baixa o preço ficou mais alto”, diz.

O deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB) tem uma percepção diferente. “O PMDB sempre teve planos de poder, mas nunca teve uma liderança que unificasse o partido. O Eduardo Cunha está mudando essa história”, avalia.

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