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O Grupo Pão de Açúcar vai realizar uma investigação interna para apurar se houve algum pagamento ao escritório de advocacia de Márcio Thomaz Bastos, e indiretamente ao ex-ministro Antonio Palocci, e em que condições o desembolso foi feito. A decisão foi tomada em reunião do Conselho de Administração, que alegou não ter conhecimento sobre os R$ 3,5 milhões que, segundo a revista “Época”, foram direcionados do escritório de advocacia ao ex-ministro em 2010, quando Palocci era coordenador da campanha da presidente Dilma Rousseff.

A companhia não informou o prazo para o término das investigações, mas acrescentou que a conclusão da apuração será informada ao mercado. A empresa afirma ainda que quando os fatos relatados na reportagem ocorreram, em 2010, o controlador do grupo era outro - até 2012, o empresário Abílio Diniz fazia parte do grupo de controle do Grupo Pão de Açúcar. “Até a publicação da matéria o Conselho de Administração não tinha informação sobre a existência dos pagamentos nela referidos, que teriam sido efetuados antes da aquisição do controle da Companhia pelo Grupo Casino, ocorrida em julho de 2012”, diz a nota enviada pela empresa.

Os pagamentos, feitos em 11 parcelas, teriam sido feitos pelo escritório de Márcio Thomaz Bastos, morto no ano passado. Segundo a reportagem, os advogados de Palocci e do escritório alegam que os valores referem-se aos serviços prestados por Palocci durante a aquisição das Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, mas fontes da Estáter, que formalmente assessorou o negócio, desconhecem a participação do ex-ministro.

“Em razão disso, o Conselho de Administração reuniu-se nesta data e deliberou por unanimidade solicitar ao Comitê de Auditoria que dê início a uma investigação sobre a suposta existência e a origem dos pagamentos realizados, caso se verifique que ocorreram; ) os serviços que a eles corresponderam; e a cadeia de aprovações de tais pagamentos”, informou o Pão de Açúcar.

A reportagem da “Época” relata uma série de pagamentos à consultoria do ex-ministro, a Projeto, em 2010, ano em que ele foi um dos coordenadores da campanha da presidente Dilma Rousseff. O Ministério Público Federal (MPF) considera os R$ 12 milhões recebidos pela consultoria como suspeitos.

Procurado no sábado, a assessoria de imprensa de Palocci afirmou que a Projeto prestou serviços de consultoria às três empresas citadas na reportagem e que os documentos sobre essas parcerias já foram disponibilizados ao MPF “em procedimento próprio, que se reveste de caráter sigiloso, e em nada tem a ver com a Operação Lava Jato”.

Sobre a consultoria prestada ao Grupo Pão de Açúcar, o ex-ministro lembra que todos os esclarecimentos já foram prestados ao MPF em 2011 e que as investigações foram arquivadas. Em relação aos serviços prestados à JBS, a nota rebate a informação da revista de que o pagamento de R$ 2 milhões estaria relacionado ao repasse de verbas do BNDES para a compra da Pilgrims Pride. Palocci descarta essa possibilidade ao afirmar que cinco das seis parcelas recebidas do frigorífico ocorreram antes da assinatura do contrato com o BNDES. Procurado, a JBS não retornou as tentativas de contato para prestar esclarecimentos.

Também houve R$ 4,5 milhões destinados da rede de concessionária Caoa às contas da empresa de Palocci. A assessoria da Caoa confirmou que contratou serviços de consultoria da Projeto por duas vezes. “Informamos que a Projeto prestou consultoria para a Caoa em dois períodos de 2008 a 2010 e 2012 a 2013 nas áreas de planejamento estratégico, econômico, financeiro e relações internacionais”, diz a nota da empresa.

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