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José Carlos Aleluia (DEM-BA) foi um dos escalados para rebater o discurso do governo. | Agência Câmara
José Carlos Aleluia (DEM-BA) foi um dos escalados para rebater o discurso do governo.| Foto: Agência Câmara

Para evitar que “o mundo escute a versão errada do que está acontecendo no Brasil”, a Câmara custeou a viagem de dois deputados para Nova York.

Segundo Luiz Lauro Filho (PSB-SP), ele e José Carlos Aleluia (DEM-BA) terão a missão de se contrapor a Dilma Rousseff, que planeja usar parte de seu discurso de até cinco minutos numa conferência da ONU, nesta sexta (22), para se dizer vítima de um “golpe de Estado”.

“Fomos informados que a presidente, até de forma errônea a meu ver, pegaria o tempo dela numa convenção para falar de acordo climático [Acordo de Paris] para mais uma vez tentar dizer ao mundo que seu processo de impeachment é um golpe. Não é, ela teve amplo direito de defesa. Dilma tem batido nessa tecla de maneira insistente e chata”, diz o deputado paulista à reportagem.

Presidente do DEM baiano, Aleluia espera que a presença da dupla “iniba” Dilma. “Se ela não tratar do assunto [na ONU], estará respeitando as instituições brasileiras.”

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A reportagem apurou com um assessor presidencial que a mandatária evitará um “discurso panfletário” e colocará a mudança climática no centro de seu discurso, mas planeja inserir citações “elegantes e sutis” sobre sua situação política.

Aleluia argumenta: “Se fosse golpe para colocar o vice no poder, como a presidente viajaria para entregar o cargo a ele? Ela mesma dá prova de que é um processo constitucional”, afirma, lembrando que Michel Temer está como presidente interino até Dilma voltar de viagem.

Segundo Aleluia, o ex-chanceler Antonio Patriota, atual representante brasileiro na Organização das Nações Unidas, tem “criado todo tipo de dificuldade” para lhes conseguir “a credencial que queremos”.

“A que ele nos oferece [que daria direito a circular pela ONU] não nos satisfaz”, diz. A reportagem não conseguiu contato com o diplomata.

Lauro Filho ainda não sabe como será a dinâmica na sexta. “Confesso a você que nunca participei de um evento desses, não sei qual é a possibilidade de contar a nossa versão”, afirma o parlamentar, que aponta sua “fluência em inglês” como um dos fatores que o levou a ser enviado aos EUA por sua bancada.

O deputado conta que a dupla está hospedada no Marriot East Side, onde a diária do quarto mais simples custa US$ 166 (R$ 590), segundo o site do hotel. Eles terão “entre US$ 300 e US$ 400” por dia para bancar despesas na cidade.

Na ida, vieram de classe executiva. Como a viagem era curta, “ninguém aguenta” classe econômica, afirma Aleluia. Chegaram na quinta (21) e ficarão até domingo (24), um dia após a volta da presidente ao Brasil.

Não serão os únicos brasileiros à espera de Dilma na ONU: um grupo contrário ao impeachment pretende fazer um ato às portas da conferência. Pedem que os participantes usem branco e levem flores.

Na quarta (20), num show de Caetano Veloso e Gilberto Gil na cidade, um grupo gritou “não vai ter golpe!” (os músicos não reagiram). Quando tocaram “Odeio Você”, veio da plateia o grito do nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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