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Irmãos Luz eram ligados principalmente à Diretoria Internacional da Petrobras | VANDERLEI ALMEIDA/AFP
Irmãos Luz eram ligados principalmente à Diretoria Internacional da Petrobras| Foto: VANDERLEI ALMEIDA/AFP

Dois operadores do esquema de corrupção na Petrobras tiveram a prisão preventiva decretada na Operação Blackout, deflagrada nesta quinta-feira (23) pela Polícia Federal (PF). Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho, respectivamente, estão fora do país e são considerados foragidos pela corporação. Os dois são operadores ligados principalmente à Diretoria Internacional da Petrobras, que era comandada pelo ex-diretor Nestor Cerveró e fazia parte da “cota” do PMDB do governo federal.

No pedido de prisão, o Ministério Público Federal (MPF) aponta que os dois “atuaram de forma sistemática e profissional na intermediação de propina de contratos da Petrobras”. A atuação, inclusive, não é recente. Segundo os procuradores, a dupla movimentou US$ 40 milhões nos últimos dez anos, mas Jorge Luz atua na Petrobras desde 1986, pelo menos.

Engenheiro, empresário e lobista, Jorge Luz é considerado pelos investigadores o “operador dos operadores” do esquema. Ele teria sido o “padrinho” do lobista Fernando Soares na Petrobras e no meio político. Segundo depoimentos em colaboração premiada de Paulo Roberto Costa, Jorge Luz é lobista dentro da Petrobras “desde sempre”. Ele também aparece como intermediador de propinas na Eletronuclear.

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Ligação com PMDB

Pai e filho são considerados pelo MPF como operadores do PMDB no esquema. Segundo o procurador da República Diogo Castor de Mattos, os dois eram responsáveis por repasses de propina para a bancada do partido no Senado. Os pagamentos, inclusive, envolvem senadores em exercício, com prerrogativa de foro.

O senador e ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou a emitir uma nota nessa quinta-feira para esclarecer que, apesar de conhecer Jorge Luz, não o vê há pelo menos 25 anos. Anteriormente, o senador disse que não via o operador há dez anos, mas a informação foi corrigida em seguida. O senador afirmou ainda que não “a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero”.

A ligação de Jorge Luz com o PMDB vem da época da ditadura, quando trabalhou na Companhia Telefônica Brasileira (CTB), atualmente incorporada a Oi. Começou a fazer contatos políticos no Pará, sua terra natal, onde conheceu o senador Jader Barbalho (PMDB) e acabou atuando como braço direito do político quando ele foi governador do estado.

Petrobras

O lobby na Petrobras teria começado em 1986, no governo do então presidente da República José Sarney, segundo a delação de Paulo Roberto Costa. Luz também foi próximo do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTC-AL), chegando a indicar ministros para o governo e a ceder aeronave para campanha presidencial.

Na Petrobras, era próximo ao ex-diretor Nestor Cerveró e o carro de Jorge Luz ocupou por muitos anos a vaga destinada a diretores no prédio da estatal. Também foi um dos articuladores para a obtenção do apoio do PMDB para a manutenção de Costa na Diretoria de Abastecimento, depois que o ex-diretor enfrentou problemas de saúde e quase foi substituído.

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De acordo com o Ministério Público Federal, Jorge Luz e Bruno Luz “possuem estreita relação” com o operador do PMDB João Henriques. Bruno, inclusive, é sócio do filho de Henriques em uma empresa usada na Lava Jato.

Para o MPF, pai e filho são profissionais do crime. “Desses fatos, depreende-se que não existe registro de atividade lícita exercida por Jorge Luz e Bruno Luz. Pelo contrário, ambos operavam propina de contratos da Petrobras em conjunto em contas em nome de empresas offshore, figurando em algumas ocasiões Jorge Luz e Bruno Luz como beneficiários finais das contas”, afirmam os procuradores no pedido de prisão.

PT

Jorge Luz também tem ligações com políticos do PT. Em 2010 e em 2011, o operador viajou no mesmo avião para Miami com o deputado Vander Loubet (PT-MS). Jorge Luz, Loubet e o ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) são investigados no mesmo inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Vaccarezza, segundo as investigações, teria recebido propina de R$ 400 mil por contrato de importação de asfalto entre a Petrobras e a empresa norte-americana Sargeant Marine, fechado por intermédio de Luz. Loubet, segundo a Procuradoria-Geral da República, atuava em conjunto com Vaccarezza no esquema.

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